Cristiana Pasca Palmer || Secretaria Executiva Secretaria da Convenção sobre Diversidade Biológica
Se você está em Nova York, Nairóbi ou Nagoya é provável que tenha acesso a uma variedade maior de alimentos do que seus pais ou seus avós fizeram. Mas mesmo quando as ofertas se tornam mais diversificadas, a dieta global como um todo – o que as pessoas realmente comem – está se tornando mais homogênea, e isso é uma coisa perigosa.
As celebrações deste ano do Dia Internacional da Diversidade Biológica, em 22 de Maio de 2019, enfocam a biodiversidade como a base para a nossa alimentação e saúde e um catalisador chave para transformar os sistemas alimentares e melhorar a saúde humana. O tema visa alavancar o conhecimento e difundir a consciência da dependência de nossos sistemas alimentares, nutrição e saúde na biodiversidade e nos ecossistemas saudáveis. O tema também celebra a diversidade proporcionada por nossos sistemas naturais para a existência humana e bem-estar na Terra, enquanto contribui para outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo mitigação e adaptação às mudanças climáticas, restauração de ecossistemas, água mais limpa e fome zero, entre outros.
Nos últimos 100 anos, mais de 90% das variedades de culturas desapareceram dos campos dos agricultores. Metade das raças de muitos animais domésticos foi perdida, e todas as 17 principais áreas de pesca do mundo estão agora sendo pescadas em ou acima de seus limites sustentáveis. Sistemas locais de produção de alimentos variados estão sob ameaça, incluindo o conhecimento indígena, tradicional e local relacionado. Com esse declínio, a agrobiodiversidade está desaparecendo e também o conhecimento essencial da medicina tradicional e dos alimentos locais. A perda de diversas dietas está diretamente ligada a doenças ou fatores de risco à saúde, como diabetes, obesidade e desnutrição, e tem impacto direto na disponibilidade de medicamentos tradicionais.
Decisões da 14ª reunião da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CBD COP 14), juntamente com relatórios sobre biodiversidade e saúde, fornecem recomendações. Além disso, a Comissão EAT Lancet publicou recentemente descobertas sobre o nexo biodiversidade saúde-nutrição-sistemas alimentares, que descrevem o que constitui uma dieta saudável a partir de uma perspectiva de sistemas alimentares sustentáveis e quais ações podem apoiar e acelerar a transformação de sistemas alimentares em benefício biodiversidade.
As ligações entre a biodiversidade, os ecossistemas e a provisão de benefícios para a saúde humana estão profundamente enraizadas no Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020. Eles são centrais em nossa agenda comum para o desenvolvimento sustentável. Esse foco no nexo entre biodiversidade, sistemas alimentares e saúde oferece uma oportunidade para gerar discussões sobre formas de apoiar o processo pós-2020 para uma estrutura global de biodiversidade e ajudar a “dobrar a curva da perda de biodiversidade até 2030”. A este respeito, a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, juntamente com uma série de parceiros, incluindo a OMS, FAO, UNICEF, UNESCO, assim como outras entidades como a EAT Foundation e a Food and Land Use Coalition (FOLU), trabalham em conjunto para identificar ações transformadoras, através de sistemas alimentares globais, para avançar no apoio à biodiversidade, clima,
Convido os Pontos Focais Nacionais a manter o Secretariado informado sobre seus planos e atividades nacionais para celebrar o Dia Internacional da Diversidade Biológica 2019 – “Nossa Biodiversidade, Nossa Alimentação, Nossa Saúde”, bem como convidar organizações a também compartilhar suas atividades para que possam ser incluído nas páginas especiais do site da Convenção, dedicado a essas celebrações em todo o mundo (www.cbd.int/idb/2019).
