Simone Dettling || Líder do grupo bancário PNUMA Finance Initiative (UNEP FI)
Em um grande impulso à ação climática e à sustentabilidade, os principais bancos e as Nações Unidas lançaram recentemente os “Princípios para um Banco Responsável”, com 130 bancos que coletivamente detêm US$ 47 trilhões em ativos, ou um terço do setor bancário global.
Nos Princípios, lançados antes da Cúpula de Ação Climática da ONU em Nova York, os bancos se comprometeram em alinhar estrategicamente seus negócios aos objetivos do Acordo de Paris e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e aumentaram massivamente sua contribuição para a conquista de ambos. Ao assinar os Princípios, os bancos disseram acreditar que seus clientes e empresas prosperam “somente numa sociedade inclusiva fundada na dignidade humana, na igualdade e no uso sustentável dos recursos naturais”.
Com os líderes globais reunidos em Nova York para compartilhar as ações que estão tomando no sentido de atingir os ODS e enfrentar as mudanças climáticas, o Secretário Geral da ONU, António Guterres, disse perante 130 Signatários Fundadores e mais de 45 dos seus CEOs, que “os Princípios da ONU para Bancos Responsáveis são um guia para o setor bancário global responder, impulsionar e se beneficiar de uma economia de desenvolvimento sustentável. Os Princípios criam a prestação de contas que pode assumir responsabilidade e a ambição que pode conduzir à ação”.
Os Princípios são apoiados por uma forte estrutura de implementação que define responsabilidades claras e exige que cada banco trabalhe em direção a metas ambiciosas. Ao criar uma estrutura comum que orienta os bancos no crescimento de seus negócios e na redução de riscos, apoiando a transformação econômica e social necessária para um futuro sustentável, os Princípios abrem o caminho para a transformação de um setor bancário sustentável. Embora as ações sobre mudança climática estejam crescendo, ainda está muito aquém do necessário para atingir a meta de 1,5°C do Acordo de Paris. Enquanto isso, a biodiversidade continua a declinar a taxas alarmantes e a poluição mata milhões de vidas a cada ano.
É necessário mais ambição, apoiada por uma mudança radical no investimento do setor privado, para enfrentar esses desafios e garantir que a humanidade viva de uma maneira que garanta uma parcela equitativa dos recursos dentro dos limites do Planeta. Os setores bancário e privado podem se beneficiar do que investem em apoiar essa transição. Estima-se que abordar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável poderia desbloquear anualmente US$ 12 trilhões na economia e criar 380 milhões de empregos a mais até 2030.
“Para transitar para economias de baixo carbono e resilientes ao clima que apoiam os objetivos do Acordo de Paris, é necessário um investimento adicional de pelo menos US$ 60 trilhões a partir de agora até 2050. Como o setor bancário fornece mais de 90 por cento do financiamento nos países em desenvolvimento e mais de dois terços no mundo, os Princípios para um Banco Responsável são um passo crucial para atender aos requisitos mundiais de financiamento ao desenvolvimento sustentável”, disse Christiana Figueres, Convocadora da Missão 2020, que é considerada como a arquiteta do Acordo de Paris quando desempenhou o cargo de Secretária Executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
“Um sistema bancário que planeja os riscos associados às mudanças climáticas e outros desafios ambientais pode não apenas conduzir a transição para economias de baixo carbono e resilientes ao clima, mas também pode se beneficiar. Quando o sistema financeiro transfere seu capital de investimentos marrons e famintos por recursos para aqueles que apoiam a natureza como solução, todos ganham a longo prazo”, disse Inger Andersen, Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Os Princípios para um Banco Responsável foram desenvolvidos por um grupo de 30 Bancos Fundadores por meio de uma parceria global inovadora entre os bancos e a PNUMA Finance Initiative (UNEP FI). O UNEP FI é a colaboração do setor privado da ONU, que tem como membros mais de 240 instituições financeiras em todo o mundo.