Márcia Régis | Redação Eco21 |
Um acidente evolutivo tornou uma diminuta espécie de sapo do Brasil incapaz de saltar como fazem a maioria dos anfíbios.
Sapos são capazes de pular por causa da combinação de fluido e penugem encontrados no ouvido interno, os quais auxiliam o cérebro de vertebrados a interpretar a posição do indivíduo no espaço e gerar o senso de equilíbrio. Apesar desse mecanismo ter evoluído a milhares de anos, algumas espécies não fazem mais bom uso dele.
É o que aconteceu com os sapos-abóbora, da especie Brachycephalus ferruginus, aqui no Brasil. O ouvido interno deles evoluiu para um tamanho tão diminuto que perdeu espaço suficiente para o sinal vestibular que mantem os anfíbios equilibrados no momento em que saltam no espaço.
A constatação foi divulgada em junho por cientistas na revista Science Advances.
Algumas espécies congelam o movimento quando saltam para fugir de predadores, a fim de dar a ilusão de serem uma folha voando. Depois, os sapos se mantem imóveis após aterrissarem. Mas, os cientistas observaram que isso não é o que acontece com os Brachycephalus. Embora os sapinhos não fiquem em pé rapidamente, eles se movem assim que alcançam o solo, como vemos nesse video. Mais ainda, os Brachycephalus são bastante coloridos e não possuem a camuflagem similar a folhas, o que indica que o jeito desajeitado de saltar tem mais relação com a falta de equilíbrio do que com uma estratégia para evitar os predadores.