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Verão de 2022 no hemisfério norte

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Arthur Soffiati

Mais um verão de temperaturas recordes chega ao hemisfério norte, mas estamos envolvidos demais com a guerra na Ucrânia, com os preços dos combustíveis fósseis, com o avanço de forças antidemocráticas para aquilatar devidamente a guerra que travamos contra a natureza e que, inevitavelmente, perderemos.

Mas encontro dificuldades para obter informações a seu respeito. Os jornais continuam sendo nacionais, quando muito, num mundo globalizado. Eles, os jornais, entendem ainda que os acontecimentos locais não têm conexões com o global. Nosso espírito ainda é paroquial e nacional. Fica difícil pensar no mundo.

Para uma avaliação equilibrada dos recordes de temperatura no hemisfério norte, seria necessário ler jornais de cada país afetado, pois não contamos ainda com um jornal da globalização. Se leio um jornal português, tenho a impressão de que só Portugal está ameaçado por uma onda de incêndios. Que o grande fogo de Pedrógão, em 2017, pode se repetir em todo o país. Se leio um jornal da Galícia, parece que só o território galego está ameaçado. Se leio um jornal do oeste norte-americano, parece que só a Califórnia pega fogo.

A Europa está cada vez mais quente, sobretudo na orla do Mediterrâneo. Ventos quentes e secos estão ressecando as penínsulas do sul europeu. Ao lado dessas altas temperaturas secas, os rios estão barrados e perdendo vazão, as florestas estão cada vez mais escassas. A umidade do solo está se reduzindo a cada ano, a despeito de chuvas torrenciais. Os animais silvestres e domésticos sofrem estresse. O abastecimento público de água está comprometido. É muita demanda sobre os rios. Eles não atendem mais às necessidades crescentes. 

É uma guerra? Sim, é uma guerra, mas a maioria da sociedade, os empresários e os governos continuam agindo só nos momentos críticos. Alguns até podem pensar que o problema é estrutural e exige transformações profundas, mas continuamos apenas a apagar incêndios, agravando progressivamente a crise ambiental global da nossa época – o Holoceno.

Numa avaliação que tenta ser equilibrada, o mundo está melhor e pior do que há cem anos. Por um lado, a tecnologia e a medicina (só tomando dois exemplos) alcançaram patamares notáveis e vão continuar avançando. Por outro lado, a população mundial chegou a oito bilhões de habitantes. Não se trata de ser malthusiano, mas o crescimento se opera mais para o lado da pobreza e da miséria que para o lado da riqueza. A área florestal do mundo é menor. A diversidade biológica está mais pobre. A poluição generalizou-se. Os alimentos estão contaminados e mal distribuídos. O mundo está mais vulnerável a pandemias. As cidades se conurbaram e tendem a se transformar numa ecumenópolis. O mar foi transformado num caldo de plástico e está mais ácido. As temperaturas estão mais altas. As mudanças climáticas se traduzem em chuvas torrenciais ou em estiagens ingentes.

A humanidade não deve se extinguir, mas viverá um tempo de angústia severa. Enquanto isso, o fogo ameaça o hemisfério norte, no verão, e o hemisfério sul, no inverno.

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