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Fórum “Rio de Janeiro: Capital dos Empregos Verdes” debateu oportunidades da transição energética no Planetário do Rio

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A transição energética no contexto da emergência climática, com o aquecimento global, é uma realidade. A opção por matrizes menos poluentes, além de preservar o meio ambiente, também produzirá novas oportunidades de emprego. Essas foram algumas das constatações centrais do Fórum “Rio de Janeiro: Capital dos Empregos Verdes”, promovido ontem, dia 29 de junho, pela Secretaria Municipal de Trabalho e Renda (SMTE) do Rio de Janeiro, em parceria com o Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL) do Instituto de Economia da UFRJ, no Planetário do Rio, na Gávea. O evento teve quatro eixos temáticos: “Os caminhos da transição energética”, “A transformação criativa”, “Energia solar e geração de oportunidades” e “As demandas do mercado de trabalho na transição energética”. Ao final do Fórum, Everton Gomes, secretário municipal de Trabalho e Renda do Rio, anunciou a criação do Acelerador de Empregos Verdes, um ambiente de fomento à inovação em negócios verdes que será instalado no Planetário do Rio, projeto que está fase de finalização. Coworking, mentorias e ações de capacitação promoverão a integração e o amparo a atividades que gerem empregos verdes.


Na abertura do Fórum, o secretário municipal de Trabalho e Renda do Rio elogiou o empenho da Prefeitura do Rio no protagonismo do debate sobre a transição energética: “O mundo passa hoje por uma série de transformações impulsionadas pela emergência climática, que impõe um novo modelo de desenvolvimento para todos nós. As condições de habitação sobre a Terra vão se tornar cada vez mais difíceis se nós não fizermos a transição. Vamos construir cidades mais seguras e eficientes, promovendo uma transição justa, que abarque as massas de trabalhadores que por conta dessas transformações vão ser excluídos”, alertou, destacando os esforços do prefeito Eduardo Paes nesse sentido.
Nina Albuquerque, coordenadora do Observatório Carioca do Trabalho da SMTE, explicou aos presentes o conceito de empregos verdes, que são tema do próximo relatório do Observatório, que será lançado em breve. Nina também analisou as oportunidades do cooperativismo e da economia comunitária, dois braços da sustentabilidade na geração de renda no contexto de relações de trabalho diversificadas.

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“Os caminhos da transição energética” foi moderado por Nivalde Castro, coordenador do GESEL, que levantou a possibilidade do Rio de Janeiro se tornar não apenas a capital dos empregos verdes, “mas a capital da transição energética”. “Teremos que converter toda a matriz energética da produção de bens e serviços que usam recursos não-renováveis, que são emissores de gastos de efeito estufa, que provocam o aquecimento global, para uma sociedade verde. É o desafio mais instigante que a humanidade passa”, diagnosticou. Giovani Machado, diretor de Estudos Econômicos e Energéticos da Empresa de Pesquisa Energética, destrinchou os três “Ds” da transição energética: descarbonização, descentralização e digitalização, e lembrou que o Brasil já possui 47,% da sua matriz energética renovável (hidráulica, biomassa, eólica, solar, etc). Ele defendeu uma “neoindustrialização”, com foco na descarbonização.


Alexandre Siciliano, chefe do departamento de Transição Energética e Clima do BNDES, explicou atuação do banco no financiamento às fontes renováveis. Ele lembrou que só a energia eólica gera 4 mil empregos industriais diretos no país. Luciano Paez, secretário municipal do Clima de Niterói, apresentou o Programa Social de Neutralização de Carbono. Um projeto piloto na comunidade da Igrejinha beneficia 300 domicílios e 1000 moradores, que foram capacitados para a sustentabilidade. “Cada família recebe metas de redução de carbono: resíduo, água e energia. A partir do monitoramento pela Enel, Águas de Niterói e companhia de limpeza, as famílias poderão receber de R$ 250 a 700 via a principal transferência de renda, que é a moeda Araribóia Clima”, explicou.


O segundo painel da manhã, a “Transformação Criativa”, recebeu Regina Tchelly, fundadora da Favela Orgânica, que combate o desperdício e a fome, com aproveitamento integral dos alimentos, “ensinando a multiplicar a comida com o que se tem”, promove a educação financeira nas comunidades do Rio e aprendizado sobre devolução dos alimentos para a terra, via compostagem. Lucas Chiabi, fundador do Ciclo Orgânico, lembrou que há produção de 10 mil toneladas de resíduos por dia no Rio. Segundo ele, 52% do lixo gerado na cidade são formados por resíduos orgânicos, próprios para a compostagem. Sua empresa transforma esses resíduos em adubo a partir da coleta em diversas regiões da cidade. Já foram produzidas 1033 toneladas de composto pela iniciativa, com benefício a mais de 13.500 pessoas. Roberta Souza, representando o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), abordou o papel dos catadores de resíduos como trabalhadores verdes, e defendeu um olhar específico para as demandas desses profissionais. Ela trouxe dados da realidade dos catadores, que revelam que 50% dos catadores organizados em cooperativas do Rio recebem entre 1 e 2 salários mínimos, enquanto 70% dos catadores autônomos recebem menos de 1 salário mínimo, uma mostra da eficácia do cooperativismo.


No painel “Energia Solar e Geração de Oportunidades”, com mediação do economista Sergio Besserman, coordenador estratégico do Climate Reality Brasil, o especialista alertou para os riscos do aquecimento global, cuja influência da ação humana inaugurou uma nova era geológica, o “antropoceno”, impondo desafios em prol da sustentabilidade a todos os seres humanos. Willian Willis, diretor do Centro Brasil no Clima, defendeu a capacitação de mão de obra, “porque precisaremos de muitos milhares de trabalhadores, até milhões, para a transição energética”. Ele lembrou as metas assumidas pelo Brasil em 2005 em prol da redução de gases do efeito estufa, no Acordo de Paris, cujas primeiras metas (reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005) devem ser cumpridas até 2025. Camila Nascimento, diretora regional da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, apresentou as potencialidades do uso da energia solar no Rio, 8ª cidade brasileira com maior capacidade instalada. Ela lembrou que o setor solar fotovoltaico já gerou mais de 918 mil empregos no Brasil desde 2012. Já Eduardo Varella Ávila, diretor executivo da Revusolar, apresentou o projeto da usina de energia solar no morro Babilônia, no Leme, que beneficia 34 famílias.. Ele defendeu o combate à pobreza energética e a iniciativa da inclusão da energia solar no Programa Minha Casa Minha Vida, que beneficiará 2 milhões de residências de baixa renda. “Chegou a hora de a gente fazer um modelo que chegue para os 90% da população brasileira que são as classes C, D e E”, sustentou. Vinicius Crespo, diretor executivo do Instituto Fecomercio de Sustentabilidade, mostrou a importância da instituição na capacitação para a geração de empregos verdes, parabenizando o compromisso da Prefeitura do Rio com a sustentabilidade: “O Rio de Janeiro sempre foi a vanguarda de políticas ambientais, e isso tem sido retomado”, ressaltou.


No painel final do Fórum, “As demandas do mercado de trabalho na transição energética”, mediado pela secretária municipal de Ciência e Tecnologia, Tatiana Roque, o presidente da Enel Brasil, concessionária de energia elétrica em diversos municípios do estado, Nicola Cotugno, e o presidente da Rio + Saneamento, que opera na zona oeste da cidade, Leonardo Righetto, abordaram o compromisso de suas empresas com ações de transição energética e sustentabilidade. “Defendemos a transição energética para que seja rápida, efetiva, possa dar retorno ao país e à sociedade, e transformar o desafio em uma grande oportunidade”, comentou, lembrando também a iniciativa da Enel de inclusão nas ações de empregabilidade, com a formação de uma turma de eletricistas 100% feminina. Cotugno abordou a ênfase da Rio + Saneamento na contratação de trabalhadores oriundos das regiões cobertas pelos serviços da empresa, especialmente moradores das favelas da zona oeste. Atualmente, a Rio + Saneamento gera mil empregos diretos na cidade, e tem planos de expansão para beneficiar direta e indiretamente 5 mil trabalhadores.

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