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Mulheres indígenas e brigadistas voluntários mapeiam e reflorestam margens de igarapés no Maranhão

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‘O projeto “Mãe D’água: das nascentes para reflorestar mentes” uniu o grupo de mulheres indígenas Wiriri Kuzá Wá e a Brigada Voluntária Indígena na terra indígena Rio Panderé, no Maranhão, para mapear nascentes de igarapés e reflorestar as áreas com 80 mudas nativas. O objetivo comum do projeto é, através dessas ações, retomar práticas ancestrais, que anciãs e anciões guardam na memória sobre a riqueza de nascentes e florestas.

O grupo no total é formado por 50 mulheres Wiriri e 15 homens brigadistas. Em abril, eles partiram em excursões na mata das aldeias Januária, Piçarra Preta, Novo Planeta e Guarimã, e identificaram os locais para plantio. Em dois dias, foram visitadas cinco pontos prioritários e deslocando-se de barco pelo rio ou em caminhada por babaçuais, depois as áreas eram qualificadas e marcadas por GPS, acompanhado pelo plantio de mudas de juçara e cupuaçu. 

Foto: Robert Miller/Acervo ISPN

A líder indígena local e integrante da Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (AMIMA),  Vanussa Viana Guajajara relata que participar das excurões foi um momento de reconexão com a natureza, um preenchimento na memória das histórias contadas pelos mais velhos sobre a região. “É uma parte da história que estava faltando, um vácuo que precisava ser preenchido”, diz Vanussa, que também é acadêmica pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), agricultora e pescadora artesanal. “Sentimos a necessidade desse vínculo, é uma carga de energia que não pode ser explicada, mas é sentida por cada um que compartilha desses momentos.”

O resgate ancestral é uma parte fundamental do prijeto. A agente de saúde Eloide Rodrigues Guajajara conta que ouviu histórias sobre os lugares e agora deseja repassar suas próprias para os seus filhos e netos. “Vi esses lugares quando criança, mas são poucas as lembranças. A luta para preservar nosso território vem desde a minha mãe, foi uma luta da minha vó e é uma luta que vem antes delas”, relata. “Quero mais tarde poder mostrar para os meus filhos e netos, quero deixar minha história e que as pessoas digam ‘Ela sempre esteve nessa luta, ela sempre esteve aqui’, quero mostrar para eles nossa luta indígena. Para isso, temos que partir para as atividades de reflorestar aquilo que foi perdido”, 

Foto: Robert Miller/Acervo ISPN

A ação vai de encontro com o cenário apresentado pelos dados sobre o desmatamento no Maranhão. Segundo o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) 2023 do MapBiomas, o estado está em primeiro lugar na perda de vegetação nativa, com uma área que corresponde a mais de 300 mil hectares e um aumento de 95% no desmatamento. 

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