Na COP27, embaixadora do IPAM reafirmou a importância da valorização dos povos originários e suas culturas tradicionais para a preservação da floresta amazônica.
Durante a mesa “A importância da Amazônia e papel da arte e da Cultura na Valorização e Conservação da Região e seus Povos”, realizada no Brazil Climate Action Hub na terça, dia 15, a cantora paraense Fafá de Belém, embaixadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), afirmou que é fundamental que as políticas públicas não vejam os povos da floresta como beneficiários, mas como parte fundamental da preservação da floresta.
Segundo a cantora, para que se consiga encontrar um caminho sustentável para a Amazônia, é essencial se afastar da “caricatura exótica” que estereotipa a região, respeitar as culturas locais e, acima de tudo, incluir no debate as pessoas que vivem na floresta.
“Sempre olham pra nós, mas esse olhar tem que ser no mesmo nível. Não vão ganhar likes com a gente só escrevendo ‘Amazônia’ e ‘povos originários’ em post nas redes sociais. Não importa a qualidade das intenções, sem ouvir os povos se perdem oportunidades. Não queremos caridade, queremos respeito”, disse.
Fafá convidou ao palco mulheres amazônidas como a liderança quilombola do estado do Pará, Erica Monteiro, a escritora e ativista Nilma Bentes e a comunicadora indígena e ativista climática, Samela Sateré Mawé. A cantora destacou que só recuperando a valorização de povos da região é que a floresta pode ser mantida.
“A floresta em pé só é importante se for uma floresta viva, mantendo seus povos originários e seus saberes tradicionais e resgatando nossa autoestima, que foi massacrada por acharem que temos que ser domesticados”, afirmou.
Culturas e ancestralidade amazônida
A nova embaixadora do IPAM também afirmou em seu discurso na conferência do clima a importância da valorização da ancestralidade, herança cultural passada por gerações, para a preservação da Amazônia. Para ela, entender as vivências de povos da floresta é fundamental para entender as culturas e as alternativas para a conservação e recuperação da floresta.
“Ninguém tira o nome de família e coloca o nome da sua cidade só pra fazer graça. Eu fiz isso porque carrego no meu sangue a ancestralidade do meu povo. Sou influenciada por todas as vivências do meu povo. Eu não tenho qualquer informação técnica e nem nunca estudei a Amazônia, mas sou de lá e sei da importância de olharem para nós como somos: um povo que muitas vezes querem nos ensinar como somos”, declarou.
Como parte do esforço de contribuir com a visibilidade de culturas amazônidas e valorizar a ancestralidade de povos da região, o Amazoniar colocou em pauta saberes e modos de vida indígenas no bioma. Iniciativa do IPAM, o Amazoniar tem como objetivo promover um diálogo global sobre a floresta amazônica e sua influência nas relações entre o Brasil e o mundo.
Além de debates temáticos que tiveram como foco a superação de estereótipos sobre saberes tradicionais, o projeto organizou um concurso fotográfico que premiou obras produzidas em territórios amazônicos e que têm como mote a valorização da herança cultural, da biodiversidade, dos esforços de conservação e da geografia da região. As fotografias vencedoras foram exibidas no pavilhão do Brazil Hub durante a COP26, em Glasgow, e podem ser acessadas aqui.
A programação do Brazil Climate Action Hub na COP27 pode ser consultada no site do espaço, que fica na Zona Azul da conferência do clima. Todos os eventos são transmitidos ao vivo com tradução simultânea português-inglês e inglês-português. A conferência ocorre até dia 18 em Sharm El-Sheikh, no Egito.
O IPAM organiza o Brazil Climate Action Hub junto ao iCS (Instituto Clima e Sociedade) e ao Instituto ClimaInfo. Acompanhe a agenda do IPAM na COP27.