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O veneno nosso de cada dia

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Vanilda Souza Marques | Jornalista e ambientalista 

“Em menos de 3 anos de governo, Bolsonaro aprova 1411 agrotóxicos” 

Só em 2021 foram 562 aprovados. Isso é triste e preocupante. Depois da votação do mérito do projeto, o plenário aprovou a urgência de pauta. Logo a seguir, a Câmara chancela o Projeto de Lei 6299/2002, flexibilizando o controle de agrotóxicos no Brasil. Agora, voltará ao Senado, sendo novamente votado. A discussão que se arrasta há 20 anos no Congresso, cuja máxima é a procrastinação, demonstra a falta de compromisso dos 513 deputados e 81 senadores com a nossa saúde. 

Para os ambientalistas este é o “Pacote do Veneno”. Isso por causar câncer, mutações genéticas, alterações hormonais, entre outros males. E o pior: o registro temporário concedido exclusivamente pela pasta da Agricultura ficará ativo até a conclusão da análise. Com o lobby da bancada ruralista e colaboração do Ministério da Agricultura, já sabemos o final desta novela trágica, visto que, caso vire lei, restará à Anvisa e ao Ibama apenas análises dos riscos de tais produtos. Assim vão passando a boiada. 

O cineasta Sílvio Tendler, em seus documentários “O Veneno está na Mesa” e “O Veneno está na Mesa 2” de 2011 e 2014, respectivamente, mostra os malefícios dos agrotóxicos aos produtores, consumidores e ao meio ambiente. Além dos prejuízos à saúde pública, enfoca, no 2, as culturas agroecológicas, sua viabilidade e desmistifica a necessidade de aplicação de grandes quantidades de venenos na agricultura. Filme que nos choca e alerta para os riscos que corremos em nossa alimentação diária. Vale a pena ver! 

Apesar do avanço de 30% em 2020 e este ano, com previsão de 10%, ainda é tímida a agricultura pautada em produtos naturais. Ao todo são 25 mil produtores no país cadastrados na Organis – Associação de Promoção dos Orgânicos. Necessário se faz investimento significativo na produção orgânica já caminhando a passos largos em outros países. E que se ressalte não serem os agrotóxicos – agora chamados pesticidas conforme texto do Congresso a única solução para a agricultura brasileira. 

Apenas para ficarmos em um exemplo destes produtos causadores de efeitos nefastos ao nosso organismo, o glifosato, largamente utilizado na soja, contamina lençóis freáticos, rios e afeta nascimentos, estando associado a 503 mortes infantis/ano, conforme estudos das universidades de Princeton, FGV e Insper. Esse é o pesticida mais popular do Brasil e representa 62% do total utilizado. Como diz Leonardo Boff, grande teólogo e ambientalista, o agrotóxico mata as pragas e o ser humano também. Mais uma vez, ficamos, nós os brasileiros, com o ônus, enquanto a elite fica com o bônus. O agronegócio comemora. Morremos, paulatinamente, pela boca, a cada dia. 

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