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Eventos extremos acontecem na política e no clima

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Lúcia Chayb e René Capriles || Revista Eco21

Cientistas climáticos focados no aquecimento dos polos revelaram que tanto o Continente Antártico quanto o Ártico estão aquecendo muito mais rápido do que previsto e que as temperaturas do ar acima do normal estão gerando, e continuarão a gerar, maciçamente, impactos negativos em todo o mundo. Eles afirmam que as descobertas significam problemas para o Planeta todo se manifestando com grandes incêndios, inundações extraordinárias, furacões com ventos mais de 180 km/hora. Estes eventos extremos estão acontecendo cada vez mais frequentemente tanto nos países ricos quanto nos menos desenvolvidos. Mas, no caso do Brasil, esses eventos extremos também contaminaram a política. Mudanças radicais estão acontecendo de forma vertiginosa no Ministério do Meio Ambiente que hoje registra um processo planejado de desconstrução de uma arquitetura baseada na preservação iniciada no Governo Geisel, em 1973, com o biólogo Paulo Nogueira Neto e continuada pelos Ministros que o sucederam. Em 1º de Janeiro deste ano, graças ao voto anti-PT aconteceu o advento de Jair Messias Bolsonaro e com ele a nomeação de Ricardo Salles para o Ministério do Meio Ambiente.. Salles é um advogado e político diretamente ligado ao agronegócio; teve problemas judicias na sua controvertida passagem pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo durante o Governo Alckmin. Hoje, à frente do MMA, segue a mesma linha, defende desmatadores, mineradoras e garimpeiros. Segundo o IMAZON, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou um aumento de 384 km² de desmatamento na Amazônia Legal entre Agosto de 2018 e Março de 2019 em relação ao período anterior. O número representa um aumento de 24% na destruição das florestas. A maioria (58%) ocorreu em áreas privadas ou em diversos estágios de posse. Ricardo Salles nunca tinha posto os pés na Amazônia e quando se tornou Ministro quis começar visitando uma plantação ilegal de soja dentro da Terra Indígena Utiariti, no Mato Grosso. Sete meses antes da visita, ocorrida em Fevereiro, o IBAMA foi para lá por um motivo totalmente diferente. Eles embargaram 22 mil hectares de plantação de soja transgênica. De acordo com a legislação nacional é ilegal cultivar OGMs dentro de áreas protegidas. A plantação também estava em desacordo com a Constituição, que proíbe que qualquer pessoa, exceto indígenas, trabalhe em terras demarcadas como TI. Bolsonaro quer legalizar tudo isso. Membros do governo defendem que as Terras Indígenas deveriam ser abertas a agricultores e mineradores. São eventos extremos que o Brasil da Era Bolsonaro está gerando para alterar de forma radical a morfologia do movimento ambiental brasileiro. Essa visão destrutiva das leis que protegem o meio ambiente tem a sua origem no Governo Trump quando nomeou para chefe da EPA, a agência ambiental dos EUA, o negacionista Scott Pruitt o advogado e lobista que desmantelou a sólida legislação ambiental do país. Tanto Pruitt quanto Trump cancelaram as leis que protegiam famosos parques nacionais, as reservas naturais permitindo a exploração de petróleo num santuário do mar do Alasca, além de incentivar o uso de agrotóxicos proibidos pela FDA, a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. Esses exemplos foram seguidos, no Brasil, tanto pelo MMA quanto pelo Ministério da Agricultura. Segundo John Scales Avery, químico quântico da Universidade de Copenhague “o problema central que o mundo enfrenta em seus esforços para evitar uma mudança climática catastrófica é o contraste das escalas de tempo. No entanto, o IPCC, em seu relatório de Outubro de 2018, usou uma linguagem forte o suficiente para acordar, pelo menos, parte do público: os jovens, cujo futuro está em jogo”. E acrescenta: “As ações urgentes necessárias para evitar uma mudança climática catastrófica implicam mudanças no estilo de vida, mas não nos tornaremos necessariamente menos felizes. Nós gostamos de ficar em engarrafamentos? Ainda podemos ser felizes quando o uso de automóveis (exceto quando absolutamente necessário) for substituído por bicicletas e transporte público”. Clima e justiça social obrigatoriamente devem ser abordados simultaneamente. Hoje existem bons exemplos, como os dos países escandinavos que, com suas políticas de energia renovável, demonstram que a emergência climática pode ser enfrentada ao mesmo tempo em que se reduz a desigualdade econômica e se fornecem segurança social, assistência médica e educação gratuitas. O aumento das greves escolares pelo clima e as passeatas de grupos de jovens, como o movimento Sunrise, demonstra que a nova geração está cada vez mais preocupada e participativa em relação à mudança climática. Os negacionistas do clima continuam a diminuir nos EUA, segundo pesquisas da Universidade de Yale, na medida em que os seus filhos os convencem sobre a gravidade da atual crise ambiental e demonstram preocupação com o mundo que receberão. Já no Brasil, a cegueira ambiental parece norma a ser seguida no MMA. Por isso tudo, escolhemos para capa desta edição, a simbólica instalação que Lorenzo Quinn fez no Grande Canal de Veneza.

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