Por (Synergia/Envolverde)
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que lidera a comitiva brasileira na COP28, defende que os financiamentos para projetos climáticos também contemplem os povos indígenas.
Durante a marcha dos povos indígenas, nesta terça, 5, em Dubai, a ministra pontuou a importância do protagonismo indígena e defendeu que isso seja levado em conta na hora de distribuir recursos para o combate à crise climática.
“Os povos indígenas, segundo os dados das Nações Unidas, somam apenas 5% da população mundial e protegemos 82% da biodiversidade viva no planeta. Estamos aqui trazendo essa voz dos povos indígenas, para que possamos também ser incluídos como parte da solução para conter essa crise climática”, disse a ministra.
O sexto dia da COP28 foi dedicado aos povos indígenas. Ao lado de dezenas de mulheres de populações originárias, a ministra brasileira liderou uma marcha na abertura da conferência.
Um terço da preservação da Amazônia está em áreas indígenas
O papel estratégico dos povos indígenas para o combate ao desmatamento e o enfrentamento da crise climática é o tema do dia dedicado aos povos originários pelo Espaço Brasil. A ministra Sônia Guajajara destacou o papel das organizações sociais no apoio à presença desses povos nas conferências sobre o clima, em especial o Ipam. “O mundo precisa entender o papel dos indígenas para conter as mudanças climáticas. Precisamos falar mais, falar mais, falar mais”, afirmou a ministra. Julia Shimbo, pesquisadora do Ipam e coordenadora científica da rede MapBiomas, traduziu em números a conclusão de que os povos indígenas são os que mais protegem o meio ambiente no Brasil: 19% dos 112 milhões de hectares de vegetação nativa estão dentro de seus territórios. As terras indígenas representam 105 milhões de hectares, o equivalente a 13% do Brasil, com 428 territórios. No entanto, apenas 8% dos povos que os habitam têm posse plena.
Site Brasil na COP28 traz debates ao vivo
Um dos espaços digitais movimentados pela COP28 é o site da Apex – Brasil na COP28 –, que diariamente está trazendo debates e entrevistas com personagens que participam das discussões sobre os mais diversos temas em Dubai. São apresentações diárias e, no site, há uma agenda de tópicos, como adaptação climática, financiamento, governança, justiça climática, juventude, gênero, racismo, e muitos outros. As apresentações em vídeo ficam acessíveis mesmo após o fim da transmissão.
MSF – muito pouco é feito para as pessoas vulneráveis
Ao falar para os líderes mundiais na COP28, Christos Christou, presidente da organização Médicos Sem Fronteira (MSF) alertou que as crises internacionais estão aumentando em escala e intensidade. Ele ressaltou que os impactos das mudanças climáticas se refletem nas filas para atendimento, de Níger a Moçambique, de Honduras a Bangladesh, com pacientes que sofrem de doenças infecciosas como malária e dengue, com desnutrição e problemas de saúde dos mais diversos. A combinação mortal de malária e desnutrição tem lotado as enfermarias pediátricas do MSF na região do Sahel, no Chade, onde as equipes agora oferecem tratamento para desnutrição o ano todo.
Christou enfatizou que essas comunidades precisam de apoio financeiro e técnico correspondente à escala climática, para se adaptar e lidar com os impactos e consequências. “Há uma necessidade cada vez maior de pautar firmemente a saúde no centro das políticas, das negociações e das ações”, concluiu.
Triplicar a energia nuclear até 2050
Uma declaração lançada na COP28, assinada por países dos quatro continentes, propõe triplicar a oferta de energia nuclear para conseguir alcançar o objetivo Net Zero-2050. Jonh Kerry, enviado especial dos Estados Unidos para o clima, defendeu essa meta, explicando que não será possível chegar a emissões líquidas zero até 2050 se não for incorporada mais produção nuclear de energia. Essa opinião, no entanto, não é compartilhada por movimentos ambientalistas, que consideram a geração nuclear um risco tão grande quanto a emissão de CO². Assinaram a declaração de apoio à energia nuclear: Bulgária, Canadá, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Eslováquia, Eslovênia, Estados Unidos, Finlândia, França, Gana, Hungria, Japão, Moldávia, Mongólia, Marrocos, Países Baixos, Polônia, Romênia, Suécia, Reino Unido, República Tcheca e Ucrânia.
Jovens são premiados por projetos de impacto climático
Michelle Zárate Palomec, do México, e Sebastian Mwaura, do Quênia, serão homenageados como vencedores do Prêmio de Ação Climática Global da ONU, durante a COP28. Os dois jovens foram escolhidos entre centenas de candidatos de mais de 120 países pelos seus esforços para encontrar soluções para as questões climáticas em suas regiões. Michelle Palomoc, de 27 anos, lidera uma organização responsável por proteger recursos hídricos em comunidades indígenas vulneráveis no Estado de Oaxaca. Sebastian focou na aceleração da transição energética e na diversidade de gênero. Aos 35 anos, Mwara é cofundador da Yna Kenya, que incentiva a adesão a veículos elétricos e contribui com 12 mil empregos de mulheres em seu país.
Pouca diversidade mostra a desigualdade de gênero na COP
Um dos assuntos mais abordados na atual edição da COP é a diversidade de gênero e a liderança de projetos desenvolvidos por mulheres para as transformações de enfrentamento das mudanças climáticas. No entanto, os primeiros dias da COP28 foram marcados pela ausência feminina em discussões cruciais sobre o clima. A discrepância de gênero fica explícita no levantamento realizado pela Mídia Ninja, que aponta que apenas 15 das 140 vozes programadas para discursos na Cúpula Mundial sobre Ação Climática são femininas. Esse número leva a uma reflexão sobre se as vozes femininas estão sendo ouvidas e se seus projetos que impulsionam mudanças transformadoras são executados dentro das políticas climáticas.