Bernardo Stampa |
Nesta sexta-feira, foi publicado o pré-print do artigo referente à metodologia inovadora para medir com precisão o carbono em florestas tropicais, desenvolvida por pesquisadores brasileiros da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em parceria com a universidade de Sassari/Sardenha. Após revisão por pares, o estudo deve ser publicado na Scientific Reports, revista científica de amplo prestígio internacional.
O artigo “Avaliando estoques de carbono em solos de Florestas Atlânticas Brasileiras fragmentadas (FAB)” detalha a pesquisa liderada pelo professor Iraê Amaral Guerrini, titular na área de Fertilizantes e Corretivos na FCA/Unesp, que promete aprimorar a precisão e abrangência na quantificação de carbono em ecossistemas florestais, além de incorporar o levantamento da fauna e flora para avaliar a preservação da biodiversidade e outros fatores que quantificam os serviços ecossistêmicos das florestas naturais.
Link: https://www.researchsquare.com/article/rs-3688344/v1
Brasil detém o maior estoque de carbono do mundo, mas sua mensuração ainda não foi realizada
Metodologia inovadora, desenvolvida por pesquisadores brasileiros da Unesp e da Universidade da Sardenha, oferece uma precisa medição dos ativos sustentáveis na Amazônia
A floresta amazônica é um dos principais ativos ambientais globais. No entanto, a quantificação precisa do carbono presente no solo e na floresta como um todo é fundamental e ainda não foi devidamente realizada. Uma nova metodologia, desenvolvida pelo professor titular na área de Fertilizantes e Corretivos na FCA/Unesp, Iraê Amaral Guerrini, baseada em protocolos estabelecidos pelo IPCC e validada tecnicamente pela KPMG, destaca-se por medir com assertividade a quantidade de carbono estocado nas florestas tropicais. Este avanço representa uma oportunidade única para quantificar e valorizar o maior ativo brasileiro perante o planeta.
Em um momento em que a COP28 debate a urgência do combate às mudanças climáticas e o Congresso brasileiro debate a aprovação da regulação do mercado de carbono, a metodologia de medição pode se tornar o principal instrumento para quantificar e valorizar ativos ambientais que poderão ser considerados comercialmente dentro da lógica de mercado. Além disso, a medição mais precisa fornecerá uma noção real do valor das florestas e biomas preservados, impactando comunidades, biodiversidade e iniciativas de proteção ambiental.
O que é e por que medir o carbono?
As unidades de carbono estocado representam o volume de carbono presente em florestas nativas preservadas, medidas por meio de uma metodologia que inclui verificação in loco e testes laboratoriais cientificamente comprovados. Segundo a metodologia desenvolvida, a origem das unidades de carbono estocado requer uma avaliação minuciosa para verificar se a área é nativa, preservada, sem histórico de desflorestamento, queimadas e com situação fundiária regularizada. Após essa análise, são conduzidos estudos de campo para quantificar o carbono estocado na área, originando o ativo a ser comercializado posteriormente.
A quantificação e monetização desses ativos viabilizam o pagamento pelos serviços ecossistêmicos relacionados à preservação ambiental. Isso inclui aspectos como regulação climática, remoção de CO2 da atmosfera, produção de oxigênio, qualidade da água e do solo, preservação da biodiversidade e geração de renda para comunidades locais que mantêm relações sustentáveis com o bioma.