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O OCEANO QUE PRECISAMOS PARA O PLANETA QUE QUEREMOS

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Elisa Homem de Mello | EBVB Sustentabilidade |

Entre os dias 10 e 15 de outubro, a cidade de Santos (litoral paulista) se encheu de atividades pelo centro histórico e outros pontos turísticos, como a Bolsa do Café e o Aquário, para receber o maior evento mundial sobre “cidadania azul”.

O “Diálogos da Cultura Oceânica” (Ocean Literacy Dialogues), realizado pela UNESCO em parceria com a Unifesp, através do Projeto Maré de Ciência e a Prefeitura de Santos, reuniu no município cientistas, políticos, pesquisadores, sociedade civil e estudantes de todo o mundo com o objetivo de celebrar, sensibilizar, engajar, debater, vivenciar e comunicar a cultura oceânica.

Santos foi a primeira cidade do hemisfério sul a receber um evento mundial da Unesco sobre cultura oceânica por sua tradição e pioneirismo em pautas socioambientais, bem como pelas ações de políticas no setor.

CULTURA OCEÂNICA

A cultura oceânica representa o movimento de reconhecer a importância do oceano para o indivíduo e o coletivo, independente de sua proximidade geográfica com o ambiente marinho, e entender como essa relação reverbera no Oceano. A partir daí, a cultura oceânica cria possibilidades de participação de diversos atores em processos de tomada de decisões para a adoção de ações e políticas públicas inovadoras, que ajudem a conservar e recuperar os ecossistemas marinhos e costeiros, bem como garantir a vida das gerações presentes e futuras. Os objetivos da cultura oceânica –  como o aumento da sensibilização e da conscientização sobre o Oceano, o embasamento para tomada de decisões e a implementação de políticas e ações para garantia de sua saúde -, passam pelo fortalecimento da ciência oceânica. É necessário pesquisar, estudar e conhecer o Oceano para se alcançar uma maior compreensão de seus ecossistemas e dinâmicas ecológicas e, assim, agir. 

Moramos no planeta Terra, mas mais de 70% de sua superfície é coberta por água. Toda essa água tem um papel essencial nas questões climáticas e como a maior parte dela está no Oceano, é para lá que devemos olhar. A água do mar tem uma grande capacidade de regular a temperatura do planeta e os ecossistemas marinhos e costeiros armazenam enormes quantidades de gases de efeito estufa (GEE) da atmosfera. Sem o Oceano, o cenário atual da Emergência Climática seria ainda pior. 

O Oceano exerce influência importante no clima! E a importância de conservar os ecossistemas marinhos para garantir sua regulação tem que ser vista, tem que estar em pauta. Olhar para o futuro também significa considerar hoje o Oceano como peça-chave para a produção de energia renovável e para uma mudança na forma como as atividades marítimas são realizadas, considerando a meta de emissões zero e tecnologias ecoeficientes. 

Entretanto, as atividades humanas estão impactando direta e indiretamente na saúde do Oceano e em sua provisão de recursos e serviços. O risco iminente desse impacto é que, assim como projetado para outros habitats terrestres, o Oceano não esteja mais em condições de contribuir para o bem-estar da humanidade e passe a intensificar a crise climática. 

Para que isso não ocorra, é preciso fortalecer a governança oceânica global e nacional, que ainda se dá de forma fragmentada. É necessário considerar diferentes níveis e a participação de múltiplos atores de forma integrada e sinérgica.

CONHECER PARA PRESERVAR. PRESERVAR PARA CONHECER

Várias foram as rodadas de conversa que discutiram o papel da ciência transformadora, proposta pela Década do Oceano, na importância dos processos de co-produção de conhecimento e sua disseminação.

A ciência foi referência, principalmente, em relação ao tema do combate ao lixo marinho. Segundo o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) é crucial investimentos financeiros em ciência e tecnologia, mas é necessário que as metas vinculantes estejam atreladas a estes financiamentos. É preciso focar nas alternativas de métricas econômicas a fim de mensurar o poluidor/pagador e o produtor/recebedor, se quisermos que a economia ambiental saia da teoria e que a “conta feche”. Esta deve ser a base da Justiça Ambiental e Climática. 

Os municípios da região metropolitana da Baixada Santista (litoral central do Estado de São Paulo, que inclui: Bertioga, Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe), por meio de seus Secretários de Meio Ambiente, protagonizaram momento especial ao se comprometerem em realizar políticas públicas ambientais de forma unida, com base na troca de indicadores científicos, conhecimentos tecnológicos, regulamentação e fiscalização. A região da Baixada tem aproximadamente 2.420.000 km2, quase 200 km de costa e compreende 12% da população brasileira, além de ter o maior e mais importante complexo portuário da América do Sul.

SURF É VIDA

O esporte aquático também foi referência, com destaque para o Surf por se tratar de uma modalidade que vai além da promoção de bem-estar físico e mental. 

A prática do surf pode ser entendida como uma cultura ancestral e filosófica, em que a conservação da Natureza deve estar intrinsecamente ligada ao comportamento e práticas do surfista. Sob os temas Surf e a Cultura Oceânica para Cidadania Ambiental e A Proteção dos Surf Breaks como Estratégia de Governança Costeira, palestrantes como Maya Gabeira, João Malavolta (Ecosurf), Ton Vasconcelos, Paulina Chamorro (Liga das Mulheres pelo Oceano), Diego Igawa (SOS Mata Atlântica), Vinicius Lindoso (UNESCO), Maria Thereza (APA Marinha Litoral Centro) entre outros, discursaram sobre a importância do surfista como agente multiplicador no combate à poluição marinha e na conscientização ambiental. Segundo eles, é preciso que a troca de cultura, conhecimento e informação seja cada vez maior e que se entenda que dados são para serem usados. O surfista tem o papel importante de comunicar e se tornar ator de aproximação e unificação com o mar, não apenas para reter conhecimentos, mas principalmente para gerar mudanças.

Conhecer o Oceano e sua influência sobre nós e sobre a Terra é crucial para viver e agir de forma sustentável. Essa é a essência da Cultura Oceânica! É preciso se manter constante e, talvez, esta seja uma das ações mais difíceis na vida. Mas é possível! E ainda dá tempo!

Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável

O período entre 2021 e 2030 foi estabelecido como a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de destacar a importância do Oceano para o enfrentamento à emergência climática. A Década foi proposta pela ONU para conscientizar a população em todo o mundo sobre a importância dos oceanos e mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares. Trata-se de um convite para atuarmos de forma proativa, integrada, revendo conceitos e ações, e construindo as mudanças necessárias para atingirmos o tão sonhado e necessário desenvolvimento sustentável. A Década está ligada ao ODS 14 da Agenda 2030 – Vida na Água, que trata principalmente da redução da poluição, conservação da biodiversidade e ecossistemas, regulação da pesca e promoção das ciências marinhas.

ALIANÇA DA DÉCADA DO OCEANO

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