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Sistema Cantareira conta com apenas 43% de sua capacidade na primeira quinzena de maio

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Chuvas de 2022 já apresentam 25% de redução em relação ao esperado para o período

O período de estiagem, que teve início no mês de abril e intensifica-se em maio, representa uma significativa diminuição no volume de chuvas. Época de se atentar ao nível dos reservatórios que abastecem a região, pois até setembro não haverá recarga significativa. De acordo com dados fornecidos pela SABESP, o Sistema Cantareira, que abastece 7,5 milhões de pessoas da região metropolitana de São Paulo, se encontra atualmente em 43,1% de sua capacidade. O volume  ideal esperado para o período seria de 60%. Os números demonstram que já estamos em estado de atenção.

Essa informação é alarmante pois a situação dos reservatórios já é baixa e segundo especialistas tende a sofrer uma redução de cerca de 30% até setembro. Desde a crise de desabastecimento de 2014, o início do período de estiagem em 2022 vem apresentando o volume mais baixo dos últimos 6 anos. 

“Em 15 de maio 2015, o nível do Sistema Cantareira era de –9,5%. No mesmo dia, no ano seguinte, o índice era de 35,5%. Atualmente nos encontramos no índice mais baixo desde de 2016. De janeiro a maio, já temos uma quantidade de chuva acumulada 25% menor do que a esperada para o período. Isso mostra que o Sistema Cantareira ainda não se recuperou totalmente e possui uma baia resiliência frente a crise climática.” destaca Alexandre Uezu, pesquisador e coordenador do projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.

O pior cenário enfrentado pelo sistema foi em 2014, ano da mais severa seca na região Sudeste. No mês de maio os reservatórios estavam em 8,2% e em julho chegaram ao nível zero. Naquele ano foi necessário utilizar ovolume morto, água que fica abaixo das comportas dos reservatórios e precisa ser bombeada, o que aumenta os custos de energia e tratamento. 

Letícia Freitas, pesquisadora do Projeto Semeando Água, que trabalha com avaliação dos efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade hídrica alerta para as consequências no longo prazo. “Se não forem adotadas medidas rápidas de controle e redução das emissões de gases do efeito estufa, como por exemplo, aumento da restauração florestal na região (o déficit é de 35 milhões de árvores), migração para sistemas produtivos sustentavéis, como o manejo ecológico da pastagem, por exemplo, a vazão média de água para o reservatório pode cair até 10 vezes até o final do século, atingindo um valor equivalente a menos da metade da vazão média registrada durante os anos da crise hídrica”

A crise hídrica é apenas um dos reflexos da crise climática. Já não se pode contar com a regularidade e previsibilidade das chuvas, baseando-se em médias históricas calculadas a partir de dados pluviométricos de anos anteriores. Períodos de seca, assim como demais eventos climáticos, têm se tornado mais irregulares e intensos. Os desmatamentos na Amazônia também impactam os regimes de chuva na região sudeste, reduzindo os chamados “rios voadores”. Para se prevenir de uma crise de desabastecimento há outro conceito importante a ser discutido: a segurança hídrica. 

E o que é segurança hídrica? É garantir que haverá água o suficiente, de boa qualidade, para as pessoas beneficiadas pelo recurso, tanto na região quanto para quem vive a dezenas de quilômetros de distância, mas recebe a água do Cantareira, como é o caso dos moradores da região metropolitana de Sãp Paulo. Para isso, é importante compreender que não só da chuva depende o Sistema Cantareira, mas de sua capacidade de absorção e retenção de água. Não apenas nos grandes reservatórios, mas em cada nascente, margem dos cursos d’água e até mesmo no solo. “ É preciso pensar o uso das bacias hidrográficas de forma integral, em que o entorno de rios, nascentes e represas deve ser protegido pela vegetação nativa, enquanto os sistemas produtivos devem ser planejados para favorecer a retenção e infiltração da água no solo” explica Uezu.

Sobre o IPÊ

O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira sem fins lucrativos que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis. Fundado em 1992, tem sede em Nazaré Paulista (São Paulo), onde também fica o seu centro de educação, a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade.

Presente nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, o Instituto realiza cerca de 30 projetos ao ano, aplicando o Modelo IPÊ de Conservação, que envolve pesquisa científica de espécies, educação ambiental, envolvimento e mobilização comunitária, conservação de habitats e da paisagem e apoio à construção de políticas públicas. Além de projetos locais, o Instituto também implementa trabalhos em diversas regiões, seguindo os temas Áreas Protegidas, Áreas Urbanas e Pesquisa & Desenvolvimento (Capital Natural e Biodiversidade).

O IPÊ é responsável pelo plantio de mais de 3 milhões de árvores na Mata Atlântica, contribui diretamente para a conservação de seis espécies de fauna, realiza educação ambiental e capacitação para 12 mil pessoas por ano, em média. Os projetos beneficiam 200 famílias com ações sustentáveis e conhecimento sobre conservação ambiental.

Para o desenvolvimento dos projetos socioambientais, a organização conta com parceiros de todos os setores e trabalha como articulador em frentes que promovem o engajamento e o fortalecimento mútuo entre organizações socioambientais, iniciativa privada e instituições governamentais.

www.ipe.org.br

Sobre o Projeto Semeando Água

O Projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), atua para promover ações com potencial de aumentar a segurança hídrica do Sistema Cantareira. As principais linhas de ações são:

  • Restauração florestal de áreas próximas às nascentes, rios e reservatórios;
  • Planejamento e implantação de sistemas produtivos sustentáveis em propriedades rurais da região;
  • Capacitação de produtores rurais dos municípios do entorno para o cultivo mais sustentável e rentável.

Os benefícios destas ações chegam a quem vive na região, aos consumidores dos alimentos produzidos localmente e também a milhões de pessoas que recebem a água do Sistema Cantareira quando abrem a torneira.

O projeto engloba oito municípios da região do Sistema Cantareira: Bragança Paulista, Joanópolis, Mairiporã, Nazaré Paulista e Piracaia, no Estado de São Paulo, e Camanducaia, Extrema e Itapeva, em Minas Gerais.

semeandoagua.ipe.org.br

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