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As empresas de combustível fóssil são as culpadas da nova tragédia ambiental

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O Brasil continua sofrendo graves agressões ambientais por causa de uma visão de desenvolvimento ultrapassada baseada no extrativismo mineral ou de exploração de combustíveis fósseis. O rompimento da barragem da Mariana em Novembro de 2015 não somente foi o maior desastre do gênero da história mundial nos últimos 100 anos como também o responsável pela morte do Rio Doce. Três anos depois aconteceu o rompimento da barragem em Brumadinho que matou mais de 200 pessoas e afetou o fornecimento de água da região e de Belo Horizonte.

No mês passado, as queimadas acontecidas nos biomas da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal, tanto naturais quanto principalmente criminosas, arrasaram a vida animal e vegetal de todas essas áreas. Faltava uma tragédia no litoral. Agora o País experimenta o maior desastre ambiental marinho mundial provocado pelo petróleo. Por triste coincidência, o mundo lembrou os 25 anos da maré negra acontecida em Março de 1989, no Alasca, quando o navio petroleiro Exxon-Valdez espalhou no mar 42 milhões de litros de petróleo. Essa tragédia que matou milhares de aves, peixes e afetou a vida dos pescadores foi superada em 2010 pelo vazamento petróleo da plataforma Deepwater Horizon no Golfo do México.

Agora esses recordes foram superados. O litoral de 9 Estados nordestinos viu as suas límpidas areias contaminadas por manchas de petróleo ao longo de mais de 2.000 km. Quase um mês depois, o Ministro do Meio Ambiente achou que o mais importante era encontrar um culpado e acusou a Venezuela. Se o problema é encontrar culpados, é bom não procurar em países e sim na indústria dos fósseis. Tanto a PDVSA da Venezuela, quanto a Petrobras, a ExxonMobil, Total, Shell, British Petroleum, Saudi Arabian Oil, NNPC da Nigéria e outras que integram a OPEP, são culpadas.

Em 2018, Nathalia Clark da a 350.org, informava que mergulhadores colocaram na Grande Barreira de Corais da Austrália fitas que levavam escrito “cena do crime” em volta de diversos recifes de corais mortos. Isso foi feito para mostrar os danos catastróficos causados a esse importante ecossistema marinho. Eles alegam que a indústria dos combustíveis fósseis é a culpada por essa perda. “Uma série de fotografias tiradas embaixo d’água nas Ilhas Marshall, Samoa, Fiji, Andamão, na Flórida e na Austrália foi publicada, com o intuito de chamar a atenção para os impactos causados pela maior descoloração massiva de corais da história. Essa é uma das consequências do comportamento negligente da ExxonMobil e de empresas de combustíveis fósseis que tentam impedir o movimento global pelo clima”.

No dia 27 de Janeiro de 2017, o professor Ronaldo Francini Filho, da Universidade Federal da Paraíba foi o primeiro cientista a mergulhar com um submarino para ver os recifes de corais da Amazônia. Thais Herrero, jornalista do Greenpeace, informou o retorno de Francini à superfície com as primeiras imagens que revelaram um mundo oculto. “Um capricho da natureza, que não cansa de nos surpreender ao preencher de vida uma região considerada inóspita e tão improvável de abrigá-la. Dentro de nós, que estamos à bordo do navio de pesquisas científicas Esperanza, fica a certeza de que a campanha ‘Defenda os Corais da Amazônia’ merece a atenção de todos”, disse Thais. Hoje são os corais da Amazônia que estão em perigo.

O Ministro Salles, seguindo a tática da desinformação, colocou a suspeita de que ONGs estivessem por trás das queimadas e agora do vazamento de óleo. A Exxon sabe muito bem sobre isso; nas últimas décadas gastou milhares de dólares pagando políticos e cientistas para desinformar a população dos EUA e do mundo sobre a responsabilidade das empresas de combustíveis fósseis na mudança climática.

Salles segue essa linha de ataque. Em vez de buscar soluções imediatas para paliar os efeitos da tragédia do vazamento, ele fantasiado com um colete amarelo (alias, o movimento dos coletes amarelos, com apoio da extrema direita, confrontou Macron e sua política energética) busca culpados abstratos. Trata-se de uma atitude que em nada contribui para resolver o gravíssimo problema da poluição nas praias nordestinas.

GAIA VIVERÁ!

Lúcia Chayb e René Capriles || Revista ECO21

Editorial 274 – Setembro 2019

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