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2020: o super ano no qual nasceu Iara e o Brasil abrirá os olhos

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Nossa missão é semear informação ambiental de qualidade.

Lúcia Chayb, René Capriles e Rudá Capriles – ECO•21

Ela nasceu no seio de uma família de ambientalistas que durante anos se prepararam para esse momento: comendo alimentos orgânicos rigorosamente controlados que plantaram no seu sítio em Cachoeira de Macacu, Estado do Rio de Janeiro, bebendo água sem poluentes e respirando um ar sem a poluição ácida do dióxido de carbono dos automóveis urbanos.

Mesmo antes de nascer, Iara nunca recebeu alimentos com agrotóxicos; ela faz parte da geração que luta e continuará lutando para salvar o planeta da extinção. Em 2040, quando Iara estiver com 20 anos, terá como inspiração as palavras de Greta Thunberg (hoje com 17 anos) pronunciadas na Cúpula da Juventude para o Clima da ONU em 21/9/2019, que já fazem parte da história, quando o mundo ouviu “Milhões de pessoas em todo o mundo saíram às ruas e pediram uma real ação pelo clima, mostramos que estamos unidos e que somos jovens e invencíveis”; seu brado: “Como ousam?!” ecoará por décadas e fará parte dos currículos escolares. Junto à Greta, outros jovens como Komal Kumar, das Ilhas Fiji, que foi incisiva no seu recado aos líderes políticos mundiais: “Somos seres humanos, somos comunidades. Demandamos ação. Chega de perder tempo. Vocês serão responsabilizados. E se vocês não lembrarem, nos mobilizaremos para retirá-los pelo voto”.

A jovem brasileira Paloma Costa, ativista do ISA e do Engajamundo, discursou no mesmo encontro na ONU: “Um grande líder indígena do Brasil disse recentemente que os povos indígenas têm resistido desde o início. E quanto a nós? Estaremos aptos a resistir? Bem, a juventude está mobilizada, nós não vamos trabalhar com indústrias que desmatam, nós não ficaremos em silêncio. Já mudamos nossos hábitos, e vocês não estão nos acompanhando. Os povos indígenas possuem tanto conhecimento e conexão com nossa Terra, e nós ainda não damos ouvidos a eles. Eles se unem para proteger sua terra, por que não podemos fazer a mesma coisa e proteger nosso lar?”. Num manifesto intitulado “Não podemos esperar”, lançado em Março de 1969, Anna Taylor e Holly Gillibrand (do Reino Unido), Luisa Neubauer (Alemanha), Kyra Gantois, Anuna de Wever e Adelaide Charlier (da Bélgica) e Alexandria Villasenor (EUA), todas com menos de 20 anos, se juntaram a Greta para bradar: “Nós, jovens de todo o mundo, não iremos à escola hoje para exigir dos adultos a responsabilidade por deter a mudança climática […] Este movimento era inevitável, não tínhamos outra escolha. A imensa maioria dos que hoje fazem greve pelo clima ainda não pode votar. Apesar de ver a crise climática, apesar de conhecer a realidade, não estamos autorizados a escolher quem tomará as decisões a respeito. Faça a você mesmo esta pergunta: também não faria greve se pensasse que poderia ajudá-lo a garantir o seu futuro? É por isso que hoje vamos abandonar as salas de aula, esquecer as lições e sair às ruas para gritar ‘Basta!’ […] As mudanças necessárias exigem que todo mundo esteja consciente de que isto é uma crise e se comprometa a fazer transformações radicais. Acreditamos firmemente que podemos salvar o Planeta, mas temos de agir agora”.

Maddy Fernands, Isra Hirsi, Haven Coleman e Alexandria Villaseñor, jovens ativistas climáticos dos EUA, hoje com 17 anos, também se manifestaram com estas palavras: “Nós, jovens da América, gritamos para chamar a atenção aos milhões de nossa geração que mais sofrerão as consequências do aumento da temperatura global, do aumento dos mares e do clima extremo. Mas essa não é uma mensagem apenas para a América. É uma mensagem do mundo para o mundo, pois estudantes em dezenas de países em todos os continentes estarão juntos pela primeira vez”. Essa é a mensagem desta “Geração Z” que receberão dentro das duas próximas décadas tanto Iara, quanto Alice, (10 anos, neta do mestre Zuenir Ventura), Teodoro (3 anos, neto do jornalista ambiental Dal Marcondes) ou Clara (13 anos, filha do engenheiro florestal Tasso Azevedo). Mestre Zuenir escreveu: “Nascidos em um mundo já conectado pela Internet, esses jovens cresceram em ambiente dominado por redes sociais e smartphones e, por isso, são super-informados. Adaptados naturalmente às plataformas de streaming de áudio e vídeo, eles são o que alguém classificou de primeiros nativos digitais. Exagerando um pouco, só um pouco, Greta, sozinha, já deve ter lido mais livros do que Trump e Bolsonaro juntos”.

Certamente, o Brasil e o mundo, superarão o obscurantismo ambiental do trumpismo e do bolsonarismo. Serão os ensinamentos dos jovens da Extintion Rebellion e as lutas dessa nova geração que inspirarão Iara e seus contemporâneos.

Nesta edição, com a qual a ECO•21 faz 30 anos, o nosso editorial celebra a vida, celebra alguém que nasceu.

Gaia viverá!

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