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IPAM e Banco Mundial criam plataforma que prevê áreas em risco de desmatamento na Amazônia Legal

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Ferramenta será capaz também de estimar as áreas que podem ser afetadas futuramente, além do impacto econômico e governamental na preservação amazônica

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), em parceria com o Banco Mundial, criaram uma plataforma que é capaz de prever o risco de desmatamento e estimar áreas que serão desmatadas nos estados da Amazônia Legal. Com o recurso, são combinados os efeitos macroeconômicos com a governança local a fim de visualizar a vegetação natural perdida, informando políticas públicas e iniciativas privadas que trabalham em prol da preservação ambiental. 

A ferramenta foi desenvolvida a partir de análises da nota técnica feita pelo IPAM, publicada em abril, escrita por pesquisadores da IPAM, em parceria com o Banco Mundial. A nota explica que, de acordo com o modelo da plataforma, o desmatamento brasileiro tem fatores macroeconômicos, de governança local e da vulnerabilidade das áreas de vegetação nativa. Enquanto os fatores macroeconômicos são usados para estimar a quantidade de desmatamento esperada, os fatores de governança e vulnerabilidade são usados para estimar o local com maior risco de ser desmatado, assim como a possibilidade de vazamentos – quando o desmatamento não é eliminado, mas apenas “transferido” para outra região. 

Andrea Garcia, uma das pesquisadoras autoras da nota, explica a importância de que o controle do desmatamento seja feito de maneira multisetorial, para que haja uma coibição universal da cadeia de desmatamento. “Por exemplo, uma vez que as florestas são destinadas à conservação e os agentes de desmatamento se tornam menos encorajados a desmatar, é possível que os mesmos busquem outras oportunidades em outras áreas e, assim, o desmatamento é ‘vazado’ de uma área para outra”, finaliza.

Leia a nota na íntegra clicando aqui.

Dinâmica do desmatamento

Para prever o impacto dos fatores econômicos na equação do desmatamento são utilizados os dados do Banco Mundial. Marek Hanush, economista líder do Banco, diz que os dados, aliados ao trabalho do IPAM, permitem que o desmatamento seja modelado ao longo do espaço tempo. “Um estudo nosso anterior a este mostrou como dinâmicas que ocorrem dentro e fora da floresta, incluindo a produtividade da economia Amazônica e brasileira, os preços das commodities, e a taxa de câmbio estão fortemente ligados às pressões de desmatamento”, explica.

Um outro fator que foi levado em consideração na elaboração do modelo foi o mapeamento de áreas com maior propensão a serem desmatadas. “A projeção mostra a quantidade de desmatamento esperado, onde é provável que aconteça e quais fatores representam uma forte conexão com essa dinâmica. Dessa maneira, podemos pensar em estratégias mais direcionadas para o problema em questão. As projeções também são importantes para se estimar a eficácia dos mecanismos implementados em um curto espaço de tempo, assim como potenciais vazamentos oriundos das estratégias implementadas”, aponta Garcia.

O cálculo dessa propensão utiliza s dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) de 2017 a 2022. Através da análise dos dados históricos e de fatores como o domínio da terra, proximidade de centros urbanos, rodovias e outras áreas desmatadas, as pesquisadoras puderam identificar as tendências futuras de desmatamento.

Os modelos

Outros três cenários foram apresentados a partir dos pontos chaves. No modelo Macroeconômico, a quantificação do desmatamento é baseada nos fatores macroeconômicos previstos pelo Banco Mundial. No modelo Business as Usual, a quantificação do desmatamento apenas segue as tendências dos últimos anos de forma constante, sem considerar as previsões macroeconômicas. No cenário Macroeconômico com Governança, a quantificação do desmatamento é baseada em fatores macroeconômicos, mas também considera que florestas públicas ainda não destinadas foram destinadas para a conservação. Os três modelos foram aplicados em todas as regiões da Amazônia Legal e comparados com as medições reais do Prodes.

De acordo com o cenário Business as Usual, o desmatamento acumulado entre 2020 e 2025 será de cerca de 50.000 km2, 35% maior do que o indicado pelos cenários que levam em consideração fatores macroeconômicos que apontam 37.000 km2 desmatados no período. 

Garcia destaca que é complicado prever com exatidão onde será desmatado no futuro, entretanto, é possível deduzir-se a probabilidade, contando que os padrões de desmatamento se repitam. “Essa projeção é muito valiosa para podermos construir mecanismos que freiem o desmatamento com maior efetividade.”

Nas previsões de distribuição espacial do desmatamento dos três modelos,  a região central do Pará e o sul do Amazonas são apontadas como áreas com maiores riscos de desmatamento. As mesmas previsões observam a região entre o Cerrado e a Amazônia com riscos menores. Além disso, as florestas públicas não destinadas foram as áreas mais desmatadas nos cenários Business as Usual e Macroeconômico. Quando se prevê a destinação dessas florestas para a sua conservação (cenário macroeconômico com governança), é observada uma redução de 57% no desmatamento nesse tipo de área.

Vale destacar que no mesmo cenário macroeconômico com governança, caso não haja mecanismos de controle de vazamento do desmatamento, é previsto que o desmatamento aumente principalmente, em assentamentos de reforma agrária e propriedades rurais. Em menor quantidade, também em Unidades de Conservação.

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