Às vésperas da Semana Latino-americana e Caribenha sobre Mudança de Clima, a Prefeitura de Salvador anunciou, na segunda-feira, 12 de agosto, que contará com o apoio de um aliado de peso para a elaboração do Plano Municipal de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas: o climatologista Carlos Nobre, um dos cientistas mais renomados do Brasil.
Além da formação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do doutorado em meteorologia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, Nobre foi um dos autores do IPCC-AR4, relatório histórico dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, premiado com o Nobel da Paz em 2007 juntamente com Al Gore, ex-vice-Presidente dos EUA e ativista ambiental.
O Plano de Mudanças Climáticas de Salvador será desenvolvido com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do Programa Regional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), e do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima. O objetivo é que ele seja um instrumento para que a cidade atinja as metas previstas no Acordo de Paris.
Salvador foi a primeira cidade da América Latina a assumir compromissos com o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia, formado por prefeitos para implementar políticas e ações para redução das emissões e adaptação das cidades aos efeitos das mudanças climáticas.
Impactos
Nobre ministrará a palestra de abertura do Painel Salvador de Mudança do Clima, na segunda-feira (19/8), primeiro dia da Semana Latino-americana e Caribenha sobre Mudança de Clima. Na ocasião, o cientista apresentará os impactos das mudanças climáticas no Brasil, além de abordar sobre o que pode acontecer com a cidade, a saúde humana e a agricultura, caso a temperatura média global continue aumentando.
Para o pesquisador, encontros como esse são de extrema importância para o País. “É um evento muito simbólico. Em todas as pesquisas de opinião mundiais, a população brasileira é a terceira do mundo que mais se preocupa com as mudanças climáticas. O Brasil tem sido protagonista nas discussões sobre clima e preservação do meio ambiente, desde a RIO-92, e essa Semana do Clima em Salvador mantém viva a esperança de que o País não vai abandonar esse protagonismo”, projeta Nobre.
Amazônia
A Floresta Amazônica possui área de cerca de 6,2 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 4,2 milhões de km² estão situados no Brasil. O cientista ressalta que um milhão de km² de área da Amazônia já foi desmatado, 800 mil deles em território brasileiro. Os quatro principais causadores de desmatamento são: a exploração de madeira (a maior parte ilegal), a pecuária, a agricultura e a mineração.
Além disso, Nobre ressalta que, se a temperatura média global aumentar mais que 4°C, existe um grande risco de desaparecimento da floresta. “A saída para reverter a situação está em ações como a restauração florestal, mudança da matriz energética para fontes renováveis e aproveitamento da Biodiversidade, cujo potencial econômico é maior que a pecuária”, sugere.
Atualmente, Carlos Nobre é pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador Científico do Instituto de Estudos Climáticos da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).