Unindo ciência e esporte, quinta edição do TransCerrado percorrerá 200 quilômetros no entorno do Rio do Peixe, em Goiás, para investigar redução de água no Cerrado
* Por Karina Custódio, IPAM
Analisar a perda de água no Cerrado por meio de observação do Rio do Peixe, em Goiás – essa é a missão da quinta edição do TransCerrado. A expedição científica é uma iniciativa do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e contará com a participação de quatro pesquisadores que percorrerão 200 quilômetros ao longo do rio, em bicicletas, no fim de agosto.
Situado no Cerrado, o Rio do Peixe já sofreu uma redução de 65% de sua vazão de água, mas ele não é uma exceção – a redução de superfície de água é enfrentada por diversos rios que cortam centenas de municípios do bioma. É o que mostra resultados preliminares de estudo do IPAM que utiliza dados do MapBiomas Águas, produto da Rede Mapbiomas, da qual o IPAM faz parte.
Rafaella Silvestrini, pesquisadora do IPAM e uma das autoras da análise, ilustra quais são as possíveis consequências da redução da vazão dos rios.
“Todo o país pode sofrer com a redução das águas no Cerrado que estamos observando. São oito grandes bacias hidrográficas brasileiras que nascem no Cerrado e são responsáveis pelo abastecimento, por exemplo, boa parte do Pantanal. Ainda, são as águas dos rios deste bioma que fornecem energia para 90% da população brasileira”.
A expedição feita de bicicleta amplia o contato de quem pesquisa com a natureza e a população. Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM e fundador do TransCerrado detalha quais serão os dados coletados.
“Faremos entrevistas com a população que dependem do Rio do Peixe para suas atividades diárias e econômicas. Também, faremos avaliações sobre os efeitos do uso da terra sobre o rio, além de realizar a identificação da vegetação e da fauna ao longo do percurso”.
Redução Histórica
A superfície de água da bacia hidrográfica do Rio do Peixe vem caindo desde 1994. Aumentos e reduções anuais são processos comuns em consequência da variação das chuvas, mas as reduções sofridas ao longo de anos indicam ameaças a saúde do rio.
Pesquisador do IPAM, Dhemerson Estevao alerta que há muitos fatores que podem ter influenciado a redução do Rio do Peixe e que maiores investigações, como a proposta pelo TransCerrado, são importantes para entender suas causas.
“O TransCerrado pode ajudar no sentido de que é uma grande campanha técnica de campo, que interage com as populações, com as pessoas, as comunidades, ver o que as pessoas que moram no Cerrado vêem é importante para que possamos entender mais do que o sensoriamento remoto nos mostra”.
Em fase final, a pesquisa deve ser concluída no próximo ano e além de mostrar quanto os municípios do Cerrado perderam de água elencará as causas, consequências e maneiras de impedir o avanço da redução.
