O mercado global movimenta cerca de US$68 bilhões por ano
Com uma história de mais de 200 milhões de anos e cerca de 1.300 espécies identificadas, o bambu ocupa 3% das florestas globais. Embora sua trajetória milenar e diversidade sejam notáveis, este recurso natural ainda não alcançou seu pleno potencial no setor industrial, conforme aponta a International Network for Bamboo and Rattan (Inbar), organização internacional dedicada ao estudo do bambu.
Atualmente, o mercado global movimenta cerca de US$68 bilhões por ano, com aplicações que vão desde a construção civil até a fabricação de tecidos, móveis, papel e energia. No Brasil, que abriga a maior floresta de bambu nativo do mundo, cerca de 230 variedades da planta estão presentes. Esse patrimônio coloca o país em posição de destaque no cenário mundial, atrás apenas da China em número de espécies nativas.
Apesar de seu potencial para impulsionar a economia, promover a sustentabilidade ambiental e beneficiar comunidades rurais, o bambu enfrenta desafios no Brasil, como a ausência de uma cadeia produtiva estruturada e a carência de orientação técnica para produtores e indústrias.
Reconhecendo o potencial do bambu, o CEBIS (Centro Brasileiro de Inovação e Sustentabilidade) tem desempenhado um papel estratégico para ampliar a conscientização sobre a planta como solução sustentável. Por meio de parcerias com governos federais e estaduais, visitas técnicas, palestras e eventos, a instituição busca viabilizar o uso do bambu no agronegócio e no reflorestamento.
Uma das frentes de atuação do Cebis é a promoção da Lei 12.484/2011, que regulamenta o uso do bambu no Brasil, mas carece de decretos que garantam sua aplicação prática.
Katiane, Presidente do Cebis comenta estar empenhada para que a COP30 deixe como legado a descoberta do bambu brasileiro, que pode transformar passivos ambientais em ativos produtivos e econômicos.
O bambu é a planta de maior crescimento no mundo vegetal, característica que a torna ideal para a captura de CO₂ e reflorestamento rápido. A planta também pode ser utilizada em processos de fitorremediação, ajudando a recuperar solos contaminados, como lixões ou áreas afetadas por mineração.
Além disso, o uso do bambu reduz a pressão sobre árvores nativas, funcionando como alternativa sustentável à madeira em setores como construção civil e fabricação de móveis. Outras aplicações incluem a transformação do bambu em carvão e biochar, produtos que enriquecem a microbiota do solo e ampliam a produtividade agrícola.
Os projetos de reflorestamento com bambu apoiados pelo Cebis têm demonstrado impactos positivos no solo, no ar e na economia. A planta é utilizada, por exemplo, em construções civis e na agricultura familiar, oferecendo uma fonte de renda sustentável para pequenas propriedades.
“O bambu possibilita uma rápida entrega de benefícios ambientais e econômicos, sendo essencial para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono”, finaliza Katiane.