O Brasil anuncia a atualização do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa Nativa (Planaveg) no início da segunda e derradeira semana da 16ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica 2024 (COP 16), que está sendo realizada na Colômbia. Embora não faça parte dessas negociações multilaterais, o anúncio é bastante oportuno, já que a restauração florestal é solução chave na estratégia de reversão da perda de biodiversidade e para a captura de carbono. Em suma: demonstra um posicionamento proativo do Brasil na COP29 do clima, que acontecerá em novembro.
“Um dos aspectos mais relevantes dessa entrega da atualização do Planaveg é a reafirmação, pelo Estado brasileiro, de que a restauração de pelo menos 12 milhões de hectares permanece como uma prioridade”, destaca Mariana Oliveira, gerente de Florestas do WRI Brasil. Afinal, o plano caminhou com dificuldades entre 2019 e 2022, e o atual governo precisou reconstruir estruturas fundamentais para seu funcionamento. “Embora a meta numérica seja a mesma, a ambição permanece uma vez que esta nova versão evolui em eficácia, já que aborda a restauração de paisagens e florestas de uma perspectiva transversal, como um eixo de desenvolvimento socioeconômico do país. Ele reconhece o potencial das medidas de recuperação como um instrumento no apoio da redução das desigualdades sociais e da insegurança alimentar, colocando a restauração como elemento chave nas medidas de transição justa para uma nova economia”, completa.
Mariana avalia que outro ponto importante, é a sinalização de coesão estratégica que deve favorecer o avanço e a escala de implementação do Planaveg, focando na regularização ambiental, que tem o potencial de engajar o setor agropecuário. “Priorizar adequação ambiental das propriedades rurais demonstra a consonância com avanços e exigências da Lei de Proteção da Vegetação Nativa (LPVN) e fortalece oportunidades para os diferentes setores e relações do país nos mercados globais, uma vez que trabalham para extinguir ilegalidades de suas cadeias de fornecimento”, ressalta.
A sinergia com investidores e produtores também é favorecida pela oportunidade de crescer economia florestal brasileira: “Modelos de recuperação da vegetação nativa que se tragam retornos econômicos, como as agroflorestas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) ou a silvicultura de nativas, são atrativos para o setor produtivo e investidores, favorecendo uma adesão mais ampla ao plano”, explica.
“A restauração de paisagens e florestas é um meio para se atingir benefícios amplos para a sociedade, como a melhoria da qualidade da água, a regulação do clima, proteção da biodiversidade e segurança alimentar. Ao reconhecer avanços e propor novas ações, o Planaveg segue sendo um grande catalisador da mudança, contribuindo com o país no caminho para uma transição justa que proteja e restaure ecossistemas”, finaliza Mariana.
