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Metodologia inédita é desenvolvida para implementar economia circular em cadeias produtivas 

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A partir da experiência do Hub de Economia Circular Brasil, a Exchange 4 Change Brasil (E4CB) desenhou um modelo que contempla elementos-chaves em quatro etapas necessárias a um projeto circular: engajamento, diagnóstico, planejamento e implementação 

A Exchange 4 Change Brasil (E4CB), organização que orienta a transição para a economia circular no país, anunciou esta semana o desenvolvimento de uma metodologia capaz de certificar, de modo empírico, a governança circular necessária para o desenvolvimento de projetos circulares em escalas regionais. A fundadora da E4CB e diretora do Hub de Economia Circular Brasil (Hub-EC), Beatriz Luz, explica que o modelo contempla um conjunto de medidas técnicas essenciais para um projeto ser aplicado com sucesso:  

Beatriz Luz, Diretora da Exchange 4 Change Brasil e Fundadora do Hub de Economia Circular Brasil

– A nossa prática no Hub-EC demonstrou que, para garantir a transformação do mercado e implementar cadeias circulares, é preciso combinar, preferencialmente de modo concomitante,  esforços de apoio social, infraestrutura e engajamentos interno e externo, além de advocacy de  políticas públicas em governos locais e nacionais. Com tantas barreiras, por vezes os atores preferem  esperar a mudança num terceiro, antes de modificar seus processos e práticas. A metodologia traz a  possibilidade de que a empresa assuma a liderança em seu setor e inspire os demais atores necessários  em toda a cadeia de produtos e numa determinada região. Este é um processo necessariamente  interativo.  

Com quatro etapas fundamentais, a metodologia apresenta uma resposta mais robusta e completa  para empresas que, muitas vezes sem conhecimento, optam por soluções parciais, como parcerias  com startups, ações de coleta e rastreabilidade de resíduos.  

– Estas são ações importantes, mas apenas uma parte das mudanças necessárias. Se vistas de forma  isolada, não integrada, representam apenas um suspiro diante do engajamento e da escala  necessários à transformação da cadeia produtiva – sustenta Beatriz Luz.  

A E4CB está à frente do Hub de Economia Circular Brasil, primeiro hub criado na América Latina para  integrar empresas de diversos setores e portes em negócios circulares. Companhias como Gerdau,  Electrolux, Tomra, Covestro, Plastiweber e Wise Plásticos fazem parte deste ecossistema, que gera engajamento e estimula a troca de informações confidenciais sobre os processos internos de cada empresa. Assim, é possível criar as diretrizes para potencializar, em conjunto, o ciclo reverso dos  materiais, o que dificilmente seria estruturado de forma isolada pelos membros. Já há projetos em desenvolvimento para a cadeia reversa de diversos materiais, como aço e plástico, e produtos como  embalagens e eletroeletrônicos.

Na primeira reunião do Hub-EC em 2023, que aconteceu no dia 9 de fevereiro, em São Paulo, a metodologia foi apresentada aos representantes das empresas-membro que estavam no encontro, para conhecimento e validação. Beatriz Luz destaca que a prática do Hub-EC ajudou a legitimar o  processo, que agora servirá de referência para iniciar a circularidade em outras cadeias produtivas,  como, por exemplo, no setor automotivo. 

– Aprendemos que, se não engajarmos todos os atores no início do processo e não criarmos uma  agenda comum, não saímos do lugar. Este é o ponto crucial e o ponto de partida para a transição. O  senso de urgência deve ser compartilhado por todos os atores da cadeia produtiva. Isso significa que  a transição deve ser vista como a implementação de um número crescente de “blocos de construção”  no caminho para uma economia circular, em vez de uma mudança repentina e radical do sistema com  uma solução única. Há uma série de atividades, em diferentes áreas no negócio e ao longo da cadeia  produtiva, que devem acontecer ao mesmo tempo para possibilitar a criação de uma nova régua  econômica e permitir que processos sejam remodelados. Aprendemos, na prática, como criar um  projeto comum e decidimos traduzir os principais pontos numa metodologia para o mercado. 

Saiba mais sobre as quatro etapas da metodologia 

Engajamento 

É considerada a fase mais importante e crítica para um trabalho completo de transição circular. Trata se de um momento preparatório, em que a empresa entende que a metodologia quebra as métricas lineares e vai além do marketing, da redução de custo ou do compromisso legal. Os pontos devem ser  apresentados de forma interativa, o senso de urgência precisa ser compartilhado com todos os  atores. O tempo de duração desta fase depende da maturidade da cadeia produtiva. 

Diagnóstico 

Nesta fase, quatro análises de áreas distintas devem acontecer ao mesmo tempo, para que o plano  de ação seja executado e se torne possível montar um “Mapa da transição”, documento que guia a  saída do modelo linear e a entrada no modelo circular. Com base em análises operacionais, fiscais e  setoriais, uma análise de impacto é concluída considerando os critérios básicos de uma cadeia circular  com os novos atores, processos e indicadores. 

Planejamento 

Os atores responsáveis pelo projeto circular determinam suas diretrizes práticas e todos os ajustes  necessários em termos de estrutura física, operacional e financeira. Nesta fase, evidenciamos a  necessidade de um realinhamento cultural dentro das empresas para a formação de parcerias e  avaliação de modelos econômicos que permitam a introdução de materiais residuais como matéria prima de processos produtivos. Uma nova régua econômica precisa ser criada. 

Implementação

Um projeto circular demanda uma condução extremamente analítica dos responsáveis e constante  flexibilidade para ajustes e redirecionamentos. Considerando mudanças fundamentais em sistemas,  que é o caso da transição para a economia circular, o espaço para a experimentação é crucial. É um  processo que exige flexibilidade diante do uso de uma nova régua econômica, uma mudança na qual  os atores devem se adaptar continuamente e aprender a responder a novas situações.

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