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O Federal Reserve acaba de dar um grande passo em relação ao clima

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Alexander C. Kaufman | Editor de Economia do The Huffington Post.

O Federal Reserve (FED), na terça-feira 15/12, deu seu passo mais significativo em relação às mudanças climáticas, anunciando que se uniria a um grupo de cerca de 75 outros bancos centrais focados em erradicar, do sistema financeiro, os riscos do aquecimento global.

O Conselho de Administração do Banco Central dos EUA (FED), composto por cinco membros, votou por unanimidade na semana passada para se tornar um membro formal da Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System (Rede de Bancos Centrais e Supervisores para tornar Verde o Sistema Financeiro), conhecida pela sigla NSGS. A coalizão internacional foi fundada em 2017 para trocar “ideias, pesquisas e melhores práticas sobre o desenvolvimento da gestão do risco ambiental e climático dentro do setor financeiro”.

Os crescentes desastres, que custaram bilhões de dólares, causados pelo aumento das temperaturas globais são apenas uma parte da ameaça climática ao sistema financeiro e bancário global. Apesar das recentes medidas de alguns credores para restringir os investimentos nos combustíveis fósseis mais sujos, particularmente o carvão, os gigantes financeiros continuam dando dinheiro para empresas de petróleo e gás cujo valor depende em grande parte da capacidade projetada de lucrar com novos projetos de perfuração nas décadas que virão. Se os governos reduzirem o uso de combustível fóssil na taxa que os cientistas dizem ser necessária para manter o aquecimento numa faixa relativamente segura, esses investimentos podem se tornar virtualmente sem valor, causando potencialmente um colapso financeiro ainda mais grave do que a crise de títulos lastreados em hipotecas que desencadeou a Grande Recessão de uma década atrás.

“À medida que desenvolvemos nosso entendimento sobre a melhor forma de avaliar o impacto das mudanças climáticas no sistema financeiro, esperamos continuar e aprofundar nossas discussões com nossos colegas NGFS de todo o mundo”, disse o Presidente do Conselho do Federal Reserve, Jerome Powell, nomeado pelo Presidente Donald Trump, disse num comunicado na terça-feira 15/12.

O anúncio foi feito cinco dias depois que dezenas de republicanos da Câmara enviaram uma carta a Powell e ao vice-presidente de supervisão do FED, Randal Quarles, pedindo contra a adesão ao NGFS “sem primeiro fazer compromissos públicos de apenas aceitar e implementar as recomendações dos EUA que sejam do melhor interesse do nosso sistema financeiro doméstico”. A carta alertava para cenários climáticos projetados pelos bancos que poderiam prejudicar setores “politicamente impopulares”, como carvão, petróleo e gás.

“Nos últimos anos, vimos bancos tomarem decisões motivadas politicamente e focadas em relações públicas para limitar a disponibilidade de crédito para essas indústrias”, escreveram os legisladores. “Politizar o acesso ao capital e sufocar o financiamento das indústrias das quais milhões de americanos dependem é inaceitável, especialmente em tempos de incerteza econômica e financeira”.

Há muito tempo se esperava que o FED se alistasse no NSGS, com o qual iniciou negociações há mais de um ano, juntando-se a pares como o Banco da Inglaterra e o Banco do Japão. No mês passado, o Banco Central Europeu estabeleceu diretrizes para os testes de estresse climático que planeja impor aos bancos da zona do euro a partir de 2022. Os reguladores europeus, enquanto isso, passaram anos desenvolvendo e buscando padronizar as definições do que se qualifica como um verdadeiro investimento “verde”.

Os EUA não estão nem perto disso, tornando a ascensão do FED ao NSGS semelhante ao plano do presidente eleito Joe Biden de restaurar o lugar de seu país nos acordos climáticos de Paris. Trump anunciou a retirada dos EUA desses acordos no início de seu mandato.

“Os EUA são o gorila na sala que não aderiu”, disse Dylan Tanner, Diretor Executivo da Influence Map, uma organização britânica sem fins lucrativos que pesquisa políticas climáticas em bancos centrais. “É quase como voltar a aderir ao Acordo de Paris, é uma coisa natural de se fazer no próximo governo”.

Como parte dos esforços de alívio do coronavírus da administração Trump, o FED assumiu bilhões em dívidas com combustíveis fósseis em dificuldades; enquanto isso, as empresas de energia solar e eólica demitiram funcionários e lutaram para se manter à tona. Espera-se que o governo Biden adote uma abordagem totalmente diferente, tornando a mudança climática uma questão importante nas agências federais, incluindo o Departamento do Tesouro.

Biden poderia renomear Powell para o FED, cujo esforço para manter as taxas de juros baixas ganhou elogios de Janet Yellen, sua antecessora e escolha de Biden para Secretária do Tesouro. Mas outras indicações de Biden para o Conselho de Governadores do FED provavelmente enfrentarão maior escrutínio de suas posições sobre o clima.

“Aplaudimos o FED e o encorajamos a continuar aumentando suas ambições”, disse Steven Rothstein, Diretor-Gerente do CERES, grupo de defesa dos investidores com foco no clima. “Visto que é responsável pela segurança e proteção da maior economia do mundo, esperamos que não apenas alcance os bancos centrais ao redor do mundo, mas, com o tempo, abra caminho para lidar com o risco financeiro sistêmico. Nossa economia não merece menos”.

FONTE:

https://grist.org/climate/the-federal-reserve-just-took-a-major-step-forward-on-climate/?utm_medium=email&utm_source=newsletter&utm_campaign=daily

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