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Homenagem a Paulo Nogueira-Neto, pai do ambientalismo brasileiro

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Marcia Hirota e Mario Mantovani | Diretora Executiva e Diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, respectivamente

“Sou razoavelmente otimista em relação ao futuro. Porque muito otimismo é ingenuidade. Quase nada é fácil, a gente tem de lutar muito pelas coisas. Mas sou razoavelmente otimista, porque vejo coisas boas acontecerem”, Paulo Nogueira-Neto

Muitas boas iniciativas que aconteceram no Brasil em relação ao meio ambiente foram responsabilidade do advogado, professor, cientista, político e pesquisador dedicado às abelhas indígenas na preservação da floresta, Paulo Nogueira-Neto. Em 1953, aos 31 anos, criou a Associação de Defesa da Flora e da Fauna e desde então, não parou mais. Foi ele quem inaugurou o primeiro órgão ambiental federal do país, a Secretaria Especial de Meio Ambiente, que dirigiu de 1974 a 1986. Em sua gestão foram criadas 26 estações ecológicas, reservas biológicas e outras Unidades de Conservação, num total de 3,2 milhões de hectares de áreas protegidas. Também elaborou, articulou e apoiou a criação de diversas leis ambientais.

Dr. Paulo, como era conhecido, foi fundador da SOS Mata Atlântica e integrava o Conselho Administrativo, onde também desempenhou o papel de vice-presidente. Ele morreu nesta segunda (25/2/2019), aos 96 anos. “Ele é uma grande inspiração para nossa equipe e para todo o movimento ambientalista. Foi um fervoroso defensor da Mata Atlântica e teve uma vida dedicada à proteção da natureza, à ciência e às políticas ambientais e deixa um imenso legado, ensinamentos e importantes Unidades de Conservação no Brasil”, afirma Marcia Hirota, Diretora Executiva da SOS Mata Atlântica.

Este ambientalista pioneiro registrou suas memórias em diários que foram transformados no livro “Diário de Paulo Nogueira-Neto – Uma trajetória ambientalista”. “Ele foi um incansável em busca do desenvolvimento sustentável e sempre esteve comprometido com a construção de um mundo melhor. Promoveu não só a reflexão e o debate sobre temas até então considerados de pouca relevância pelo grande público, como ainda estimulou, ao lado de seus parceiros e colegas, um novo olhar sobre Meio Ambiente na sociedade brasileira”, diz Pedro Passos, Presidente da SOS Mata Atlântica.

Para Roberto Klabin, vice-Presidente da SOS Mata Atlântica, Dr. Paulo foi “um grande líder ambientalista que conseguiu deixar um enorme legado de proteção e conservação ambiental para o Brasil. Tive o privilégio de conhecê-lo e por ele tenho um enorme respeito. Seu exemplo de vida e de trabalho deve ser continuado pelas novas gerações de ambientalistas, lutando pela criação de novas áreas protegidas e por mecanismos para sua viabilização”, afirma.

Em 2011, Dr. Paulo foi homenageado na Solenidade que abriu o Viva a Mata e comemorou o aniversário de 25 anos da SOS Mata Atlântica.

Preocupação com a Mata Atlântica

“A saúde da minha mãe Regina era frágil. Ela precisou morar longo tempo em Campos do Jordão, devido a um fungo pulmonar, mas felizmente se recuperou desse problema de saúde. Nas férias, convivendo lá com as araucárias, aprendi a admirá-las, o que mais tarde me levou a defendê-las, inclusive como membro de uma Comissão do Ministério do Meio Ambiente que tinha esse objetivo” (livro Uma Trajetória Ambientalista – Diário de Paulo Nogueira-Neto)

“Eu tinha 20 e poucos anos (1945) quando fui visitar meu pai, exilado político na Argentina. Íamos de DC-3, um avião que voava mais ou menos a 3 mil metros de altura. Era um avião relativamente lento. Mas o interessante é que, de Curitiba até Assunção do Paraguai, alguns minutos depois de sair da capital do Paraná, já não se via mais nada em matéria de civilização. Não se via mais uma casa nem estrada, nada. Só floresta. Voávamos bastante até chegar em Foz do Iguaçu, que na época era quase um acampamento militar, um vilarejo. Depois levantávamos de Foz do Iguaçu e até perto de Assunção também não se via nada de cidades – só floresta. Essa era a Mata Atlântica ao sul do Brasil. Imensa Mata Atlântica. E eu aqui estou vivo, e hoje o que sobrou desse ‘mar’ de Mata Atlântica foi somente o Parque Nacional do Iguaçu, isso por ser um Parque Nacional, senão até ele… Eu vi essa Mata Atlântica que parecia inacabável desaparecer no período de uma vida – a minha. E fico pensando angustiado: A Amazônia, como é que estará daqui a 50 anos?” (livro “A Mata Atlântica é Aqui. E daí? História e Luta da Fundação SOS Mata Atlântica”)

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