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Estamos a caminho de um colapso da Biosfera?

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Robert Hunziker || Jornalista da CounterPounch

Há quase cinco anos as nações do mundo se reuniram em Paris para elaborar um acordo climático que foi posteriormente aceito por quase todos os países do mundo, afirmando que as temperaturas globais não deveriam exceder +2°C da era pré-industrial. As emissões globais devem ser reduzidas! O uso de combustíveis fósseis deve ser cortado!

Hoje, após Paris 2015, os bancos globais investiram US$ 1,9 trilhão em projetos de combustíveis fósseis. É bom lembrar que os governos globais planejam aumentar os combustíveis fósseis em 120% até 2030, incluindo EUA, China, Rússia, Arábia Saudita, Índia, Canadá e Austrália.

Além disso, nos últimos 18 meses, a China adicionou nova geração de energia à base de carvão (43 GW) para abastecer 31 milhões de novas moradias. A China planeja adicionar outros 148 GW de energia à base de carvão, o que equivale à capacidade total atual de geração de carvão da União Europeia.

A Índia aumentou a capacidade de energia a carvão em 74% nos últimos 7 anos. O país espera aumentar ainda mais a geração de energia baseada no carvão em outros 22% nos próximos 3 anos.

A China está financiando 25% de toda a nova construção mundial de usinas de carvão fora de suas fronteiras, por exemplo, África do Sul, Paquistão e Bangladesh. Enquanto isso, Pequim está se despedindo de seu compromisso de reduzir as emissões e reduz os subsídios às energias renováveis em 30%.

Da mesma forma nos Estados Unidos, Trump propõe cortes orçamentários às renováveis, à medida que seu governo renova os combustíveis fósseis chamados como “Moléculas da Liberdade dos EUA”. (Forbes, 30 de Maio de 2019). Obviamente, alguém da Casa Branca zomba do púbico geral como terrivelmente crédulo, simplório, ignorante ou simplesmente estúpido se se apaixonar por essa ideia.

Enquanto isso, na cidade mais setentrional dos Estados Unidos, Barrow, no Alasca, nos últimos 4 meses, está ocorrendo um “pico maciço sem precedentes nas emissões de metano” e continua em andamento, conforme foi monitorado pelo Dr. Peter Carter.

Em Madri, na COP25, realizada de 2 a 13 de Dezembro, 25.000 participantes de todo o mundo se reuniram para elaborar os detalhes mais atuais sobre o aquecimento global/mudança climática. Surge então a questão de saber se a Conferência teve “pernas”. Pelo que parece, não teve. Em vez disso, foi mais uma demonstração repetida dos encontros sobre o clima.

Tornando as coisas mais surreais, por causa dos desafiadores planos globais da morte, de acelerar os combustíveis fósseis em 120% até 2030, o Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo afirma que o mundo está a caminho do 3°C, provavelmente “trancado” por causa da expansão de combustíveis fósseis em todo o mundo.

Mas cuidado-cuidado-cuidado, o IPCC já informou ao mundo que os 2°C derrubam a casa, e não apenas isso, os cientistas concordam que o 1.5°C será insuportavelmente insuportável em muitas regiões do Planeta.

Em suma, o mundo está em uma fase colossal de crescimento de combustíveis fósseis diante dos severos alertas dos cientistas de que as emissões devem cair para zero líquido. Caso contrário, o Planeta está destinado a se transformar numa “casa quente”. Tal como as coisas estão hoje, parece que a “Hot House” está assando como um bolo. E a Hot House implica em muito calor, destruindo muitos ecossistemas necessários para que o Planeta possa suportar 7,8 bilhões de pessoas.

Para uma visão privilegiada dos acontecimentos da COP25, o Dr. Peter Carter, revisor especialista do IPCC, foi entrevistado em 10 de Dezembro: https://youtu.be/oa13KrOvE2s

A seguir, uma sinopse da entrevista: Ele mencionou pela primeira vez o fato de 11.000 cientistas terem assinado um documento afirmando: “Estamos definitivamente em uma emergência climática”.

“Numa das COP, alguns anos atrás, havia muita mídia informando o fato terrível de que quatro dos países haviam se reunido para bloquear o relatório mais importante do IPCC de todos os tempos. Qual foi o relatório do IPCC 1.5°C de 2018, mostrando que o 2°C, o antigo alvo desde 1996, é uma catástrofe total e o 1.5°C também é desastroso, mas ainda é para onde devemos mirar”. (Carter)

Hoje, os cientistas concordam que o 1.5°C só é possível se reduzirmos as emissões em 7% a cada ano a partir do próximo ano, para que possamos reduzir as emissões globais em 50% até 2030.

A COP sempre foi configurada para falhar. No entanto, as primeiras ações foram esperançosas. Desde então, as coisas caíram, caíram e caíram. A razão pela qual eles foram criados para fracassar é porque, quando a Convenção foi assinada em 1992, foi declarado que as principais decisões seriam por “consenso”, mas “ainda não temos uma definição de consenso nos termos da Convenção”, é um absurdo.

Toda a configuração da COP prevê que um ou dois países vetem qualquer decisão importante, e é isso que vimos acontecer. EUA, Rússia, Arábia Saudita e Kuwait “bloqueiam a ciência das negociações”.

Na COP-25, a ciência foi completamente bloqueada. (Carter)

“No momento, as três principais concentrações de Gases de Efeito Estufa, dióxido de carbono, metano e óxido nitroso estão acelerando. Isso significa que estamos numa tendência para a catástrofe planetária total. Estamos numa tendência a caminho do colapso da biosfera. O dióxido de carbono está com uma taxa superior a qualquer dado dos últimos milhões de anos. Estamos em 412 ppm (Partes Por Milhão). Para colocar isso em contexto, temos um núcleo de gelo que remonta 2,2 milhões de anos. O CO2 mais alto nesse período é de 300 ppm”. (Carter)

A última avaliação do IPCC exige que a temperatura seja mantida em 1,5°C, o vale dizer, que as emissões devem ser reduzidas em 50% até 2030, o que significa que as emissões devem diminuir rapidamente a partir de 2020. Isso é impossível devido aos planos globais de combustíveis fósseis de mais de 120% de crescimento até 2030.

Este ano, tivemos quatro Relatórios separados sobre o status dos países que cumprem ou não seus objetivos de mitigação para evitar catástrofes. Resultado: “É basicamente o fim da humanidade. Estamos olhando para o colapso da biosfera. A riqueza da vida está sendo destruída pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas catastróficas. A África está em seca severa. O Chile está numa mega seca. A Austrália está numa seca que se tornará uma mega seca nos próximos dois anos”. (Carter)

Absolutamente nada está acontecendo para mitigar o aquecimento global. Além disso, não sairá nada da COP-25 para mitigar o problema. No primeiro dia de reuniões, disseram a Carter que os países não estariam buscando melhorar suas metas nacionais de mitigação, o que é uma piada de qualquer maneira. “É inacreditável o que os países produtores de combustíveis fósseis de alta emissão estão fazendo. Os países que estão impedindo qualquer progresso nas emissões estão agindo da maneira mais maligna que se possa imaginar. Nós estamos olhando para a destruição da Terra, oceanos e terra”. (Carter)

Além disso, e de maneira arrepiante, de acordo com o Dr. Carter: Atualmente, houve uma erupção maciça em andamento de metano no Ártico. Praticamente não foi relatado. O único relatório foi publicado pelo Engineering and Technology Journal. Barrow, no Alasca, registrou as explosões massivas de metano na atmosfera, a partir de Agosto deste ano. “Nunca vimos nada parecido, e permaneceu em níveis elevados até a presente semana. Olhando para o núcleo de gelo de 2,2 milhões de anos, a concentração máxima de metano já foi de 800 ppb (Partes Por Bilhão). Em Barrow, no Alasca, é de 2.050 ppb e fica lá. Está lá encima há 4 meses”. (Carter)

Esse é um aviso ameaçador que tem o potencial de ser um precursor do aquecimento global descontrolado, queimando a agricultura de latitude média e categorizando os trópicos como “muito quentes para a vida”.

Nós (Carter e a comunidade científica) sabemos que coisas realmente ruins estão acontecendo no Ártico. Também sabemos que o permafrost terrestre está emitindo muito metano, CO2 e óxido nitroso (12 vezes a mais do que os cientistas estimaram).

Conclusão: a COP-25 é uma farsa, uma vez que os principais países ignoram a ameaça do aquecimento global, aumentando a aposta nos combustíveis fósseis, adicionando quase US$ 2 trilhões em infraestrutura de combustíveis fósseis desde Paris 2015, alertando sobre os perigos associados ao excesso de carbono na atmosfera receita infalível para “Hot House Earth”.

Para que não esqueçamos, Vênus, nosso planeta irmão, possui 96,5% de CO2 em volume na atmosfera. Em média, as temperaturas são de 463°C.

O carbono importa!

Postscript: “Acelerar o aquecimento do Oceano Ártico pode fazer com que as temperaturas globais disparem em questão de anos” (Fonte: Superaquecimento do Oceano Ártico, Arctic News, 8 de Setembro de 2019) Desde o início da revolução industrial, há mais de 200 anos, essa é uma das piores notícias possíveis de todos os tempos.

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