Márcia Régis | Redação Eco21
A atual crise climática e sua ameaça à civilização, como consequência do modelo de desenvolvimento, leva o ecossistema amazônico ao ponto de não retorno, ameaçando a perda irreparável da floresta tropical mais importante do planeta, lar de mais de 50 milhões de pessoas.
Se não pararmos esta tendência hoje, amanhã será a morte da região Pan-Amazônica: essa foi umas das conclusões do X Fórum Social Pan-Amazônico, evento internacional ocorrido de 28 a 31 de julho que reuniu 10 mil pessoas na Universidade Federal de Belém do Pará.
Se o futuro da região parece sombrio (mantidas as formas de ocupação e exploração que vemos hoje), o presente já se manifesta de modo bastante preocupante e vai além de queimadas, gado, minério e soja.
Na Declaração Pan-Amazônica de Belém, o documento elaborado pelas partes envolvidas na conferência de três dias, compreendemos que toda a bacia amazônica vive hoje uma situação de guerra não convencional, “com a participação de forças militares estatais, paramilitares, milícias e traficantes de droga que atuam em ligação com grandes interesses econômicos”.
O documento vai mais além ao afirmar que “a isto juntam-se as medidas coercitivas unilaterais, bloqueios financeiros e econômicos e ameaças militares impostas pelas grandes potências mundiais e grupos fundamentalistas”.
A conferência foi taxativa em concluir que “sem autogestão territorial pelos povos, não há futuro para a Amazônia, nem para o mundo”.
Isso significa promover o exercício do autogoverno e autodeterminação dos povos indígenas, negros, quilombolas, camponeses e ribeirinhos para permitir o exercício da gestão pública baseada na sua própria visão, normas e procedimentos.
Para isso, é necessário, entre outras coisas, implementar mecanismos adequados às novas formas de planejamento que garantam os seus modos de vida, respeitando as suas cosmovisões.
“Exigimos também a autodeterminação da Guiana Francesa; a nossa bacia amazônica não estará completa até conseguirmos a sua descolonização”, afirma a declaração.
O documento também ressalta os desafios ambientais naturais da região ao declarar “o estado de emergência climática na bacia Pan-Amazônica e seu cumprimento permanente para permitir a sua restauração ativa e a proteção da sua biodiversidade em coordenação com os povos amazônicos e avançar para um novo paradigma de relação com a natureza”.