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Brasil tem como objetivo exportar hidrogênio verde por menos de $5/kg a partir do Piauí

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Os projetos visam produção a partir de 2028 com capacidade combinada de eletrólise de 22 GW. A usina solar para alimentar o projeto está “pronta para construir”, dizem os responsáveis pelo projeto.

* Por Diana Kinch

Os projetos de hidrogênio verde em desenvolvimento no estado do Piauí, no nordeste do Brasil, com uma capacidade total planejada de 22 GW, têm como meta exportações por menos de $5/kg, com produção a partir de 2028. Os projetos Solatio e Green Energy Park devem ser os primeiros a emergir no país, com investimentos iniciais estimados em 200 bilhões de reais  ($38 bilhões). Ambos os projetos têm investidores europeus e apoio da Comissão Europeia.

A Solatio está visando preços de exportação “menores que $5/kg”, conforme disseram executivos da empresa à S&P Global Commodity Insights na conferência internacional de tecnologias de energia renovável Citer, em Teresina, Piauí, no início de junho.

A Platts, parte da S&P Global Commodity Insights, avaliou o custo de produção de hidrogênio verde via eletrólise alcalina na Holanda, com contratos de compra de energia renovável, em 12 de junho, a 7,25 euros/kg ($7,81/kg), abaixo dos 7,78 euros/kg no mês anterior.

A Holanda e o noroeste da Europa são potenciais futuros importadores de hidrogênio verde e seus derivados. A avaliação reflete uma das possíveis rotas para a produção de hidrogênio verde em conformidade com a Diretiva de Energia Renovável da UE.

O projeto Solatio, com investidores espanhois e uma capacidade planejada de 11,4 GW, será construído na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Piauí, uma zona de livre comércio próxima ao encontro do rio Parnaíba com o Oceano Atlântico. Os custos totais do projeto somam 40 bilhões de euros ($43,5 bilhões) até 2035, incluindo um parque solar de 48 GW no estado de Minas Gerais, no sudeste do Brasil. Um total de 9 GWp do projeto solar está “pronto para construir”, disse o diretor de desenvolvimento de negócios da Solatio, Christian Hallen.

A empresa está trabalhando com a australiana Worley na engenharia básica da primeira fase de 3 GW da planta de eletrólise, que deve obter sua licença de instalação até o final de 2024. Esta será ligada a 12 GW de capacidade solar.

Um total de 1,5 milhão de toneladas/ano da produção da Solatio será vendida como hidrogênio, com 8,4 milhões de toneladas/ano como amônia, principalmente para exportação e também para a indústria de fertilizantes brasileira, disse Hallen. O Brasil depende de importações para cerca de 85% de suas necessidades de fertilizantes. Hallen disse que a empresa também está em negociações com grandes siderúrgicas para possível compra.

Green Energy Park

O projeto de hidrogênio Green Energy Park, com 10,8 GW, também será construído na ZPE, com investidores europeus visando exportações de amônia para a Europa. Está sendo desenvolvido um terminal de importação na ilha croata de Krk. A empresa também está visando exportações e demanda local, disse o CEO Bart Biebuyck.

A engenharia de front-end está em andamento na primeira fase, com capacidade de produção de hidrogênio verde de 1,8 GW, para um investimento de 4 bilhões a 5 bilhões de euros, disse ele.

O Green Energy Park assinou um acordo em maio com a Eletrobrás do Brasil para receber energia hidrelétrica para o projeto. O diretor de licenciamento da secretaria de meio ambiente do estado do Piauí, Daniel Guimarães, vê nenhum impedimento para o licenciamento completo, pois suas operações não impactarão o uso local de água ou energia e irão reciclar a água doce que utilizarem. A expansão da capacidade para escala total depende da disponibilidade da rede elétrica, atualmente insuficiente, disseram executivos da empresa.

O governador do estado, Rafael Fonteles, disse que o Piauí está em uma posição favorável para abrigar projetos de hidrogênio verde, já que sua geração de eletricidade é 100% baseada em renováveis, incluindo projetos de energia solar e eólica, que recebem isenções fiscais. Isso se compara a 93,1% no Brasil em 2023, segundo dados do governo federal.

Fonteles disse que os desenvolvimentos de hidrogênio poderiam atrair outros investimentos para a região, como de produtores de aço e fertilizantes.

Potencial do Hidrogênio no Brasil

Em outras partes do Brasil, a BP Fortescue Future Industries e a EDP de Portugal assinaram memorandos de entendimento com o estado do Ceará, também no nordeste do Brasil, para estabelecer projetos de produção de hidrogênio verde no porto de Pecém.

O porto privado de Açu, no estado do Rio de Janeiro, no sudeste do país, anunciou recentemente planos iniciais para a produção economicamente viável de hidrogênio verde em parcerias com a empresa global de energia Equinor, a SPIC Brasil – uma subsidiária da empresa de energia chinesa SPIC – e a Comerc Energia do Brasil. A Eletrobras e a Prumo, a holding que desenvolve o porto de Açu, disseram em 5 de junho que estudariam a produção de hidrogênio verde e seus derivados em Açu.

Fontes do setor na conferência Citer disseram que os dois projetos no Piauí estão mais avançados porque a água para a eletrólise virá do rio, enquanto os projetos no Ceará e no Rio de Janeiro precisarão dessalinizar a água, o que é mais complicado do ponto de vista ambiental.

A esperada aprovação pelo Congresso, este ano, de uma estrutura regulatória para a produção de hidrogênio verde no país deve impulsionar os projetos de hidrogênio verde no Brasil, disseram delegados no evento.

* Este artigo foi publicado pela primeira vez, em inglês, pela S&P Global Commodity Insights.

Tradução: Taissa Melo

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