Rita Comini || Jornalista do Sebrae MT
Especialista em seguro, Celso Soares enumera os principais problemas enfrentados pela humanidade com fortes impactos econômicos, na vida e na sobrevivência das pessoas.
Entre os muitos riscos globais que afetam os negócios estão crises econômicas, doenças e pandemias, eventos climáticos extremos, ataques cibernéticos, migração involuntária, armas de destruição em massa. E há uma conectividade entre eles, ou seja, uma enchente, por exemplo, impacta a produção agrícola, a circulação de mercadorias, provoca aumento no preço dos produtos, traz desabastecimento e afeta a economia.
O apontamento é do responsável pela Área Técnica Corporativa da Zurich Seguros, Celso Soares, um dos palestrantes do Ciclos – Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios, realizado neste mês (Maio) no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá. Ele apresentou dados do relatório “Global Risque Report”, que desde 2017 aponta os maiores riscos que afetam a economia e a vida do Planeta.
Entre os riscos apontados no Relatório de 2019 estão armas de destruição em massa; muito por conta da situação entre Irã e EUA, da Coreia do Norte e sua proximidade com a Coreia do Sul e Japão, grandes centros econômicos mundiais. Ele levanta um questionamento: “Como lidar com a instabilidade de alguns regimes e de alguns políticos como o líder o supremo norte-coreano Kim Jong-um, ou mesmo o presidente norte-americano Donald Trump?”.
Outro ponto apontado é a falha em mitigar os efeitos climáticos, entre eles o aumento do nível do mar, que deixa 570 cidades costeiras em todo o mundo em situação de extrema vulnerabilidade, inclusive o Rio de Janeiro, segunda maior cidade brasileira, sem falar em Nova Iorque, Amsterdam e outras. “O impacto do aumento do nível do mar nessas cidades é enorme e o custo para remediar os possíveis problemas é de 14 trilhões de dólares”, aponta, acrescentando que a mudança climática é um problema gravíssimo e que temos apenas 12 anos para fazer as mudanças proposta no Pacto de Paris, o que dificilmente será cumprido, especialmente porque vários países estão abandonando os compromissos.
Eventos climáticos extremos também são apontados no Relatório. Celso cita como exemplo as chuvas ocorridas recentemente no Rio de Janeiro, que mataram 14 pessoas. “Seria perfeitamente possível detectar aquelas chuvas e adotar medidas preventivas, mas a gente falhou de maneira drástica”, constata.
Doenças e pandemias, como zika, saars e gripe também são motivo de preocupação. “O mundo se movimenta muito rápido, a interconectividade é absurda. Você sai de uma vila da China e chega a Nova Iorque em pouco tempo, o que amplia a possibilidade de contaminação de forma global e muito rápida”. Ele lembra que doenças tropicais como zika e febre amarela estão intimamente ligadas a desmatamentos.
Outros aspectos apontados como risco aos negócios são os ataques cibernéticos, que comprometem profundamente a vida das pessoas e das empresas. “Hoje, é cada vez mais provável haverá uma guerra cibernética com resultados catastróficos”, constata.
A migração involuntária, cada vez mais crescente no mundo é também um risco por causar disrupção. “A Síria é um exemplo e aqui na América Latina temos a Venezuela”, cita. Além disso, existem ainda os riscos humanos, ou seja, aqueles provocados por interferência de homens e empresas. O mais recente deles é, sem dúvida, o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, com 241 mortes confirmados (ainda restam desaparecidos), considerada a maior catástrofe ambiental do Brasil que causou danos ambientais brutais. Lembrou ainda o incêndio na Califórnia ocorrido em 2018, causado por um cabo de energia elétrica que se rompeu e provocou um rastro de fogo e destruição
Celso reforça a necessidade de encontrar formas de mitigar tudo isso. “A gente não tem ideia de prevenção de risco. Recuperar o estrago de um risco é nove vezes mais caro do que remediar do risco. O desafio é esse, como conversar e resolver esses problemas”, finaliza.
O Ciclos é um evento do Sistema Sebrae, organizado pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade, com apoio da ONU Meio Ambiente e Águas Cuiabá.