* Por Gabrielle Hayashi Santos
A crise climática é o maior desafio global da nossa geração. As negociações em torno das metas ambientais ganham cada vez mais destaque na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), e algo essencial está mudando no cenário global: o crescente protagonismo dos jovens líderes. A participação desses jovens tem se tornado central nas discussões e nas soluções necessárias para enfrentar as mudanças climáticas. O impacto dessa juventude é inegável, e sua liderança está transformando as políticas ambientais em um momento em que o tempo corre contra nós.
Nos últimos anos, a COP tem sido palco de importantes avanços nas negociações climáticas, mas, mais recentemente, o espaço dado às vozes jovens tem se ampliado de forma significativa. Movimentos globais, como o Fridays for Future, liderado por Greta Thunberg, mostram que os jovens não apenas compreendem a gravidade da crise, mas também são os mais afetados por ela. Esta geração será a que herda os piores impactos das mudanças climáticas, e é por isso que sua pressão por ações imediatas e compromissos concretos é tão forte. Eles não estão apenas pedindo; estão exigindo que as promessas feitas pelos líderes globais se transformem em resultados tangíveis.
Esses jovens trazem consigo um vigor renovado e a capacidade de inovar e mobilizar. Iniciativas em diversas partes do mundo, especialmente em regiões como a América Latina, África e Ásia, demonstram como soluções locais, muitas vezes lideradas por jovens, podem ser replicadas em escala global. Projetos de energia renovável, restauração de ecossistemas e políticas públicas inclusivas surgem como exemplos claros de que essa nova geração não está apenas pedindo ajuda, está criando soluções sustentáveis para enfrentar a crise. É preciso reconhecer que os jovens, vindos de regiões vulneráveis, estão na linha de frente da mitigação e adaptação climática, mostrando que têm muito a oferecer para a transição verde global.
A COP29, que ocorre este ano em Baku, Azerbaijão, destaca discussões fundamentais sobre justiça climática, com um foco renovado em como os países mais afetados pelas mudanças climáticas, especialmente os em desenvolvimento, podem receber o apoio necessário das nações mais ricas. Um dos principais avanços deste ano foi a assinatura do Pacto Verde Global para a Juventude, um acordo que visa aumentar o investimento em educação climática e em tecnologias sustentáveis, colocando a juventude no centro da transição ecológica mundial.
A influência dos jovens nas negociações foi decisiva para pressionar por metas climáticas mais ambiciosas, principalmente no que se refere à redução de emissões de carbono e ao apoio às comunidades mais vulneráveis. As negociações de Baku refletem o poder e a resiliência dessa geração, que tem se mobilizado para garantir que suas demandas sejam atendidas.
Apesar desse crescente protagonismo, os jovens ainda enfrentam desafios significativos. Barreiras como a falta de financiamento e a exclusão dos principais processos de tomada de decisão continuam a limitar o pleno potencial dessa geração de líderes climáticos. Muitos jovens enfrentam o status quo, lutando para que suas vozes sejam ouvidas e suas propostas levadas a sério. Não é mais aceitável que a juventude seja vista como participante marginal nas negociações climáticas. Eles são, e devem ser, protagonistas desse processo.
Não podemos falar sobre liderança jovem sem falar sobre educação climática. Capacitar as novas gerações para compreenderem e enfrentarem as mudanças climáticas é um caminho essencial para o futuro. Programas educacionais que fortaleçam o conhecimento sobre sustentabilidade, ciência ambiental e inovação ecológica precisam ser priorizados. Escolas, universidades e organizações precisam trabalhar juntas para garantir que essa formação seja robusta e acessível. Os jovens, por mais engajados que estejam, não podem liderar sozinhos; eles precisam das ferramentas e do conhecimento adequados para impulsionar as mudanças necessárias.
O protagonismo da juventude nos fóruns climáticos, como a COP29, evidencia que a transformação já está em andamento. Eles não apenas exigem um futuro sustentável; estão prontos para construí-lo. Para que isso se concretize, é vital que o mundo ofereça mais espaço e apoio a esses jovens líderes. A juventude tem o poder de moldar o futuro, e é nossa responsabilidade assegurar que eles tenham os recursos, a educação e a plataforma para agir. O futuro está nas mãos deles — e, por extensão, o nosso também.
*Gabrielle Hayashi Santos é consultora de educação internacional