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Mulheres tomam à frente na preservação ambiental em projeto no Tapajós

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As mulheres formaram maioria de público nas oficinas do projeto Restauração Amazônica, que visa prestar consultoria especializada em plantio local a agricultores familiares no Tapajós

O público feminino representou 63% dos 73 agricultores envolvidos no Projeto de Restauração Amazônica, na região do Tapajós. Realizado por uma parceria entre a Conservação Internacional (CI-Brasil) e o Instituto de Pesquisa Ambiental Amazônia (IPAM), o objetivo principal é a restauração de áreas degradadas, recuperação e conservação de bacias hidrográficas através do implemento de sistemas agroflorestais e manejo sustentável.

Com apoio financeiro da General Motors, o projeto envolveu três fases com associações de agricultores locais e, em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), desenvolveu oficinas e prestação de consultorias especializadas para criação de Unidades Demonstrativas de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Recuperação de áreas de preservação permanente (APPs). Algumas das sementes plantadas foram o açaí, a acerola, o ipê e o jacarandá, sendo o objetivo final o plantio de 5 mil árvores dessas árvores – nativas ou frutíferas – em áreas degradadas.

A gerente de projetos na Amazônia da CI-Brasil, Karoline Marques, diz que esse é um retrato interessante na dinâmica de gênero familiar, onde essas mulheres coletoras são provedoras de renda de suas famílias. “Além de ajudarem a conservar o patrimônio genético conseguem se inserir como provedoras de renda para a família, seja na venda direta dessas sementes ou na fabricação de artesanatos e biojóias que agregam valor aos produtos e podem ajudar a criar grupos de interação, ajudando a fortalecer essa rede”, afirma.

O projeto também envolve oferecer o conhecimento técnico para os agricultores, como ensinar os nomes científicos, por exemplo. Outra coisa oferecida foi a oportunidade de levá-los a uma área de cultivo SAF em Tomé-Açu, aprendo na prática técnicas que ajudam a melhorar as condições de desenvolvimento e resistência das plantas, além de dar frutos com mais valores. Segundo Karoline, o projeto também melhora o que já vem sendo feito, como o ajuste do sistema de irrigação e ensinar a usar as ferramentas corretas. “Esse trabalho é extremamente importante para mostrar que áreas com perda significativa de árvores matrizes podem ser restauradas por meio de SAFs ou da Regeneração Natural. Assim, espécies tão ricas que um dia existiram podem ser recuperadas”, diz.

Selma Ferreira é uma dessas mulheres agricultoras que participaram do projeto. Com 55 anos, é integrante da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra (Amabela) desde 2025 e tem uma rotina de trabalho pesada, envolvendo a criação de galinhas caipira, cultivo de plantas e sementes. Nesses processos, ela coloca em prática o que aprendeu com as oficinas: acompanhar o ciclo da terra, plantando e colhendo de acordo com um sistema agroecológico. 

Selma se envolveu com associação quando foi fundada por um grupo de mulheres interessadas no assunto, em defender a autonomia feminina e a proteção dos territórios ocupados pelos Assentamos Moju I e II, na região de Mojuí dos Campos, no Pará. Ela afirma que a iniciativa do projeto Restauração foi fundamental para que estas mulheres conhecessem sua força e as deu uma maior liberdade sobre como trabalhar em suas terras. “Hoje, meu trabalho aqui consiste em incentivá-las a plantar e a vender nas feiras para que se empoderem”, afirma.

Confira a seguir o vídeo divulgado pelo projeto com as agricultoras mulheres participantes:

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