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ESG além do crédito de carbono

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Phelipe Spielmann * | Fundador e CEO da Bluebell |
 

O investimento em práticas ESG (em português, Governança Ambiental, Social e Corporativa) deixou de ser uma tendência e tem sido uma prática que ganhou força internacional. No Brasil, o tema já é destaque na agenda do presidente recém-eleito, que prometeu priorizar as questões climáticas e de desmatamento em seu governo. Mas, à medida que a temática amadurece, surge a necessidade de quantificar o impacto e medir a performance dos investimentos.
 

De acordo com estudo publicado pela Deloitte e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), 87% das empresas listadas na B3 aumentaram sua preocupação com o ESG, incluindo o conhecimento do departamento de relações com investidores (RI) do tema. Das 475 empresas listadas na B3, 21% possuem um relatório de sustentabilidade ou focado em ESG. Já para as 92 empresas do Índice Ibovespa, esse mesmo percentual chega a 71%. Diante deste cenário, quais os tipos de métricas as empresas e os investidores podem adotar para avaliar o compromisso e a transparência no tema?
 

No que tange à pegada ambiental, já temos um importante sistema de valoração: o crédito de carbono, sendo reconhecido, inclusive, por metodologias como a da ONU (Organizações das Nações Unidas). Porém, é preciso considerar que o carbono não é tangível, diferente do solo e da água. Por isso, as empresas que apostam em ações socioambientais devem considerar os lastros como a água, o solo e a biodiversidade para serem vinculados ao ativo de redução das emissões de carbono, ou seja, trata-se de uma garantia e um fator que impacta na escolha das empresas que priorizam tais práticas. E o ESG não para por aí e vai além da descarbonização.
 

No campo social, embora seja possível medir o progresso das iniciativas, elas são mais demoradas, pois o indicador mais utilizado é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que é realizado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud). Por isso, há espaço para evoluir nessa agenda social de forma mais acelerada, adotando critérios próprios consistentes, inclusive comparativos, que permitem uma reestruturação, de fato, das mazelas sociais.
 

Destacam-se como exemplos, a distribuição de parte da receita das organizações a programas sociais e ambientais, assim como a implementação da agenda de diversidade e inclusão para desenvolver uma força de trabalho mais diversa e diminuir as lacunas sociais nos locais onde são aplicadas ações sustentáveis.
 

Já a governança corporativa, por sua vez, está mais estabelecida em relação às métricas ESG. Isso porque, dentre os princípios da agenda, este é extremamente relevante para os demais itens da pauta. Ao buscar práticas que vão além da lucratividade, as empresas melhoram a reputação entre os stakeholders, o que refletirá em aumento da carteira de clientes, atração e retenção de talentos, melhores condições para compras e obtenção de créditos e investimentos.
 

Para garantir esses benefícios, as empresas precisam investir em processos auditáveis e verificáveis como segurança, certificações e blockchain, que permitirão aos investidores e clientes aplicar ações de Due Diligence e, assim, garantir que a cadeia de valor ESG esteja em compliance com o que se prega.
 

Como vimos, com o amadurecimento do ESG, espera-se um foco maior dos investidores e das empresas em métricas para avaliar e auditar ações no tema para além do marketing. Frente ao contexto apresentado, as iniciativas adotas para avançar na divulgação ESG trarão mais transparência ao mercado, sendo essa uma evolução necessária para que o novo modelo de atuação das corporações seja, de fato, implementado e contribua para a preservação do meio ambiente e para a evolução de um mundo mais igualitário.

Phelipe Spielmann – Fundador e CEO da Bluebell

* Phelipe Spielmann é fundador e CEO da Bluebell. Empresa de tecnologia ambiental responsável por criar e administrar ativos ambientais, conectando produtores e compradores de compensação ambiental.

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