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Energia eólica – os bons ventos do Brasil

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Elisa Homem de Mello || Jornalista, correspondente da ECO21 em São Paulo

No final do mês, aconteceu em São Paulo, o 8º Encontro de Negócios ABEEólica, que reuniu importantes nomes do setor. O evento teve como objetivo proporcionar discussões e um ambiente de negócios para a indústria. O Encontro foi dividido em 3 Palestras e 4 Painéis.

Nas palestras, foram ouvidos o Presidente do Conselho da ABEEólica, Renato Volponi, que falou sobre a transformação do setor energético e os novos modelos de negócios para a indústria eólica. Segundo ele, um dos maiores desafios do setor é sanar a falta de flexibilidade e previsibilidade. Por sua vez, Carla Primavera, Superintendente da Área de Energia do BNDES, informou que o Brasil atualmente contabiliza mais de 13 GW na expansão da matriz baseada em eólicas, tendo a instituição assumindo o papel de maior financiador de renováveis do mundo, apesar de sua característica de banco investidor nacional. O BNDES enfatiza a necessidade de assumir papel chave na contribuição para a modernização do setor de energia eólica, discutindo os atributos das fontes, a difusão de novas tecnologias e o consumo eficiente. No encontro, Joaquim Caldas Rolim de Oliveira, Coordenador do Núcleo de Energia da FIEC (Federação da Indústria e Comércio do Ceará), apresentou o Atlas Eólico e Solar da região, a número 1 no ranking Brasil.

A escolha da contratação da energia eólica faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, e já tem sido a mais competitiva nos últimos leilões. Trata-se de um setor consolidado, que tem demonstrado uma vitalidade impressionante em pouco tempo, o que leva o mercado, tanto nacional quanto internacional, a crer que a energia eólica tem um futuro promissor no Brasil.

De fato, se considerarmos que a energia eólica tinha cerca de 1 GW instalado em 2011, para os atuais 15,3 GW, é um feito realmente impressionante e que corrobora a posição de destaque na matriz elétrica que ocupa esta forma de energia renovável. Os investimentos no setor, no mesmo período, foram de US$ 31,2 bilhões, sendo US$ 1,3 bilhão, apenas em 2018. Além disso, até o momento, foram gerados mais de 200 mil postos de trabalho.

Os principais painéis do Encontro discutiram modelos de negócios em tempos de transformação do setor de energia no Brasil, bem como a modernização deste modelo. Dentre os palestrantes se destacaram: Marco Krapels, da MicroPower-Comerc; Marcelo Girão, do Itau BBA; Livia Brando, da EDPBR; Ana Carla, da Megawhatt; Solange David, da CCE; Solange Ribeiro, da Neoenergia, para quem um correto modelo tarifário contribuiria para que o consumidor tivesse mais conveniências de acordo com os pacotes contratados, em contraposição aos medidores bidirecionais e, finalmente, Domingos Andreatta, Secretário Adjuntos de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia. Segundo Andreatta, os próximos passos governamentais passam por um ajuste nos sinais de preços, pela racionalização da discussão de encargos e subsídios, pela alocação adequada dos custos, pelo ajuste da expansão da oferta para garantir a financiabilidade e pela garantia da abertura de mercado com o varejista. Também participaram Eric Rego, Diretor de Estudos da EPE e, Sinval Zaidan Gama, da O.N.S. entre outros.

Já o painel “Os efeitos multiplicadores da energia eólica no Brasil” tratou do desenvolvimento social e econômico trazido pela fonte eólica. O debate contou com a participação das organizações: ABEEólica, BNDES, Marin Consultoria e ANEEL. Para Carla Primavera, o BNDES já detectou a importância da segurança, educação, saúde e meio ambiente como fatores preponderantes para a atividade econômica do país e sua boa performance junto aos investidores estrangeiros, sendo que a pergunta mais ouvida lá fora é com relação à responsabilidade em torno da Amazônia.

As novas fronteiras do setor eólico no Brasil, último painel – moderado por Robert Klein, CEO-América Latina da Voltalia – debateu o “Ambiente de Contratação Livre” (ACL) – segmento do mercado no qual se realizam as operações de compra e venda de energia elétrica, objeto de contratos bilaterais livremente negociados, conforme regras e procedimentos de comercialização específicos -, os sistemas híbridos de geração de energia, o armazenamento e as plataformas offshore.

Segundo Giovanne Fernandes, Diretor do Setor de Energia do Banco Santander, são as estruturas quem irão embasar a decolagem do mercado livre. “A festa não acabou; apenas mudou”, afirmou. Falaram ainda sobre as novas fronteiras do setor eólico: Rubens Misorelli, da Matrix Energia; Leonardo Walter da EGP; Darlan Santos, do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE) e Fernando Elias, Head de Regulação e Comercialização da Casa dos Ventos, para quem os projetos híbridos (aqueles que se conectam no mesmo ponto de conexão) são uma boa sinergia para com o setor, no que se refere à eficiência, desde que melhorem a equalização financeira entre os consumidores e a distribuidora.

De vento em popa

O Brasil já ocupa o 8º lugar no ranking mundial em capacidade instalada de energia eólica. Em 2012, estava em 15º lugar. Em 2005, o parque eólico nacional tinha capacidade instalada de geração de pouco mais de 25 MW, e chegou a marca de 48,4 TW/h em 2018, o que representou 8,6% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN), durante o período, e um crescimento de 14,6% em relação a geração do ano anterior (2017), frente ao crescimento de 1,5% de toda a geração do SIN.

Segundo dados do InfoVento, a energia eólica no Brasil tem capacidade instalada atual de 15,3 GW distribuídos por 613 parques eólicos e mais de 7 mil aerogeradores operando em 12 Estados do país. Isto significa abastecer mais de 26 milhões de lares por mês, ou seja, cerca de 78 milhões de habitantes.

De acordo com os contratos viabilizados em leilões já realizados e no mercado livre, os principais produtores de energia eólica no Brasil são: Rio Grande do Norte com 4.128,3 MW e 153 parques; Bahia com 4.034,4 MW e 161 parques; Ceará com 2045,5 MW e 79 parques; Rio Grande do Sul com 1831,9 MW e 80 parques; Piauí com 1.638,1 MW e 60 parques; Pernambuco com 782 MW e 34 parques; Maranhão com 390,9 MW e 14 parques; Santa Catarina com 238,5 MW e 14 parques; Paraíba com 157,2 MW e 15 parques; Sergipe com 34,5 MW e 1 parque; Rio de Janeiro com 28,1 MW e 1 parque e Paraná com 2,5 MW e 1 parque.

Em matéria de emissões de GEE, em 2019 foi evitado o lançamento de 21 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o equivalente a emissões de 16 milhões de automóveis. Além dos 15 GW de capacidade instalada, há outros 4,6 GW já contratados ou em construção, o que significa que, ao final de 2023, serão pelo menos 19,7 GW considerando apenas contratos já viabilizados em leilões e com outorgas do mercado livre publicadas, bem como os contratos assinados até o momento.

“Nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis”, afirma Elbia Gannoum, Presidente Executiva da ABEEólica, para quem o sucesso da matriz eólica vem acompanhado de muita responsabilidade.

Sobre a cobrança de royalties da energia eólica, Gannoum afirma que, embora seja legítimo que os Estados busquem alternativas para sanar seus problemas financeiros, não concorda com a oneração na tarifa de energia para o consumidor final. “A contribuição advinda da energia eólica desejada não se chama royalty, uma vez que o conceito de royalties passa pela exploração de um recurso finito, onde a população atingida por esta exploração é ressarcida. O vento é limpo, renovável e infinito”.

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