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Temos 30 anos para chegar ao ponto de inflexão na Amazônia

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Lúcia Chayb e René Capriles || Revista ECO21

Em 1990, o climatologista e Acadêmico, Carlos Nobre, publicou na Science um artigo onde advertia: “se desmatarmos grandes partes da Amazônia, ela se tornará uma savana”. Recentemente reiterou a sua previsão na Yale Environment 360, agora com dados científicos baseados em informações dos satélites climatológicos da NASA e da ESA e do Brasil, ele disse: “O clima pós-desmatamento não será mais um clima muito úmido, ficará mais seco, a Amazônia terá uma estação seca muito mais longa, como a das savanas tropicais da África. O que sabemos hoje é que se excedermos 40% da área desmatada a Amazônia terá um ponto de inflexão. Cerca de 60 a 70% da floresta amazônica se tornará uma savana seca. Somente no Oeste, perto dos Andes, que é muito chuvoso, a floresta amazônica ainda estará lá. Portanto, esse é o ponto de inflexão: 40% da área desmatada. Hoje já temos de 15 a 17% do desmatamento total na Amazônia. Portanto, nas atuais taxas de desmatamento, temos 20 a 30 anos para chegar a esse ponto crítico”. Segundo os cálculos do WWF-Brasil com dados do INPE, entre Janeiro e Agosto, as áreas queimadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal somaram 113.743 km2. Os cientistas do WWF-Brasil consideram que esse número representa um aumento de 87% em comparação ao mesmo período de 2018. Se a análise abarcar a média da área queimada nos últimos 3 anos, o crescimento é de 29%. Essa situação levou Ricardo Abramovay, economista e professor da USP, a se preguntar: “Não estará a Amazônia presa a um dilema insuperável entre gerar renda para os que nela vivem ou preservar a floresta? É fundamental enfrentar estas perguntas, pois elas estão na base da tentativa de imprimir algum fundamento racional àquilo que o Brasil e o mundo assistem hoje com tanto temor e indignação. O principal erro dos que toleram, compactuam ou promovem o desmatamento é não se dar conta de que desmatar a Amazônia não produz nem riqueza, nem bem-estar. Na verdade, o desmatamento é o mais importante vetor da perenização do atraso e das precárias condições de vida na região”. É consenso entre os cientistas que as queimadas em todos os países da região amazônica são, em grande parte, de origem criminosa, mas também se devem ao clima seco decorrente das mudanças climáticas. Para fazer frente a essa realidade climática, os governos do mundo agora possuem uma janela de oportunidade que ajudará a mitigar o aquecimento global ao serem adotadas novas políticas em áreas como energia, indústria e agricultura. Essa é umas das conclusões do “Sumário para Formuladores de Políticas do Relatório Especial do IPCC sobre o Aquecimento Global de 1,5°C”. Para a pesquisadora Thelma Krug, vice-Presidente do IPCC, o mundo já observa hoje consequências atribuíveis às mudanças do clima. Ela diz: “O Relatório nos mostra uma possibilidade para limitar o aquecimento a 1,5°C e que traz muito menos consequências negativas para humanos, ecossistemas e meios de sobrevivência. Há uma janela de ação possível para alcançar essa meta, embora isso requeira grandes mudanças no sistema de energia, processos industriais, agricultura, uso da terra e no comportamento humano”. Segundo ela, o objetivo do Relatório é indicar caminhos aos tomadores de decisões governamentais de como alcançar os objetivos da Convenção sobre Mudanças Climáticas. “O Relatório do IPCC serve como referência para tomada de decisão com base no conhecimento científico. Nossa expectativa é indicar as trajetórias para limitar o aquecimento e permitir aos 195 países da Convenção sobre o Clima avaliar se o esforço que estão fazendo é suficiente para alcançar a trajetória de 1,5°C até o final do século”. Infelizmente, hoje, o Brasil, está no caminho do ponto de inflexão ao ser liderado por uma visão obscurantista, com filósofos terraplanistas que negam a verdade científica das mudanças climáticas.

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