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Mudanças do clima e o setor privado

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Rodolfo Sirol ||  Vice-Presidente da Rede Brasil do Pacto Global da ONU

Luiz Carlos Xavier  ||  Coordenador do Grupo Temático de Energia e Clima da Rede Brasil do Pacto Global

Os últimos anos foram os mais quentes já registrados pelos sistemas de medição. Segundo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, órgão ligado à ONU) de 2018, as atividades humanas causaram um aumento na temperatura da Terra de aproximadamente 1°C na comparação com as médias pré-industriais.

No Brasil, o tema entrou na pauta do país há dez anos, após a criação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, e foi reforçado no Acordo de Paris com a apresentação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).

Tivemos um avanço, mas este é o momento de ampliar a ambição em relação às ações, imprimindo mais velocidade e expandindo o alcance. Por isso, nós, representantes do Pacto Global e integrantes do setor empresarial, queremos chamar a atenção das empresas para a importância do envolvimento de cada uma nesta agenda global, que vai além das legislações e regulações locais.

Levantamento da consultoria EY aponta que apenas 4% das empresas integram as práticas de sustentabilidade à gestão de riscos corporativos. O Plano Nacional de Adaptação mostra que as mudanças do clima aumentarão significativamente os riscos relacionados ao abastecimento de água, à infraestrutura e aos desastres naturais, ao sistema de saúde, à produção agrícola, à biodiversidade e aos ecossistemas, entre outras frentes.

Ao desconsiderar potenciais ameaças, a empresa ingressa em uma seara perigosa, que ameaça a perenidade de sua operação e o ambiente de negócios como um todo. A organização alemã Germanwatch indica que o Brasil está na 18ª posição entre os que mais perdem economicamente com os desastres do clima – com base em dados de 181 nações.

As emissões do país permanecem estáveis, se compararmos os dados de 2017 aos de 1990, de acordo com o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa). Apesar de o resultado ser positivo, só foi alcançado pela queda considerável nas emissões decorrentes de mudança no uso da terra e das florestas. Por outro lado, a nossa média de emissão per capita está acima da mundial: 8,5 toneladas, contra 7,5 toneladas por habitante no mundo.

O Pacto Global, principal interlocutor da ONU com o setor privado, definiu como prioridade para os próximos dois anos a obtenção de compromissos públicos por parte de 100% das empresas e organizações participantes, que suportem o objetivo de limitar o aumento da temperatura da terra a 1,5°C, em alinhamento ao Acordo de Paris.

Localmente, a Rede Brasil do Pacto Global criou o “Action4Climate Brazil”, um programa composto por projetos e ações nas frentes de mitigação, adaptação, finanças, políticas em clima e energia sustentável, direcionando esforços para que os compromissos e metas firmadas sejam baseados na ciência.

As vantagens comparativas do Brasil podem se transformar em vantagens competitivas se bem aproveitadas e direcionadas. Vamos agir, pois os nossos negócios dependem de uma atitude enérgica neste momento crucial. Convidamos as organizações a fazerem parte deste movimento e mostrarem para o mundo a força, a relevância e a maturidade do setor privado brasileiro.

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