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Abelhas, Obama e a esperança.

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Samyra Crespo | Ambientalista. ex-presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro |

Vou juntar datas e fatos. Dia 20 celebrou-se o Dia Mundial das Abelhas, esta polinizadora sem igual, responsável pela polinização de mais de 70% dos cultivares de alimentos.

Sua importância é tão grande para a nossa agricultura que levou Einstein, um dos maiores cientistas de todos os tempos a vaticinar: “Se desaparecerem as abelhas, desapareceremos com elas”.

Por isso, uma série de iniciativas estão sendo tomadas nas áreas rurais e urbanas para conservá -las, especialmente as abelhas nativas e sem ferrão.

Em todo o mundo verifica-se um declínio expressivo na população de insetos: herbicidas, agrotóxicos, desmatamento e poluição são fatores determinantes nesta ocorrência. Os insetos, especialmente os insetos úteis, têm função ecológica importante e sistêmica na manutenção da Biodiversidade.

E por falar em Biodiversidade, dia 22 de maio é o dia consagrado pela ONU para lembrarmos a importância de agirmos com racionalidade na manutenção dos recursos naturais e dos serviços ecossistêmicos que permitem a vida prosperar na Terra.

Quanto mais predamos nosso solo, água e vegetação, mais hostil tornamos o ambiente à nossa própria vida e à vida dos outros seres. Isso é fato e é grave.

Somos a primeira geração a viver as condições adversas da “crise climática ” e provavelmente a única que ainda pode deter a aceleração desse processo.

Esta sentença, simples no enunciado e terrível no seu significado é proferida por Barack Obama, na série Our Great National Parks – disponível na NETFLIX. Atualmente, temos cerca de 15% da vegetação do Planeta e 8% dos oceanos transformados em áreas protegidas. Precisamos mais. Até porque nem todos os ecossistemas estão representados.

A série produzida e narrada por Obama mostra o tesouro que cada parque marinho ou terrestre guarda e mantém a salvo da predação: ativos biológicos incalculáveis, espécies recém descobertas, adaptações incríveis como os hipopótamos que surfam ondas do mar para buscar pastagens longe de seus habitats, condores que ensinam filhotes a voar, no alto da cordilheira chilena.

Gabão, Patagônia, Grand Canyon, Costa Rica, a série desfila para nós não só a magnífica paisagem de cada parque e a vida que sustenta, mas também os esforços científicos e os ativos econômicos que muitos se tornaram para as populações locais – na prática do turismo ecológico, por exemplo.

Há muitos programas sobre a natureza no estilo “national geofraphic” disponíveis, como recurso didático ou recreação. Os protagonizados por David Attemborough, um dos maiores conservacionistas da velha guarda vivos são imperdíveis. Visualmente belos, com boa informação científica e discurso político bem dosado.

Sempre tive a convicção de que o ambientalismo necessitava de uma estética, pois é pela plasticidade que ocorre a comunicação mais eficiente. Ver, sentir, cheirar, ouvir. Mais do que ler e refletir sobre bons argumentos, a experiência de visitar um parque ou uma área agreste modifica a sensibilidade.

Sem dúvida nenhuma: séries como Blue Planet, Water Planet, e agora Our Great National Parks, contribuem muito para que um discurso estético sobre beleza & responsabilidade prevaleça sobre o catastrofismo que reina na midia hodierna. Cito estas e não as brasileiras por seu apelo universal e alcance de público.

Ter um ex-presidente da nação mais importante do mundo em termos geopolíticos, gastando seu tempo e seu dinheiro para mostrar a importância da biodiversidade é um feito digno de aplauso.

Acredito muito mais nessa parte virtuosa em que fomos, desde os anos 30, capazes de criar os parques, os santuários ecológicos e as estações de pesquisa – como na Antarctica, do que no discurso insistente de que não prestamos e vamos ferrar com tudo.

Todos os dias surgem novas tecnologias e novas frentes de pesquisa que solucionam problemas e apontam caminhos para abandonarmos a civilização baseada no uso dos combustíveis fósseis.

Há um lado são da maçã. Precisamos ampliar as hostes que estão dispostas a provar que nem todos estamos engajados na fúria da destruição. Há muita coisa bonita acontecendo, muitas ações que podem hastear, bem alta, a bandeira da esperança.

Vamos altear este mastro e colorir esta bandeira?

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