Márcia Régis | Redação Eco21 |
Quando fazemos perguntas sobre o futuro, caminhamos pelas trilhas das crenças. O coronavírus nos colocou frente a frente com as nossas crenças. Ao mesmo tempo, nos colocou diante de nossa incapacidade de controle sobre a Natureza.
Atualmente, quando tratamos das mudanças climáticas, nos deparamos com a crença de que o desenvolvimento científico poderá oferecer soluções futuras para mitigar os efeitos extremos. Mas, também, refletimos sobre a possibilidade de estarmos caminhando para a extinção da espécie humana, tendo em vista a era geológica em que vivemos, o antropoceno.
Até que ponto a ciência e a máxima do antropoceno podem controlar e determinar a vida do planeta?
Esse é o tema da entrevista do biólogo Luiz Fernando de Novaes Vianna para o Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Vianna é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, mestre em Engenharia Ambiental e doutor em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. É pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri e do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina – Ciram.
A longa entrevista traz alguns destaques, que ressaltamos a seguir.
Com as descobertas científicas associadas às ciências naturais (física, química e biologia), o homem passou a acreditar na possibilidade de controlar a Natureza. Trabalhos como os de Galileu, Lavoisier, Descartes, Newton e Einstein fortaleceram a percepção humana sobre a sua capacidade de entendimento e domínio dos fenômenos naturais.
Mas, a Teoria da Evolução de Darwin talvez seja a obra científica cuja interpretação teve mais influência nesse processo. A ideia da “lei do mais forte” que paira sobre ela é hoje a base da economia mundial. Apesar de as palavras “economia” e “ecologia” apresentarem a mesma etimologia (“oikos” = casa), hoje podem ser consideradas como água e óleo.
“Enquanto a ecologia busca entender o funcionamento da complexa teia da vida, a economia busca se apropriar da Natureza como algo que está totalmente a serviço da espécie humana”, diz Vianna.
“Assim, o antropoceno talvez seja a era do desafio de descobrir um novo estilo de vida que permita utilizarmos a etimologia oikos para que nos percebamos inseridos nela como parte integrante e não mais como proprietários.”