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Uso de herbicidas na produção de soja cresce mais de 2.200% em 30 anos, aponta estudo

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Lúcia Chayb Diretora eco21.eco.br @eco21_oficial @luciachayb luciachayb@gmail.comPor trinta anos foi a jornalista responsável pela revista ECO21 (1990/2020)

O uso de herbicidas na produção de soja no Brasil aumentou 2.274% entre 1993 e 2023, segundo o estudo “Como a soja pode liderar a transição da agricultura brasileira?”, divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Instituto Escolhas e o Instituto Folio. O levantamento relaciona o avanço ao uso isolado do plantio direto — técnica que evita o revolvimento do solo e reduz a erosão, mas que, sem práticas complementares, tem levado ao aumento do uso de agrotóxicos.

De acordo com o estudo, o plantio direto expandiu 11% ao ano no período, o mesmo ritmo de crescimento do uso de herbicidas sintéticos. O problema é que a maioria dos produtores brasileiros adota o sistema de forma incompleta, sem práticas como rotação de culturas, adubação verde ou cobertura viva do solo.

“Sem integração com outras práticas de conservação, o plantio direto isolado substitui um impacto negativo, o da erosão, por outro, o do uso intensivo de agrotóxicos”, explica Jaqueline Ferreira, coordenadora do estudo.

Ela lembra que o uso excessivo de herbicidas reduz a vida microbiana do solo e pode comprometer a produtividade a longo prazo.

O uso crescente de insumos sintéticos também pressiona a rentabilidade das lavouras. Em 1993, 1 kg de agrotóxico produzia 23 sacas de soja; em 2023, essa mesma quantidade gerava apenas sete. Entre 2013 e 2023, os gastos com sementes, agrotóxicos e fertilizantes subiram 8% ao ano.

A pesquisa ouviu 34 produtores de Mato Grosso, Goiás e Paraná, com propriedades que somam 88 mil hectares. Todos os produtores convencionais entrevistados utilizam o plantio direto, mas apenas 31% adotam rotação de culturas e 15% praticam adubação verde.

Para o Instituto Escolhas, a soja — que responde por 46% da área cultivada do país — pode liderar a transição para uma agricultura mais sustentável, desde que haja políticas públicas e investimentos adequados. O estudo recomenda cinco ações prioritárias: ampliar o uso do Sistema de Plantio Direto completo, incluir a defesa vegetal nas metas de bioinsumos do Plano ABC+, aumentar os investimentos em fertilizantes orgânicos, incentivar o desenvolvimento de biodefensivos e fortalecer a pesquisa e assistência técnica ao produtor.

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