* Por Samyra Crespo
Na última quinta (26), nosso querido amigo, o jornalista André Trigueiro recebeu a Medalha Tiradentes, um reconhecimento que as autoridades constituídas fazem a cidadãos de grande mérito.
Eu sou daquelas que viu o país abastardar seus símbolos, premiações, comendas e honoríficos. Nos seis anos Temer-Bolsonaro, o orgulho de ser brasileira derreteu no calor do discurso do ódio e na decepção de ver canalhas recebendo homenagens. Um estelionato ético.
Então, quando André, merecidamente, recebe esse reconhecimento público, meu coração endurecido se enternece.
André é figura pública e não precisa de apresentações. Eu o conheço há 30 anos e fui por um tempo pequeno sua professora no curso Teoria e Práxis do Meio Ambiente (no ISER).
O curso era uma espécie de catequese para ativistas e o André era um jovem iniciando sua carreira no jornalismo.
Um dia me procurou e despediu-se, antes de concluir o curso: tinha sido convidado para ser âncora na iniciante GloboNews.
Dali em diante, só foi crescimento, prestígio e para mim um prazer ver sua estrela brilhar.
Poderia falar horas sobre todas as qualidades louváveis que identifico no jornalista André Trigueiro, mas destaco duas: a ética e o compromisso claro, transparente com a causa.
Ele é ambientalista ‘de carteirinha’ e estudioso.
Investiga a fundo, tem coragem, hoje é mestre e mentor de colegas.
Para mim, ele integra com grande mérito e brilho uma tradição jornalística que vem sedimentando o ‘jornalismo ambiental.
Nesta tradição estão nomes como o do saudoso Randau Marques, o também pioneiro Washington Novais, Liana John, René Capriles, todos infelizmente já falecidos, e os ainda atuantes Dal Marcondes e Ricardo Arnt, Daniela Chiarelli, Maristela Crispim, Amelia Gonzales, Sérgio Abranches e ainda a Miriam Leitão.
É uma turma exemplar.
Conheci todos pessoalmente e posso aqui, que boa oportunidade, agradecer publicamente o quanto me inspirararam e ainda inspiram.
André pertence a essa linhagem.
A medalha que hoje receberá tem duas inscrições: uma visível, a dos homens e outra espiritual: a de seus guardiões que estão em outro plano. Todos sabem que André é espírita e se considera um homem em missão.
O mundo está precisando de exemplos como André.
Os jovens precisam acreditar que ainda há esperança.
E André a traz nos olhos e na palavra.
Parabéns querido amigo, por esse dia auspicioso.
* Samyra Crespo é ambientalista, coordenou a série de pesquisas nacionais intitulada “O que o Brasileiro pensa do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável” (1992-2012). Foi uma das coordenadoras do Documento Temático Cidades Sustentáveis da Agenda 21 Brasileira, 2002. Pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins/RJ. Ex-Gestora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.