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Dia da Caatinga: imagens de satélite revelam os cinco municípios que mais desmatam nos nove estados do bioma

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O levantamento derivado do Sistema de Alertas de Desmatamento – SAD Caatinga, parte integrante do MapBiomas Alerta, feito a partir de imagens de satélite, mostra que o desmatamento continua avançando sobre a Caatinga: foram 115.894 hectares em 2021 contra de 68.304 hectares em 2020 – um aumento de 70% em apenas um ano. Desse total, 80,7% foram desmatados em apenas quatro dos nove estados do bioma: Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí.

Os dados fazem parte de um levantamento que o MapBiomas apresentará em webinar com o WRI Brasil no Dia Nacional da Caatinga, celebrado em 28 de abril. O objetivo é destacar as conexões entre o uso da terra e o desenvolvimento sustentável da região. Para participar, basta fazer a inscrição aqui.

“Além da concentração do desmatamento em quatro dos nove estados do bioma, é possível constatar que, em todos eles, a maior parte do desmatamento se dá em poucos municípios. No caso de Sergipe, Minas Gerais e Piauí e, por exemplo, cinco municípios responderam por 65,7%, 43,3% e 37,1% da área desmatada nesses estados, respectivamente”, explica Washington Rocha, coordenador do mapeamento da Caatinga do MapBiomas. “Esses dados certamente podem ajudar os governos a fiscalizar a legalidade dessa supressão de vegetação natural”, completa.

“O bioma Caatinga é um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas no Brasil, e o avanço da degradação nesse ecossistema preocupa”, ressalta Jeferson Ferreira-Ferreira, Coordenador de Ciência de Dados do WRI Brasil. “Porém há uma enorme oportunidade de desenvolvimento sustentável na reversão desse quadro. Nossa experiência mostra que é possível restaurar a vegetação nativa e, ao mesmo tempo, garantir a geração de renda para as famílias envolvidas”, ressalta.

Os números de desmatamento

O MapBiomas mostra o desmatamento dos biomas de duas formas: pelo número de alertas identificados e a área desmatada. O número de alertas mostra quantas foram as ações de desmatamento. Mas como a área desmatada pode variar a cada alerta emitido, o MapBiomas também fornece os hectares de vegetação natural suprimida.

Em número de alertas, ou seja, de ações de desmatamento identificadas, houve um salto de 87% entre 2020 e 2021, passando de 5.645 para

10.571. Bahia (3.080), Ceará (2.564), Pernambuco (1.532) e Piauí (1.074) concentraram 78% (8.250 alertas) do total de alertas identificados em 2021.

Em termos de área, foram desmatados 115.894 hectares, o que representa um aumento de 70% em área desmatada em comparação com o ano de 2020 com

68.304 hectares. A área desmatada na Bahia (46.811 hectares), Ceará (20.584 hectares), Pernambuco (14.149 hectares) e Piauí (12.023 hectares), totalizou 93.568 hectares, correspondendo a 80,7% da área desmatada em 2021.

A agricultura aparece como o principal vetor de desmatamento, tanto quando analisamos o número de alertas (73%, ou 7.716 dos alertas identificados em 2021), como quando contabilizamos a área desmatada (74%, ou 85.762 hectares do total desmatado em 2021).

Também aumentou o número de municípios que apresentaram ao menos um alerta de desmatamento identificado: eles passaram de 712, em 2020, para 938 em 2021, número que equivale a 77,6% de todos os municípios da Caatinga.

Os municípios que concentram as maiores áreas de Caatinga desmatadas são Jeremoabo (BA), com 3.708 hectares; Parnaguá (PI), com 3.147 hectares; Wanderley (BA), com 2.586 hectares; Santa Rita de Cássia (BA), com 2.394 hectares; e Santana (BA), com 2.068 hectares.

Confira a seguir a relação dos municípios que mais desmatam em cada um dos nove estados da Caatinga:

ALAGOAS – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Minador do Negrão, Major Isidoro) representa 48,1% do total de alertas identificados no estado da Alagoas em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Belo Monte, Santana do Ipanema, Cacimbinhas, Minador do Negrão, Maravilha. Juntos, eles respondem por 62,3% do total (490 hectares de um total de 786 hectares).

BAHIA – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Santa Rita de Cássia, Riacho de Santana, Buritirama, Angical, Livramento de Nossa Senhora) representa 15,6% do total de alertas identificados no estado da Bahia em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Jeremoabo, Wanderley, Santa Rita de Cássia, Santana, Barra. Juntos, eles respondem por 28,5% do total (12.485 hectares de um total de 4.6811 hectares).

CEARÁ – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Crateús, Quixeramobim, Parambu, Icó, Salitre) representa 14,5% do total de alertas identificados no estado do Ceará em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Crateús, Jucás, Caucaia, Beberibe, Quixeramobim. Juntos, eles respondem por 19% do total (3.913 hectares de um total de 20.584 hectares).

MINAS GERAIS – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Francisco Sá, Porteirinha, Pai Pedro, São Francisco, Jaíba) representa 44,4% do total de alertas identificados no estado de Minas Gerais em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Capitão Enéas, Jaíba, Francisco Sá, Pai Pedro, Manga. Juntos, eles respondem por 43,4% do total (3.183 hectares de um total de 7.338 hectares).

PARAÍBA – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Princesa Isabel, Catolé do Rocha, Juru, Tavares, Manaíra) representa 17% do total de alertas identificados no

estado da Paraíba em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Pombal, Coremas, Princesa Isabel, Tacima, São Bento. Juntos, eles respondem por 19% do total (1.277 hectares de um total de 6842 hectares).

PERNAMBUCO – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Dormentes, Petrolina, Serra Talhada, São José do Belmonte, Custódia) representa 25,8% do total de alertas identificados no estado de Pernambuco em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Dormentes, Petrolina, Custódia, Exu, Serra Talhada. Juntos, eles respondem por 27,9% do total (3.948 hectares de um total de 14.149 hectares).

PIAUÍ – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Parnaguá, Júlio Borges, Jacobina do Piauí, Pio IX, Curimatá) representa 21,9% do total de alertas identificados no estado do Piauí em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Parnaguá, Pajeú do Piauí, Pimenteiras, Cocal, Jacobina do Piauí. Juntos, eles respondem por 37,1% do total (4.465 hectares de um total de 12.023 hectares).

RIO GRANDE DO NORTE – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Serra do Mel, Marcelino Vieira, Ielmo Marinho, Mossoró, Baraúna) representa 20,1% do total de alertas identificados no estado do Rio Grande do Norte em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Mossoró, Serra do Mel, Serrinha, Marcelino Vieira, Taipu. Juntos, eles respondem por 29,9% do total (1.977 hectares de um total de 6.618,9 hectares).

SERGIPE – A soma do número de alertas identificados nos cinco municípios com maior número de alertas (Porto da Folha, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Gracho Cardoso, Gararu) representa 68,6% do total de alertas identificados no estado de Sergipe em 2021. Em área desmatada, os municípios líderes em desmatamento são Monte Alegre de Sergipe, Porto da Folha, Nossa Senhora da Glória, Gracho Cardoso,

Canindé de São Francisco. Juntos, eles respondem por 82,4% do total (611 hectares de um total de 742 hectares).

Sobre Sistema de Alerta de Desmatamento – SAD Caatinga: Iniciativa multi-institucional, que envolve a Universidade Estadual de Feira de Santana e o Programa de Pós Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente e a empresa de tecnologia Geodatin. O SAD Caatinga é focado em monitorar o desmatamento, em áreas áridas e semi áridas da América do Sul. O SAD Caatinga representa a primeira iniciativa a construir e consolidar uma ferramenta de monitoramento baseada em satélites de observação da terra calibrado especificamente às matas secas como o bioma Caatinga.

Sobre MapBiomas: Iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa: mapbiomas.org . Além disso, a rede MapBiomas ampliou- se para outras regiões e países como na Amazônia, Chaco, Bosque Atlântico, Pampa Sul-americano e Indonésia, como também gera outros produtos como MapBiomas Alerta, MapBiomas Fogo e MapBiomas Água.

Sobre o MapBiomas Alerta: Sistema que consolida informações fornecidas pelos vários sistemas que monitoram o desmatamento no Brasil, tais como: DETER/INPE, SAD/IMAZON, GLAD/Univ. Maryland, SIRAD-X/ISA, SAD

Caatinga/Geodatin/UEFS, SAD Pantanal/SOS Pantanal-ArcPlan e SAD Mata Atlântica/SOS Mata Atlântica-ArcPlan. Cada alerta é validado e refinado, gerando um laudo com imagens de satélite diárias em alta resolução espacial do antes e depois do desmatamento, além dos possíveis cruzamentos com limites geográficos, recortes fundiários e situação administrativa . O resultado é um laudo completo para cada evento de

desmatamento detectado no Brasil. Todos os dados e laudos são disponibilizados de forma pública e gratuita em plataforma web para que órgãos de fiscalização, agentes financeiros, empresas e sociedade civil possam agir para reduzir o desmatamento ilegal.

Sobre o WRI Brasil

O WRI Brasil é um instituto de pesquisa que transforma grandes ideias em ações para promover a proteção do meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano. Atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções sustentáveis em clima, florestas e cidades. Alia excelência técnica à articulação política e trabalha em parceria com governos, empresas, academia e sociedade civil.

O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI), instituição global de pesquisa com atuação em mais de 60 países. O WRI conta com o conhecimento de aproximadamente 1.000 profissionais em escritórios no Brasil, China, Estados Unidos, Europa, México, Índia, Indonésia e África. Mais informações no site da organização.

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