Samyra Crespo || Ambientalista, coordenou a série de pesquisas nacionais intitulada “O que o Brasileiro pensa do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável” (1992-2012). Foi uma das coordenadoras do Documento Temático Cidades Sustentáveis da Agenda 21 Brasileira, 2002. Pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins/RJ. Ex-Gestora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Hoje (17 de julho) é o Dia Mundial de Proteção das Florestas. É uma tarefa global. Mas a proteção global depende das iniciativas sub regionais e nacionais.
A proteção dos remanescentes de florestas no mundo entrou na pauta do G-7 em 2019. Nessa ocasião o Brasil falou em “soberania” e vem, desde então, sustentando um discurso dúbio. De um lado busca combater o desmate ilegal, e de outro defende uma economia tradicional para a Amazônia, por exemplo – com garimpo e mais terras públicas griladas para a produção. Sem falar na determinação de rever as reservas indígenas.
Agora chove na Amazônia, e começa o flagelo do pantanal e do cerrado com a seca.
Todas as previsões são de seca severa no centro-sul do País.
Sob qualquer ângulo que se observe, o Brasil está na contramão da conservação das florestas e da proteção da biodiversidade. Nada a celebrar!
Uma pequena luz verde – a da esperança – se acende nesse túnel de fumaça e troncos derrubados com arrasto de correntes: trata-se da iniciativa do governador Flávio Dino (Maranhão) de reunir os 9 estados da Amazônia num Plano de Recuperação Florestal da região. Isso tem escala e pode ser bem positivo.
Tomara que esta iniciativa prospere. Desde já é imperativo que nos engajemos em ações como estas. Outra iniciativa digna de nota são os Planos Municipais da Mata Atlântica, coordenados tecnicamente pela Ong SOS Mata Atlântica, que visam conter o desmate do bioma mais ameaçado do Brasil.
Com a transferência da responsabilidade sobre os dados do desmatamento para o Ministério da Agricultura e o anúncio de que os alertas de desmatamento do DETER não mais serão públicos, não há motivos psra considerar, que após a saída do ex ministro Salles, algo mudou na política ‘ecocida’ de Jair Bolsonaro. Ao contrário, o cerceamento à informação nos diz que vai piorar.