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Como envelhecer saudável em meio ao aquecimento global?

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Lúcia Chayb Diretora eco21.eco.br @eco21_oficial @luciachayb luciachayb@gmail.comPor trinta anos foi a jornalista responsável pela revista ECO21 (1990/2020)

Fabio Barros

Mudanças climáticas afetam saúde dos idosos e exigem cuidados extras

Um homem idoso, morador de uma zona rural da Amazônia, apresentou falta de ar, tosse persistente e chiado no peito, necessitando de atendimento de urgência e uso de oxigenoterapia. O motivo? Ele vivia em uma área atingida por queimadas intensas, que prejudicaram sua saúde, já fragilizada pela Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Esse caso é uma vitrine exata de como a saúde da população idosa está sendo impactada atualmente pelas mudanças climáticas.

Segundo uma projeção feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em cerca de 40 anos, 75,3 milhões de cidadãos serão pessoas idosas. Junto a esse crescimento populacional, os eventos climáticos extremos também seguem aumentando consideravelmente. Dentro desse contexto, a Organização das Nações Unidas (ONU) destacou, em um relatório lançado em 2022, a importância da atenção às pessoas da terceira idade, tendo em vista a vulnerabilidade da saúde e o perigo da exposição a situações de risco para essa parcela da sociedade.

“As mudanças climáticas estão afetando a saúde humana por conta do aumento da temperatura, principalmente em regiões tropicais como o Brasil, e isso faz com que o sistema orgânico fique mais vulnerável e estressado por conta da variação do tempo. Nos trópicos, há aumento da proliferação de doenças transmitidas por vetores, causando epidemias locais que, se não forem controladas, podem se tornar pandemias”, explica Amanda Mello, mestre em Patologia das Doenças Tropicais e docente da Estácio no curso de Farmácia.

Em 2023, uma pesquisa divulgada pela revista The Lancet apresentou dados alarmantes: as mortes relacionadas ao calor extremo entre pessoas com mais de 65 anos aumentaram 167% desde 1990. Já um estudo realizado pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, revelou que mais de 70% dos idosos estadunidenses passaram por desastres ou alterações climáticas críticas.

Outro exemplo que impacta a saúde do público acima de 60 anos em relação ao aquecimento global é a perda de redes de apoio e o deslocamento forçado. Nas enchentes do Rio Grande do Sul, no ano passado, milhares de famílias precisaram sair às pressas de suas residências, causando impactos sociais e emocionais negativos aos sobreviventes.

A especialista Amanda Mello ressalta que a sazonalidade da temperatura é um dos principais agravantes da saúde de populações vulneráveis. “Ora está quente, ora está frio. Essa mudança brusca de temperatura é sentida por idosos, principalmente aqueles com histórico de doenças como artrite, artrose e reumatismo, tornando-os mais fragilizados e suscetíveis a gatilhos para outras doenças”, afirma.

Na Amazônia, doenças como dengue, zika, malária e chikungunya se intensificam com a irregularidade de calor e chuvas. Episódios de queimadas prejudicam pessoas com doenças respiratórias, como asma, bronquite e DPOC, enquanto o calor intenso pode causar desidratação, pressão alta e até descompensação cardíaca. Em outra perspectiva, a falta de saneamento básico e enchentes pode ocasionar doenças diarreicas e leptospirose por conta da contaminação de água, alimentos e ambientes.

Evandro Rios Soté, docente de IDOMED e médico de Família e Comunidade, sinaliza que o cuidado com pessoas idosas deve ser ainda maior na realidade em que vivemos. “Para idosos, é essencial evitar sair de casa em horários de maior calor ou fumaça, manter medicamentos armazenados em local seguro, usar máscaras simples (PFF2 ou TNT) em dias de fumaça intensa e redobrar a atenção ao controle de pressão, glicemia e função respiratória. Se alguém apresentar cansaço extremo, tontura, desmaio, falta de ar ou chiado no peito, diarreia, vômito, febre após enchentes, inchaço, palpitações ou dor no peito em períodos de estresse ambiental, deve procurar ajuda imediatamente”, orienta.

Em síntese, as mudanças climáticas têm impactos diretos na saúde da população, e é fundamental que o setor da saúde atue de forma integrada com educação e políticas públicas para minimizar esses efeitos. Para Amanda Mello, a conscientização da sociedade sobre a importância de preservar o meio ambiente é crucial, pois “um ecossistema equilibrado contribui diretamente para a manutenção de uma vida saudável e para a prevenção de doenças”.

No cotidiano, pequenas atitudes também fazem diferença. “Consumir água filtrada, fervida ou mineral, manter a casa limpa e protegida contra mosquitos, evitar queimadas, usar roupas leves e chapéus em atividades ao sol e valorizar o plantio de árvores e áreas verdes são medidas simples que ajudam a reduzir riscos à saúde e contribuem para um meio ambiente mais equilibrado”, finaliza o médico Evandro.

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