Na proposta, prefeitos pedem investimento público anual de US$ 800 bilhões até 2030 e destacam cidades como catalisadoras de mudanças, com foco em clima, inclusão social e mais acesso a financiamentos sustentáveis
Neste domingo (17/11), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ao lado das prefeitas de Freetown, Yvonne Aki-Sawyer, e de Paris, Anne Hidalgo, entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o comunicado oficial do Urban 20 (U20). O documento reúne propostas de mais de 100 cidades e será levado à Cúpula do G20, que começa nesta segunda-feira (18) no Museu de Arte Moderna (MAM).
O presidente Lula ressaltou a importância do encontro do U20 ocorrer às vésperas da Cúpula do G20, destacando o protagonismo das cidades na busca por soluções globais. “É fundamental que este encontro ocorra às vésperas da cúpula do G20. Os municípios são catalisadores de mudanças profundas. Algumas cidades como Santiago, Nova York e Paris produzem mais que muitos países do mundo”, destacou.
O presidente brasileiro destacou ainda que a riqueza gerada pelas megalópoles muitas vezes não se traduz em melhorias para seus habitantes. “A imensa riqueza gerada nas megalópoles não chega ao bolso das pessoas que as habitam. Um quarto dos habitantes do planeta vivem em assentamentos precários. O combate às desigualdades e à pobreza é central, porque o lugar onde as pessoas moram é determinante”, afirmou.
O comunicado do U20 reforça a necessidade de facilitar o acesso das cidades a financiamentos para enfrentar a crise do clima e avançar em temas de inclusão social. Entre as reivindicações, destaca-se a criação de um fundo de garantias para Cidades Verdes, a fim de viabilizar projetos sustentáveis.
O presidente brasileiro reforçou que as cidades não podem ser negligenciadas nos mecanismos da transição climática. “Existe um déficit de financiamento urbano que não consegue chegar. As cidades concentram desafios, mas também as soluções que buscamos. Não será possível construir uma nova governança urbana sem que as cidades sejam ouvidas”, defendeu.
Lula também enfatizou a importância do planejamento urbano na transição ecológica e lembrou do impacto de políticas habitacionais como o programa Minha Casa Minha Vida, que ajudaram a reduzir desigualdades. Ele advogou por um pacto federativo como prioridade. “O planejamento urbano terá papel crucial na transição ecológica, e precisamos escutar a voz das cidades”, declarou
Apoio internacional e novos compromissos
Mark Watts, diretor executivo do C40 Cities, destacou o empenho da rede em enfrentar a crise do clima, apontando que 42 cidades já reduziram suas emissões. Para ele, a colaboração entre cidades é essencial para o avanço global. “Estamos trabalhando para reduzir as desigualdades no Sul Global, e o Brasil tem avançado nesse sentido por meio de suas pautas no G20. O enfrentamento da crise climática só será possível se trabalharmos em conjunto. Não haverá ação eficaz sem o protagonismo das cidades”, observou.
Já Eduardo Paes ressaltou o pedido de investimento público anual de US$ 800 bilhões até 2030 para ações climáticas em áreas urbanas. “Precisamos de melhor e mais rápido acesso aos financiamentos internacionais para garantir infraestrutura que sustente a segurança socioeconômica das nossas comunidades”, apontou.
Participando como convidado, o presidente do Chile, Gabriel Boric, falou da importância do engajamento das cidades no enfrentamento das crises climática e social. O Chile foi convidado a participar do fórum, que reuniu líderes municipais de todo o mundo para debater soluções conjuntas. “Essa organização que surge das cidades do mundo inteiro é importante. Participei de reuniões com líderes de vários países, e é essencial que os prefeitos aqui presentes mostrem aos líderes quem somos. Não tem sentido fazer políticas públicas sem o envolvimento de todos vocês”, afirmou.
Com mais de 4,5 mil participantes credenciados, o U20 no Rio foi marcado pela abertura ao público e pelo engajamento em temas sociais e culturais. O evento trouxe um tom inovador ao G20, conectando debates técnicos a questões do cotidiano das cidades e reafirmando seu papel como agentes de transformação global.