22.9 C
Rio de Janeiro
spot_imgspot_img
spot_img

Crianças e adolescentes entregam carta com recomendações a líderes do G20

Mais lidas

eco21
eco21https://eco21.eco.br
Nossa missão é semear informação ambiental de qualidade.

Adolescentes brasileiras entregam carta com recomendações a líderes do G20 durante evento de alto nível; carta reforça a importância de garantir a participação e direitos de crianças e adolescentes nas discussões globais

Julia, Maria Eduarda e Ynara* participaram, durante o G20 Social, do “Evento de Alto Nível: G20 e os Direitos de Crianças e Adolescentes”, da Save the Children e Plan International Brasil, e entregaram a autoridades do Brasil e da África do Sul uma carta com recomendações de crianças e adolescentes a líderes do G20. 

Estiveram presentes na entrega a Ministra dos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo; o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias; Mongezi Mnguni, Diretor de Desenvolvimento Econômico do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação e Coordenador do G20 para a África do Sul; o diretor de Programas e Advocacia da Plan International Brasil, Flavio Debique; o diretor Executivo de Política Global, Advocacia e Campanhas da Save the Children, Rotimy Djossaya; o gerente de Relações Governamentais do Instituto Alana, Renato Godoy; a Sherpa do C20 no Brasil, Alessandra Nilo; e o sub-Sherpa do G20 no Ministério das Relações Exteriores, Felipe Hess.

A carta é resultado de uma consulta global realizada com 50 mil crianças e adolescentes de 60 países, conduzida pela Plan International e Save the Children, e apoiada pelo grupo “Crianças no G20”. O documento reúne suas vozes e destaca temas urgentes, como mudanças climáticas, economias justas, o combate à fome e à pobreza, a reforma da governança global e a promoção da igualdade de gênero e racial.

Leia na íntegra

Excelentíssimos e Excelentíssimas Líderes de Estado e de Governo do G20, 

Nós, crianças e adolescentes de várias partes do mundo, apresentamos essa carta a líderes do G20 para exigir o reconhecimento dos direitos das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e econômica nesse processo. Suas decisões moldam o presente e o futuro que herdamos, e não podemos aceitar que nossas necessidades e aspirações sejam ignoradas. 

Esta carta reflete as perspectivas de milhares de crianças e adolescentes ao redor do mundo. Realidades diversas, mas com desafios comuns. Mudanças climáticas, fome, pobreza, e desigualdades sociais e econômicas não são apenas questões para pessoas adultas — elas têm impactos devastadores em nossas vidas, nossa saúde, bem estar e capacidade de crescer e aprender. Não podemos mais esperar por promessas vazias. Estamos vivendo as consequências de inações, e a urgência de uma mudança não pode mais ser subestimada. 

Nossas recomendações a líderes do G20 são claras: 

1. AÇÃO CLIMÁTICA IMEDIATA: O impacto das mudanças climáticas é brutal e presente. Secas, queimadas, inundações e poluição destroem nossa saúde física e mental, ameaçam nosso acesso à água limpa e comprometem nossa alimentação, especialmente em comunidades vulneráveis. Exigimos que o G20 atue com prioridade na redução de emissões de gases de efeito estufa, na proteção das florestas e que nos envolva nas decisões climáticas aos níveis local, nacional, regional e global. Nós sentimos na pele a urgência de agir — vocês também deveriam. 

2. COMBATE À FOME E À POBREZA: A insegurança alimentar não é uma estatística distante para nós; é uma realidade cruel. Crianças negras, indígenas e de comunidades rurais e as meninas sofrem desproporcionalmente com a falta de alimento e oportunidades de estudo. Exigimos políticas que garantam alimentos e assistência para crianças em situação de rua ou deslocadas. Queremos uma infância em que lutar pela sobrevivência não seja nossa primeira lição de vida. 

3. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA EFETIVA: Não toleramos mais sermos ignorados e ignoradas. Participamos de reuniões e discussões, mas nossas propostas são frequentemente desconsideradas. Exigimos espaços reais de formação e participação política, acesso à tecnologia e envolvimento em todas as decisões políticas que nos impactam diretamente, inclusive a nível global. 

4. EQUIDADE ECONÔMICA E INVESTIMENTOS JUSTOS: A pobreza e a desigualdade nos impedem de crescer com dignidade e oportunidades iguais. Exigimos investimentos robustos em educação e apoio às nossas famílias, para que possamos construir um futuro digno. 

5. IGUALDADE DE GÊNERO E JUSTIÇA ÉTNICO-RACIAL: Meninas, crianças e adolescentes negras e negros, indígenas e de comunidades tradicionais enfrentam violência e exclusão diariamente. A educação deve combater estereótipos, e as políticas públicas precisam apoiar economicamente esses grupos. Não toleraremos desigualdade. 

Esperamos que esta carta enseje em cada um(a) de vocês a responsabilidade de agir. Exigimos uma transformação real no sistema educacional, equidade, erradicação da fome e da pobreza, justiça climática e programas de financiamento que priorizem o bem-estar de cada criança e adolescente. Queremos que a infância e a adolescência sejam preservadas em sua plenitude e paz. Esse é o mínimo para construir um presente e um futuro mais justo e um planeta mais sustentável, em que possamos crescer saudáveis e em segurança. 

Com a força de nossa voz e a firmeza de nossa esperança, 

Crianças e Adolescentes da América Latina, Caribe, África, Ásia e Europa

__

O grupo “Crianças no G20” é composto por Save the Children, Plan International, Instituto Alana, ANDI – Comunicação e Direitos, Childhood, FamilyTalks, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Promundo, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI/PUC-Rio), Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes, Associação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEc+), Soulbeegood, Vertentes – Ecossistema de Saúde Mental, Global Mental Health Action Network, Instituto Árvores Vivas para Conservação e Cultura Ambiental, Instituto Jô Clemente e Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), Orygen, ItotheN e Catalyst 2030.

* Por questões de salvaguarda, os sobrenomes das adolescentes não serão divulgados.

Notícias relacionadas

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Últimas notícias

- Advertisement -spot_img