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Como ousam?! O grito de Greta para evitar os pontos de não-retorno

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Lúcia Chayb e René Capriles || ECO21

No “Relatório Oceano e Criosfera num Clima em Mudança”, o informe especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), aprovado em Setembro último pelos 195 governos membros desse órgão, se destaca a necessidade de atuar urgentemente priorizando iniciativas ambiciosas que permitam enfrentar as mudanças que estão acontecendo nos oceanos polares e na criosfera. “É possível que, para muitas pessoas, o Ártico, a Antártida e as montanhas mais altas, como o Himalaia, pareçam muito distantes; mas, dependemos dessas regiões, que incidem nas nossas vidas de forma muito diversa no referente ao tempo e ao clima, a alimentação e a água, a energia, o comércio, o transporte, o turismo, a saúde, a cultura e a identidade”, disse Hoesung Lee, Presidente do IPCC. Algumas das pesquisas científicas mais preocupantes sobre a crise climática revelam que ela pode não acontecer de forma linear, mas numa série de ondas à medida que são ultrapassados vários “pontos de inflexão”. Esses pontos de inflexão podem formar uma cascata, cada um provocando outros, criando uma mudança irreversível num mundo mais quente. O novo estudo sugere que as mudanças na circulação oceânica podem ser o estopim dessa cascata. Também há indícios de que exceder os pontos de inflexão num ecossistema, como a perda de gelo do Ártico ou as queimadas das florestas tropicais, pode aumentar o risco de juntar os pontos, revelou um grupo de cientistas na revista Nature. “Estamos falando de um ponto sem retorno, quando podemos perder o controle desses ecossistemas e, hoje, há um risco significativo de acontecer isso. Não serão as mesmas condições com um pouco mais de calor ou um pouco mais de chuva, é um processo em cascata que fica fora de controle”, disse Will Steffen, pesquisador da Universidade Nacional da Austrália. De forma paralela, mais de 11.000 cientistas emitiram um novo aviso sobre a mudança climática. “Pode-se afirmar que o atraso das ações é muito grande. Do derretimento das calotas polares às florestas em extinção e ao degelo do permafrost, o risco de mudanças bruscas e irreversíveis é muito maior do que se pensava há alguns anos. Os seres humanos estão jogando roleta russa com o clima da Terra, ignorando o risco crescente dos pontos de inflexão que, se ultrapassados, poderiam levar o sistema climático a um novo estado menos habitável”, alertaram os cientistas antes da COP25. Caminhamos para o consenso de que o clima rapidamente degradado e já excessivamente perigoso agora é oficialmente uma emergência. Esses cientistas publicaram na revista BioScience: “Há 40 anos, cientistas de 50 nações se reuniram na Iª Conferência Mundial do Clima (Genebra, 1979) e concordaram que tendências alarmantes para a mudança climática tornavam necessário agir urgentemente. Desde então, alarmes semelhantes foram feitos na RIO-92, no Protocolo de Kyoto (1997) e no Acordo de Paris (2015), além de dezenas de avisos explícitos dos cientistas sobre a insuficiência das ações”. As emissões de Gases de Efeito Estufa estão aumentando rapidamente com efeitos cada vez mais prejudiciais para o clima da Terra. “40 anos de urgência para agir, e o que fizemos?”, se pergunta Bruce Melton, da Climate Change Now Initiative e acrescenta: “Colocamos a máquina ao contrário. O país responsável pela maior quantidade de poluição já emitida para a atmosfera, os EUA, abandonou todos os mecanismos e estratégias de combate à crise climática”. A Convenção sobre Biodiversidade já advertiu que estamos perante a maior extinção em massa de plantas e animais. Os polinizadores são dizimados pelos agrotóxicos e a desertificação avança assustadoramente. Espera-se que na COP-25 os delegados ouçam o grito de Greta Thunberg: “Como ousam?” e não culpem Leonardo DiCaprio de ser o responsável pela destruição da Amazônia.

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