Secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal afirma que conferência será um marco de implementação e de integração entre Amazônia e Brasil
Por Por Rafaela Ferreira/COP30
O Enviado Especial da COP30 com foco em governos subnacionais amazônicos e secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal, Marcello Brito, afirma que esta será a “COP da implementação”. Na continuação da série de reportagens sobre os Enviados Especiais, o também diretor Acadêmico da FDC-Agroambiental destaca que, quando metas, programas e objetivos são definidos em nível governamental, a execução cabe aos governos estaduais, às prefeituras e o setor privado.
“Ter a ideia de criar uma ponte direta entre os subnacionais, entre os estados da Amazônia e a presidência da COP, foi uma ideia maravilhosa, porque, quando terminar esse processo, que a gente estiver falando de TFFF, ou estiver falando de transição energética, ou estiver falando de novos sistemas logísticos, nós vamos estar falando de Amazônia. E quem deverá cuidar das políticas públicas para dar segurança jurídica e abarcar os investimentos necessários são os estados subnacionais”.
A COP30, que será realizada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro, vai além de um gesto simbólico, afirma Marcello Brito. Para ele, é uma oportunidade de corrigir rota histórica. Ao sediar a conferência no coração da floresta, o Brasil reafirma a importância estratégica da Amazônia para seu próprio projeto de desenvolvimento e para a inserção do país no cenário climático global.
“Fazer uma COP em Belém, mais do que o simbolismo internacional de uma COP da Amazônia, significa a inserção do Brasil na Amazônia e a inserção da Amazônia no Brasil”, diz. “É uma oportunidade até da correção de rota dos modelos de desenvolvimentos que foram praticados e que deverão ser praticados na Amazônia”.
Agricultura na COP30
Para o secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal, a COP30 representa uma oportunidade para o agronegócio brasileiro. “Acredito que nós vamos fazer uma entrega muito substancial, principalmente, nessa estrutura de agricultura e pecuária regenerativa”, destaca. “A COP é uma chance de mostrar que viramos uma chave aqui no Brasil e o agro, a agropecuária brasileira, hoje é vista como uma participante das soluções climáticas”, lembra também.
“Estamos num processo de mutirão, reunindo os principais think tank do Brasil para escrever esse trabalho baseado em ciência, na aplicação da ciência e tecnologia na agricultura brasileira. Então, eu acho que [a COP] será uma vitrine maravilhosa e nós vamos saber utilizar ela em prol, não só do agro, mas dos sistemas alimentares brasileiros”, afirma Marcello Brito.
No tema, ele ainda destaca a importância de ampliar a tecnologia agrícola desenvolvida mundialmente aos pequenos produtores. O Enviado Especial também ressalta que a transição justa deve incluir os sistemas alimentares. “80% dos produtos agrícolas do mundo são de agricultores familiares. Quando a gente fala de transição justa, a gente deve dar a agropecuária um tempo de transição justa, correspondente ao que a gente tem dado para o setor de transporte e para o setor de energia.”
Sistemas alimentares
Brito explica que, hoje, é importante falar de sistema alimentares, pois eles envolvem todos os processos e atores envolvidos da produção, transporte, distribuição, armazenamento, venda, compra e consumo de alimentos, incluindo perdas e desperdício. Para ele, a COP será uma boa vitrine para falar não apenas do agronegócio, mas sim dos sistemas alimentares brasileiros na totalidade.
“Hoje, a gente está falando de sistemas alimentares, porque a gente precisa inserir a indústria nesse processo, serviço e logística. A gente deve discutir muito seriamente o desperdício. É inaceitável que, ainda hoje, a gente perca 30% de tudo que a gente produz em alguma etapa da cadeia. Ou se perde na logística da fazenda para a indústria, ou da indústria para o supermercado, ou do supermercado para a residência, mas a grande perda são nas residências.”
Enviados Especiais
A Presidência da COP selecionou 29 Enviados Especiais que apoiarão no engajamento e na escuta de setores e regiões prioritárias para o sucesso da conferência. Os Enviados, que atuam voluntariamente e em caráter pessoal, foram escolhidos por serem atores de relevância e credenciados em suas respectivas áreas. Ao todo, são sete enviados internacionais e 22 enviados nacionais.
Eles representam um dos interlocutores para o fluxo de informações e percepções das áreas que representam, o que permitirá que as interações ocorram de forma mais rápida e eficaz. Também funcionarão como canal direto para apresentar demandas e pedidos para a Presidência da COP30, atuando como ponto de contato com os setores e regiões.
Brito conta da “grata surpresa” ao ser convidado pela Presidência da COP30 para cumprir a missão, uma vez que o mote do Consórcio da Amazônia é a colaboração pré-competitiva. “Como nós descrevemos lá no Consórcio, nada mais é do que um trabalho em mutirão como preconizado pelo nosso presidente André Corrêa do Lago e pela nossa CEO Ana Toni. Então, é uma continuidade muito salutar do nosso trabalho e a melhoria das relações entre a direção da COP, o Governo Federal e os estados da Amazônia Legal do Brasil.”