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De Kalundborg a Recife: A nova era das cidades circulares 

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Nossa missão é semear informação ambiental de qualidade.

*Por Guilherme Hoppe

A economia circular surge como uma resposta essencial para o desenvolvimento sustentável das cidades, especialmente em um mundo que enfrenta o crescimento populacional acelerado e a urbanização exponencial. As metrópoles modernas estão sob pressão para otimizar o uso de seus recursos naturais e reduzir o desperdício. Nesse contexto, a combinação de estratégias de economia circular e a adoção de tecnologias inteligentes oferecem uma solução integrada, que beneficia tanto o meio ambiente quanto a economia local.

O conceito de economia circular nas cidades depende fortemente da integração das comunidades. Um exemplo claro disso pode ser visto na cidade de Kalundborg, na Dinamarca, onde foi estabelecido um sistema de simbiose industrial. Neste modelo, empresas locais, como uma refinaria de petróleo, uma usina de energia e uma fábrica de gesso, colaboram para compartilhar energia, água e materiais residuais. Esse intercâmbio, facilitado por tecnologias de monitoramento e otimização, reduz significativamente a necessidade de novas matérias-primas e gera benefícios econômicos e ambientais. 

As tecnologias emergentes são fundamentais para viabilizar a economia circular em larga escala nas cidades. A inteligência artificial (IA), por exemplo, tem sido utilizada para otimizar cadeias de produção, prever a demanda por materiais e auxiliar na triagem de resíduos e até mesmo automatizar o processo de coleta e gestão de resíduos. Já a impressão 3D tem permitido que comunidades locais utilizem materiais reciclados para criar produtos sob demanda, reduzindo a necessidade de novas matérias-primas e transporte. 

Em Amsterdã, Países Baixos, o distrito de Buiksloterham foi projetado como um “bairro circular”, onde a economia circular está integrada ao planejamento urbano. Aqui, tecnologias de energia renovável, plataformas digitais e sensores são usados para monitorar o consumo de recursos e a produção de resíduos em tempo real. A colaboração entre os cidadãos, empresas e o governo faz de Buiksloterham um modelo inovador de integração entre tecnologia e sustentabilidade. 

O uso de tecnologias para fomentar a economia circular está se tornando uma prática comum em diversas cidades ao redor do mundo. O Brasil, por exemplo, tem experimentado soluções inovadoras nesse campo. Em Recife, o programa RECICLO utiliza plataformas digitais para engajar os cidadãos no descarte correto de resíduos recicláveis. Aplicativos móveis conectam os moradores a centros de reciclagem e recompensam aqueles que adotam boas práticas de separação de resíduos. 

Os benefícios também são financeiros. Segundo um estudo da consultoria McKinsey, em parceria com a Fundação Ellen MacArthur, a adoção de estratégias circulares poderia resultar em uma redução de custos de 600 bilhões de euros por ano e até 1,8 trilhões de euros em benefícios econômicos na Europa. Além disso, a reciclagem e reutilização de materiais podem criar novas oportunidades de emprego e fortalecer o mercado local.

Por fim, precisamos entender que o futuro das cidades está diretamente ligado à forma como gerenciamos nossos recursos e adotamos tecnologias que facilitam a transição para um modelo circular. Os exemplos de Kalundborg, Amsterdã e Recife mostram como a integração de tecnologias com práticas circulares pode transformar a maneira como vivemos e trabalhamos, trazendo benefícios duradouros para as metrópoles e para o planeta. 

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*Guilherme Hoppe é um profissional com mais de 15 anos de experiência no desenvolvimento de ecossistemas de inovação e na coordenação de ações integradas entre o poder público e a sociedade civil. Após migrar da administração de empresas tradicionais para focar no desenvolvimento de comunidades inovadoras e sustentáveis, coordenou uma agenda estratégica de desenvolvimento municipal por 10 anos no Rio Grande do Sul, resultando na revitalização de instituições, renovação de lideranças, realização de projetos e estruturação de novos instrumentos de governança social. Atualmente é Coordenador de Inovação no Ibrawork, um hub de inovação aberta com foco em smart cities que realiza programas, eventos e competições em diversas áreas, promovendo a internacionalização de startups brasileiras.

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