Por Marina Silva
Fico feliz e celebro a escolha do tema da Campanha da Fraternidade definido pela CNBB para este ano: Ecologia Integral. Os sofrimentos causados pela crise climática convocam-nos a unir forças para enfrentar o maior de todos os desafios, a grave ameaça de destruição das condições de vida na Terra. O lema da campanha nos remete ao início da Criação, quando Deus, no sexto dia, “viu que tudo era bom”. No íntimo de nossa consciência sabemos que não cumprimos o mandato divino de cuidar e cultivar, por isso agora nos cabe uma tarefa adicional: restaurar.
Não é necessário ser católico para acolher o alerta feito pelo Papa Francisco na encíclica Laudato Si, que agora completa dez anos. Nem mesmo é necessário ser cristão para ouvir o clamor dos milhões de refugiados ambientais, que perderam seus bens e as vidas de seus entes queridos nos desastres que vivemos. Até os que não tem qualquer crença sabem o que os cientistas avisaram e o senso comum já observa no dia-a-dia: ou paramos de destruir a Natureza ou viveremos tempos cada vez mais difíceis, aos quais talvez nem a espécie humana sobreviva.
Mas é necessário, sim, crer que existe esperança e que podemos superar a crise. Eis aqui a força da fé, luz na escuridão. E os que creem são fermento, são os que despertam e mobilizam seus semelhantes. São a força moral para uma mudança na civilização, urgente e necessária.