A Rio Ocean Week 2025 terminou neste domingo (26/10/2025) com uma mensagem de urgência e esperança pela preservação dos oceanos. O evento, que reuniu mais de oito mil pessoas ao longo da semana no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, encerrou sua programação com arte, música, ciência e ativismo — reafirmando a importância de colocar o oceano no centro da agenda climática global.
O grande destaque do dia foi a exibição do documentário “Watson”, que retrata a trajetória corajosa e revolucionária de Paul Watson, cofundador do Greenpeace e fundador da Sea Shepherd, um dos movimentos mais influentes do mundo na defesa da vida marinha.
Devido a um imprevisto logístico no embarque aéreo, Watson não conseguiu chegar ao Brasil, mas enviou uma mensagem exibida durante o encerramento do evento. Em seu vídeo, o ativista fez um alerta contundente sobre a crise oceânica e, em especial, sobre a pesca predatória do krill na Antártida.
“Nosso oceano está morrendo. Há uma diminuição generalizada de todas as espécies e uma das preocupações mais sérias para mim é o fato de que estamos retirando muito krill do Oceano Antártico: 650 mil toneladas métricas que ultrapassaram a cota este ano, sem quaisquer consequências legais. Isso representa toneladas de alimento retiradas das baleias, dos pinguins, dos peixes e dos pássaros, sem outro propósito senão alimentar salmões criados em fazendas de aquicultura. Temos que olhar para isso. Nosso plano é confrontar a pesca de krill em 20 de fevereiro de 2026, quando entra em vigor o Tratado do Alto Mar sobre a biodiversidade marinha”, ressaltou Paul Watson.
Veja a mensagem completa de Paul Watson
Após a exibição do filme, a jornalista Sonia Bridi conversou com Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil, que falou sobre sua trajetória ao lado de Paul Watson e os projetos da organização no país, incluindo as ações de proteção aos botos da Amazônia e aos tubarões brasileiros.
“O oceano é essencial para a nossa sobrevivência. Ele regula o clima, produz o oxigênio que respiramos e abriga uma diversidade de vida que sustenta todo o planeta. Mas ainda existe uma desconexão perigosa entre as pessoas e o oceano — tratamos o mar como um depósito do que não queremos ver e como um supermercado inesgotável. Precisamos mudar essa visão e entender que sem o oceano saudável, não há vida possível na Terra”, afirmou Nathalie.
O professor Alexander Turra, coordenador da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, reforçou o simbolismo de encerrar o evento com uma mensagem de mobilização global.
“A fala de Paul Watson sintetiza o espírito da Rio Ocean Week: transformar consciência em ação. Precisamos levar a pauta do oceano para o centro das decisões políticas, econômicas e sociais — do local ao global. O futuro do planeta depende diretamente da saúde do oceano”, destacou Turra.
Celebração e consciência marcam o último dia
O domingo também foi marcado pela continuidade da série “Gente do Mar”, com histórias inspiradoras de quem vive e trabalha pelo oceano. Entre os participantes estiveram a atleta de águas abertas Thais Sant’Ana, o Almirante Ilques (Marinha do Brasil), o ambientalista Marcelo Ottoni, a bióloga Luiza Perin e a mergulhadora Karol Meyer.
O Cinema Comentado apresentou produções sobre biodiversidade marinha, Amazônia Azul e pesca sustentável, enquanto as exposições e atividades interativas no Cais do Porto, na Arena e no Mar de Livros mantiveram o público engajado até o fim da tarde.
O evento terminou em clima de celebração com o cortejo do projeto Girô, que levou dança, música e cultura popular do Museu do Amanhã à Praça Mauá, encerrando a Rio Ocean Week em ritmo de festa, emoção e esperança.
Os painéis transmitidos ao vivo estão disponíveis no canal do Youtube da Cátedra Unesco. Acesse aqui: https://www.youtube.com/@catedraunescooceano
MANIFESTO PELO FUTURO DO OCEANO
A Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, vinculada à Universidade de São Paulo (USP), lançou o Manifesto pelo Futuro do Oceano, um chamado global para que o oceano ganhe protagonismo nas decisões sobre o clima — especialmente na COP30, que será realizada em Belém do Pará. A iniciativa marca o início de uma ampla mobilização nacional e internacional pela proteção do ambiente marinho e está no centro da programação da Rio Ocean Week 2025.
“Mais do que palavras, o manifesto é um instrumento de pressão democrática. É a sociedade dizendo, em uma só voz: proteger o oceano é proteger a vida”, destaca o professor Alexander Turra, coordenador da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano.
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