Por Gianna-Carina Grün, Rodrigo Menegat Schuinski e Holly Young
Enquanto líderes mundiais se reúnem no Brasil para a Conferência do Clima da ONU, a COP30 em Belém, aumenta a pressão por soluções para conter as mudanças climáticas, que estão causando estragos ao redor do mundo.
Trinta anos após o primeiro evento da COP em Berlim ter soado o alarme climático, as emissões continuam atingindo níveis recordes. Aqui está um resumo de quanto o aquecimento global já mudou o planeta.
#1 Quais regiões emitem mais CO2?
Governos de todo o mundo têm se comprometido a tornar suas economias neutras em carbono em um período de dez a 30 anos. Se, por um lado, as emissões estão mais estáveis na Europa e nas Américas, elas vêm aumentando na Ásia e na África. O gráfico a seguir indica o quanto seria necessário mudar na economia para alcançar a neutralidade em carbono.

As emissões absolutas, no entanto, contam apenas uma parte da história. Com um crescimento exponencial da população em muitos países asiáticos, o número de consumidores também tem aumentado.

Se analisadas as emissões per capita de CO2, portanto, o quadro é muito diferente. Esse conceito, que faz uma média entre emissões e número de habitantes, coloca em evidência países ocidentais como os Estados Unidos e a Austrália, além de Rússia, Arábia Saudita, Omã, Catar e Mongólia.
Em um debate a respeito de quem deve contribuir mais para a redução de emissões, especialistas argumentam que nem todos os países podem ser considerados igualmente responsáveis, já que o poder econômico e a riqueza deveriam ser levados em conta.
Se as nações forem agrupadas por renda (veja abaixo), há uma conexão entre níveis salariais mais altos e emissões per capita mais elevadas. Isso também revela como os países dentro de cada grupo são variados e que, quanto maior a renda, maior é o destaque entre todo o espectro de emissões.
Países com altos salários e grandes taxas de emissões de gases, como o Catar, emitem muito mais CO2 per capita do que países como Alemanha e França, mesmo que estejam no mesmo nível de renda salarial.
Emissões de CO2 per capita e por grupo de renda
Entre os países mais ricos, as emissões de CO2 per capita variam muito, enquanto que os grupos com rendimentos mais baixos tendem a ter, em geral, emissões de CO2 per capita mais baixas.

E embora países como Índia e China não figurem entre os líderes de emissões per capita, suas políticas têm um grande impacto, dado suas altas densidades populacionais.
#2 Quais são as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa?
O setor energético é responsável pela maior fatia das emissões (29%). Se analisada a correlação entre o potencial econômico e as emissões de CO2, não surpreende que o setor industrial seja responsável por uma das maiores cotas (22%) dos gases de efeito estufa – incluindo metano e óxido nitroso – liberados na atmosfera.

As florestas são vitais para a estabilidade do clima. Elas são conhecidas como “sumidouros de carbono” por sua capacidade de absorver grandes quantidades de CO2 da atmosfera, que ficam armazenadas em suas árvores e no solo. Esse carbono é então liberado na atmosfera quando as florestas são cortadas, queimadas ou degradadas.
Nas últimas duas décadas, o montante anual de áreas verdes devastadas cresceu gradualmente. Rússia, Brasil e Canadá lideraram esse quesito em 2024.

#3 Como as emissões de CO2 se desenvolveram nos últimos séculos?
As emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis fósseis têm aumentado desde o início da industrialização. Entretanto, como níveis mais altos de dióxido de carbono foram produzidos, a Terra absorveu esses gases em “reservatórios naturais de carbono”, a exemplo de florestas e oceanos.
Uma vez que a humanidade começou a produzir mais CO2 e outros gases de efeito estufa do que o ecossistema da Terra poderia absorver, mais dessas emissões ficaram retidas na atmosfera (área vermelha no gráfico abaixo).

#4 Quanto o mundo já aqueceu?
O crescente volume de partículas de CO2 retém o calor da luz solar na atmosfera, agindo como uma estufa, na qual se aquece cada vez mais. Em comparação com o século 20 – e os últimos cinco anos em particular – a temperatura média global aumentou quase 1,3 °C.

Em nível local ou para meses individuais, a diferença pode ser muito maior. Um exemplo mais concreto: setembro de 2025 foi quase 2 °C mais quente que setembro de 1956.

Os aumentos de temperatura levam a efeitos potencialmente abrangentes: desde áreas de calor insuportável a perdas de colheitas, até eventos como tempestades e enchentes. Entre os impactos mais perceptíveis está a elevação do nível do mar, resultante do derretimento de geleiras que aumentam a quantidade total de água nos oceanos.
#5 Afinal, quanto o nível dos oceanos já subiu?
Conforme dados compilados pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), agência de pesquisa climática do governo dos Estados Unidos, o nível dos oceanos subiu em torno de 25 centímetros nos últimos 140 anos. Cerca de um terço desse aumento ocorreu apenas nos últimos 15 anos.

O aumento no nível dos oceanos tem ocorrido em todo o mundo, mas é mais acentuado no Ártico, que está aquecendo mais rapidamente do que outras regiões.
A propriedade térmica da água, que permite sua expansão quando mais quente, também está contribuindo para a elevação do nível do mar.

Como de costume, há uma ressalva para os números absolutos. Enquanto a maioria dos oceanos e mares estão em seus mais altos níveis históricos, algumas áreas são mais afetadas do que outras.
No oeste do Canadá e no norte do Chile, observa-se uma maior estabilidade ou mesmo um retrocesso (queda no nível da maré). Já países insulares no sul dos oceanos Pacífico e Índico testemunham aumentos alarmantes, o que pode levá-los a desaparecer sob as ondas.



