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Rio Paraíba do Sul, entre Além Paraíba e Sapucaia, está tomado de algas devido o baixo nível de suas águas

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O aumento da população de micro e macroalgas e também dos vegetais aquáticos indica desequilíbrio ambiental e pode resultar em uma grande catástrofe.

* Por Flávio Henrique Fernandes, no Jornal Além Parahyba

O Rio Paraíba do Sul, em especial no trecho compreendido entre  Além Paraíba e Sapucaia, está com suas águas literalmente tomadas de algas, daí apresentando uma coloração esverdeada.

Tal situação, que deveria ser de grande preocupação dos serviços públicos, até mesmo privados, é de grande ameaça para o ecossistema do importante rio que marca toda a extensão da divisa entre o município alemparaibano e o vizinho Estado do Rio de Janeiro, e se distingue principalmente pela poluição orgânica, que decorre principalmente do lançamento de esgotos, o que ocasiona no aumento da concentração de elementos como nitrogênio e fósforo, nutrientes fundamentais para o crescimento dos vegetais, mas que, em excesso, podem ocasionar um fenômeno chamado eutrofização.

Sobre a situação que envolve o trecho do Rio Paraíba do Sul citado, inclusive no lago formado pela represa de Furnas no distrito sapucaiense de Anta, que tem grande extensão tomada por algas, algo deveria ser feito, tanto pelos órgãos ambientais municipais de Além Paraíba e Sapucaia, em especial pela empresa Furnas Centrais Elétricas, a esta sendo sugerido que pelo menos uma vez a cada semana, devido o baixo nível das águas do importante rio, fossem abertas as comportas em Anta para que pelo menos parte dessas algas diminuíssem.

O que é eutrofização

A eutrofização na água é o aumento da biomassa das micro e macroalgas e dos vegetais aquáticos. No caso das microalgas, o aumento é muitas vezes percebido pela mudança na turbidez e cor da água, que pode ficar verde, marrom ou vermelha, dependendo da espécie dominante. Os vegetais aquáticos também podem se desenvolver muito, chegando a cobrir a superfície da água – algo mais evidente em corpos de água mais fechados como baías, lagos ou represas. Essa paisagem pode até agradar aos olhos, mas, na verdade, é um indicativo de desequilíbrio no ambiente.

Além de alterações na qualidade da água (cor, turbidez, odor), a eutrofização provoca diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido – tanto por redução da fotossíntese, em razão de menor penetração da luz na água; quanto pelo maior consumo do oxigênio nos processos de decomposição do material orgânico vivo ou morto. Há de se considerar ainda o favorecimento das chamadas espécies oportunistas, que conseguem utilizar rapidamente esses estoques de nutrientes e crescer de maneira muito acelerada, fenômeno conhecido como floração.

As florações de sargaço, por exemplo, alga parda de grande porte, estão afetando as praias do Caribe e da Flórida, causando danos às áreas costeiras e ao turismo da região. Pesquisadores ainda não identificaram a origem dos nutrientes que estimulam essas florações em específico, mas especulam que boa parcela seja oriunda das águas da Bacia Amazônica, cujos rios vêm sendo eutrofizados por conta dos fertilizantes utilizados na agricultura. Este é um exemplo de como as ações locais podem se tornar problemas globais.

Outro ponto relevante relacionado à eutrofização é que algumas espécies de microalgas, especialmente os dinoflagelados, têm capacidade de produzir toxinas, que são liberadas na água ou se acumulam nos organismos que as consomem. Por meio da alimentação, essas toxinas podem chegar à espécie humana, causando distúrbios diarreicos, neurotóxicos, paralisantes e amnésicos. Dependendo da intensidade da floração e dos níveis de toxinas produzidos pelas microalgas, pode haver uma mortalidade em massa da biota aquática, as chamadas marés vermelhas. 

A eutrofização pode resultar em uma grande catástrofe, por causar a modificação do ambiente e geralmente a morte de muitos organismos, podendo culminar na extinção de espécies endêmicas. O despejo de esgotos determina o aparecimento de “zonas mortas” – ou seja, áreas sem organismos vivos instalados. Tal cenário indica que a capacidade de diluição e de autodepuração das águas têm limites, que já foram ultrapassados em alguns locais.

Fonte: Sobre o fenômeno eutrofização com informações do site

Ciência Hoje – https://cienciahoje.org.br/artigo/o-perigo-das-algas/

Flávia Saldanha-Corrêa (USP) e Tássia Oliveira Biazon

 (Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano)

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