Lúcia Chayb e René Capriles || REVISTA ECO21
Na última semana do mês passado (Setembro) o PNUMA divulgou um resumo do Relatório de Emissões (Emission Gap Report), documento que durante 10 anos reuniu cientistas de todo o mundo para fazer uma retrospectiva das emissões dos Gases de Efeito Estufa. “A última década não trouxe a queda nas emissões de Gases de Efeito Estufa que queríamos, isso é verdade; mas, de várias maneiras, estamos num lugar melhor do que há dez anos; houve grandes avanços na conscientização, na tecnologia e na vontade de agir, isso significa que agora estamos prontos para reduzir rapidamente as emissões”, disse Inger Andersen, Diretora-Executiva do PNUMA.
A versão final do Emission Gap Report, a décima edição, será divulgada no próximo mês (Novembro). Nele serão detalhados os cortes necessários das emissões anuais para cumprir as metas do Acordo de Paris. Ele também será uma das referências para os debates da COP-25.
Um dos cientistas que trabalhou no informe disse: “o Relatório contém um capítulo sobre o G20 onde se constata que os países responsáveis por 80% das emissões de GEE não estão assumindo compromissos climáticos transformadores na amplitude e escala necessárias”. No entanto, o capítulo conclui que existem mais oportunidades de ação do que nunca e direciona os membros do G20 para ações nacionalmente apropriadas que podem ser tomadas para aumentar a ação e a ambição. O texto do G20 esclarece que cerca de 7.000 cidades de 133 países e 6.000 empresas com receita de pelo menos US$ 36 trilhões já se comprometeram em baixar suas emissões. Andersen acrescentou que “a tecnologia para reduzir de forma rápida e econômica as emissões melhorou significativamente. A energia renovável é um exemplo perfeito, seu crescimento explosivo significa que a energia limpa evitou a emissão de aproximadamente dois bilhões de toneladas de dióxido de carbono em 2017, pois forneceu cerca de 12% do suprimento global de eletricidade; a instalação de tecnologias agora está mais barata do que nunca”.
Uma das consequências da posição do G20 repercutiu na U.S. Chamber of Commerce, que é um dos grupos de lobby mais poderosos do mundo, famosa pela sua agenda anticlimática. Durante anos, a Câmara de Comércio dos EUA gastou milhões de dólares influenciando as eleições para a Casa Branca; lutou acirradamente contra Obama e pela regulamentação de leis mais fracas sobre o carbono; também exerçeu influência na revogação do Plano de Energia Limpa e na retirada dos EUA do Acordo de Paris. Isso foi até agora.
Recentemente, poucos dias antes de Trump dar o passo formal para retirar os EUA do Acordo de Paris, a U.S. Chamber of Commerce surpreendentemente mudou de posição e atualizou sua visão sobre as mudanças climáticas afirmando que “uma maior colaboração entre governos e empresas é essencial para criar os melhores modelos e assim enfrentar os desafios climáticos, é por isso que a Câmara apoia a participação dos EUA no Acordo de Paris”.
Esta visão dá continuidade a outras ações da Câmara nos últimos meses que refletem sua mudança de postura; em Abril publicou no seu site: “Nosso clima está mudando e os humanos estão contribuindo para essas mudanças. A inação simplesmente não é uma opção”. Em Agosto, a direção da Câmara escreveu uma carta às autoridades federais e da Califórnia em apoio ao aumento dos padrões nacionais de controle das emissões de veículos.
É claro que a Câmara tomou nota da crescente ansiedade da comunidade empresarial sobre as mudanças climáticas e do apoio à legislação para fazer algo a respeito. A questão agora é saber se isso mudará sua abordagem no Capitólio.
As próximas eleições nos EUA contarão com um grupo climático democrata que busca concretizar o Green New Deal para salvar o país e o mundo.
Gaia Viverá!